sexta-feira, 25 de junho de 2021

Folhetim: A moça do supermercado - Capítulo 16

 *  Quase baseado na vida real.

Quando acordou já era dia claro, Adalbertinho estava completamente despido na cama e não havia ninguém a seu lado, embora a o travesseiros  e os lençóis  aparentassem ter sido usados por ali. No banheiro, os respingos no chão do box indicavam que a ducha fora acionada.  No corredor, só as roupas dele permaneciam espalhadas pelo chão.

Angustiado e atônito, disparou até a porta da frente, mas ela estava trancada por dentro. Vestiu-se rapidamente e correu para o supermercado, mas a moça não estava lá e não adiantou perguntar para as outras funcionárias porque nenhuma delas conhecia Alexia. 

- Pergunta ali pro Naldo, o nosso  supervisor,- sugeriu uma delas. “Sempre tem gente nova por  aqui”.

(“Então se existe um Naldo, Alexia deve existir também”), animou-se pela primeira vez.

- Não sei de nenhuma Alexia que tenha trabalhado aqui. Agora se me der licença, preciso fazer meu serviço,-  justificou rispidamente o supervisor.

Cada vez mais pasmado, rumou a toda a velocidade para a casa dela e, coração na boca, bateu a porta uma, duas, três vezes, até aparecer um moreno alto, bombado e com cara de poucos amigos.

-  Carlão! Onde está Alexia? Tu não machucou ela, né?

- Do que está falando? Donde a gente se conhece? E quem é Alexia?

- Alexia, a garota que mora aqui com a mãe, dona Suellen.

- Cidadão, eu moro aqui toda a vida com minha família e não sei quem é essa gente. Agora, retire-se antes que eu me irrite com sua importunação.

Agora, o depressão tomara conta do professor. Sua musa sumira ou sequer existira. Foi inevitável lembrar  dos filmes que exibiam situações semelhantes,  em que protagonistas simplesmente desapareciam, ou porque estavam envolvidos numa grande conspiração (“Alexia numa conspiração? Não,não,não!”) ou porque partiam para  outra dimensão (“Não, isso não existe!”) ou porque tudo não passara de um sonho, de uma alucinação (“Não é possível, era tudo tão real!”).

O que teria acontecido com Alexia?

(continua)

sábado, 19 de junho de 2021

Folhetim: A moça do supermercado -Capítulo 15

 *Inspirado em fatos quase verdadeiros.

O jantar de aniversário, acompanhado de espumante rosé, fizera o efeito desejado. Alexia agora trocava carícias no carro, a caminho do apartamento do professor. Como era uma estreia, ele  teve o cuidado de ingerir, ainda no restaurante, um  aditivo, aquela pílula azul, que guardara zelosamente para a ocasião. Estava a mil e a moça também. A entrada no apartamento foi como nos filmes, muito agarramento desde a porta e roupas sendo descartadas pelo  corredor rumo ao quarto.

Chegaram já sem roupa  junto a cama, excitadíssimos e tudo o que ele imaginara era realidade: estava diante de uma obra de arte em forma de 19 aninhos de mulher. Nem precisaria de aditivo, mas temia que a ansiedade pela espera desse momento pudesse afetar seu desempenho. 

Alexia estava ali, junto dele, disponível, pronta para realizar todas as suas fantasias. O corpo, bem esculpido, era moreno e acima dos seios firmes sobressaia-se a tatuagem icônica, Rapaki e foi por ela que o professor começou a cobri-la de beijos, enquanto falava baixinho: “Parece que estou sonhando, parece que estou sonhando.”

Em meio a excitação, ela fez apenas uma exigência: que usasse camisinha. Depois disso, a entrega foi total.

- Agora vou mostrar como sei fazer coisas que nem dá pra imaginar!,- avisou.

Então, assumiu ela como professora, comandando todas as ações e posições, diante de um aluno surpreso com a desenvoltura dela, mas plenamente satisfeito com as iniciativas. “Parece que estou sonhando”, repetia.

- Vamos de novo?!- pediu ela.

Sim, a noite era criança.

domingo, 13 de junho de 2021

A divina comédia do esporte

 Foi assim que o talentoso Nilson Souza, a  quem pedi  ajuda, sugeriu como mote para a campanha dos 30 anos do Sala de Redação, em 1991. E, claro,  a sugestão foi adotada e  encimou todas as peças para homenagear os profissionais e empresas vinculadas, na época , a este programa icônico. Nilson se inspirou em Dante Alighieri e brincou com textos bíblicos para personalizar cada placa a ser entregue, entre elas a da foto, ao sr. Corá, diretor da Antártica, patrocinadora do programa. O Sérgio Cunha, diretor  comercial da rádio, acompanhado do Claudinho Pereira (pena, não aparecem na foto) foram elogiosos ao rápido discurso deste que vos fala, assim: “Essa é a homenagem do melhor programa de rádio do Rio Grande à melhor cerveja do Brasil”. Senti que o sr. Corá também gostou.

Como gerente de esportes da Rádio Gaúcha naquele período participei ativamente dos  festejos, que  culminaram com uma noitada no Le Club, principal casa noturna de então, tendo como atração musical um showzaço da Alcione e banda. Sim, o Paulo Sant’Anna subiu ao palco e cantou  alguns sucessos junto com a Marron. A ausência sentida  foi do Ibsen Pinheiro, que era o presidente da Câmara Federal e não conseguiu se ausentar de Brasília, participando  do evento por  meio de uma mensagem em áudio.

Lembro  desses detalhes agora que o icônico Sala de Redação celebra seus 50 anos.  Mas minha relação com o programa data de bem antes, remontando a minha primeira das três passagens pela Zero Hora, nos idos de 1972,  quando bisbilhotava pelo aquário do pequeno estúdio  instalado junto à redação, os debates comandados  pelo mestre Cândido Norberto. Se a memória não me trai os outros participantes eram o  Ibsen, o Oswaldo Rolla, e os repórteres Cláudio Britto e Valtair Santos. O Sala foi o embrião da equipe que mais tarde garantiu a volta da Rádio Gaúcha às transmissões esportivas.

Mesmo sob pena de cometer omissões quanto a nomes importantes que abrilhantaram o programa ao longo dos 50 anos, destaco que acompanhei mais de perto a formação clássica do que seria a segunda fase do Sala, já sem o Cândido, e com o Ruy Ostermann no comando, mais Sant’Anna, Lauro Quadros, Kenny Braga, Cláudio Cabral (legítimo sucessor do velho Cid Pinheiro  Cabral), Wianey Carlet e eventuais agregados, como o Renato Marsiglia.  O Belmonte também comandou o programa por um bom período.

Não foram poucas as vezes nos sete anos como gerente de esportes em que acompanhei  o grande Armindo Antônio Ranzolin, chefe da equipe e diretor  da Gaúcha, sendo obrigado a intervir  para harmonizar o pessoal do Sala, após uma discussão mais áspera, resultado do enfrentamento de teses antagônicas sobre as emocionais questões futebolísticas neste nosso Rio Grande grenalizado. Por cerca de 30 dias o ambiente ficava pacificado, mas em seguida voltavam as tensões.  Era assim o processo de então, inevitável num programa que sempre foi um encontro, ou melhor, um desencontro de grandes egos.

Hoje o programa está mais civilizado, mais  leve por assim dizer e rejuvenescido nos seus participantes, com mais teses esportivas e menos polêmicas. Há quem sinta saudades dos grandes enroscos do passado, como bem lembrava o Duda Garbi, em suas impagáveis imitações do Sant’Ana, o principal contendor das grandes “brigas” ocorridas ali entre  13h e 14 h nos estúdios da Gaúcha.

A verdade é que o  Sala de Redação não é e nunca foi apenas um espaço radiofônico de debates esportivos. O Sala é e sempre foi muito mais  do que isso. É um acontecimento diário de segunda a sexta-feira, é a pauta do cotidiano e não apenas na área esportiva, é embate acirrado e humor que ameniza, é longevidade que se renova, é descompromisso e certezas, é contrariedade e fidelidade do seu público, é tese de mestrado e assunto de boteco. O Sala  de Redação é múltiplo, mas é simplesmente O Sala, “uma entidade”, como bem definiu seu atual comandante,  o também múltiplo Pedro Ernesto Denardin,

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Folhetim: A moça do supermercado - Capítulo 14

 * Ainda inspirada  em fatos do cotidiano.

No restaurante onde comemoravam o aniversário de Alexia, o casal foi interrompido nos seus colóquios por um chamado inconveniente:

-  Professor Adalberto, o senhor por aqui. Quanto tempo?!

A moça expansiva era Maria Cláudia, ex-aluna que em tempos idos merecia um assédio e agora aparecia acompanhada de outra moça, bem mais jovem e, esta sim, ainda valeria uma incomodação.

- Essa é a Vanessa, minha namorada,- apresentou Maria Claudia,

Antes que o professor, por reciprocidade, apresentasse sua acompanhante, Maria Cláudia se antecipou:

- Muito bonita sua filha, professor.

- Bem, não é minha filha, mas uma, uma...amiga.- titubeou

- O senhor, hein professor, sempre um galanteador,- completou a inconveniente.

O momento constrangedor, por sorte, não demorou muito, porque logo as duas foram celebrar a diversidade amorosa numa mesa mais retirada.

 - O que ela quis dizer com gal-galen-galeanteador,-´perguntou Alexia, tropeçando no vernáculo,

- Bobagem, vamos brindar.

-  Pôca vergonha essas duas.- ainda resmungou a moça, antes do brinde.

O jantar seguiu sem maiores incidentes e, como sempre, Alexia exercitava sua loquacidade, mais animada do que nunca pelo jantar festivo e pelos brindes com o espumante. Depois da terceira taça, já  estava bem soltinha e pronunciou o que o acompanhante interpretou como um convite:

- A noite é criança, meu professor!

- Vamos, então?!

(continua)

sábado, 5 de junho de 2021

Folhetim: A moça do supermercado - Capítulo 13

 *Mais ou menos inspirado na vida real.

Na carona à casa de Alexia, o professor tomou coragem e propôs que fizessem um programa diferente. A moça questionou o que seria. “Quem sabe um jantar num lugar bacana”, sugeriu ele, sem avançar tanto  quanto preferiria no tal programa diferente.

- Ah, gostaria muito. Semana que vem estou de aniversário e podemos comemorar nesse jantar.

Ponto para o Adalbertinho, que se arriscou  a perguntar a idade da moça, depois de um “não  me leve a mal”.

- Vou fazer 19 anos, 19 aninhos, mas já me sinto mais mulher, por assim dizer, o senhor  entende, né?

- Claro,- limitou-se a responder, procurando entender, sim, o que ela queria  dizer na verdade. “Será  algum recado?”, perguntou-se, bastante inseguro com o rumo da conversa.

No dia do aniversário, o professor foi buscá-la em casa, mas evitou entrar. Ainda estava sestroso com as ameaças  do seu Armando,    que poderia ficar de campana por perto, ele ou o motorista-segurança Carlão. Os pensamentos ruins logo foram substituídos pela presença da aniversariante. Alexia estava deslumbrante como na primeira vez em que ganhara carona para uma festa, no aniversário da amiga Shayene.   Da  porta da casa, Suellen abanou de forma amistosa para o casal.

- A mamis queria vir junto mas convenci ela que não seria legal,-  revelou a moça.

Ponto de novo para Adalbertinho, que chegou a pensar que poderia propor uma menage a trois se Suellen estivesse presente, mas afastou a ideia  maliciosa e  se concentrou na conquista de Alexia.

- Hoje vamos brindar com um espumante. O que preferes?

- Ah, eu gosto daqueles mais docinhos, de cor rosinha.

-  Ok, boa pedida. Garçom, traz um moscatel rosé.

- Ái, tô me  sentindo uma princesa!

- Minha princesa!,- avançou o professor.

A manobra incisiva dele, entretanto, foi interrompida por uma interferência absolutamente inconveniente naquela circunstância:

- Professor Adalberto, o senhor por aqui. Quanto tempo?!