segunda-feira, 27 de abril de 2020

Perdas e danos


* Publicado hoje em coletiva.net
Que tempos vivemos, que tempos! Em meio as trágicas informações sobre a evolução da  pandemia, recebo outras, tão desanimadoras quanto, que me tocam pessoalmente: tenho perdido amigos  e conhecidos na média de dois a cada semana. A causa mortis é o que menos importa  no momento, mas a dor da perda é amplificada pelas impossibilidades da despedida aos que  se vão e da troca solidária de um abraço com os amigos comuns. O vírus inimigo nos impõe mais essa privação.

As restrições ao trabalho, frequentemente com ameaças e agressões, daqueles que estão na linha de frente do jornalismo, é outro efeito  perverso destes tempos controversos. Não falta quem queira transformar  liberdade de expressão em uma mera retórica expressão.  Até o Facebook, sabe-se lá com quais critérios, tem promovido censura em postagens que lhe desagradam. Trata-se, provavelmente, de mau uso da inteligência artificial, delegando a um robô o poder e a decisão de censurar, possibilidades pra lá de assustadoras.

E tem ainda a ameaça permanente da extinção de jornais ou da migração para a plataforma digital, o que representa sempre o fim de postos de trabalho para os jornalistas e outras categorias, sem contar os “passaralhos”, como o que passou pela RBS na ultima semana. A sobrevivência da empresa – e não apenas na área da Comunicação - passa a ser prioritária em relação aos seus profissionais, porque os chamados recursos humanos são um insumo caro nestes tempos de  perdas e danos. E o que é pior: não tem volta. A grande revolução pós pandemia já estava em curso e o foco são as relações de trabalho.

Deixo o aprofundamento do tema  para os especialistas,  porque a mim só resta aquela  solidariedade que nada resolve e o refúgio numa taça de vinho, enquanto ainda posso ter vinho para buscar refúgio.

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