*Publicado nesta data em coletiva.net
Fui me meter a falar sobre uma das minhas bebidas preferidas, na coluna intitulada Princípios para a Escolha do Vinho (Princípios para a escolha do vinho - Coletiva.net - Tá todo mundo aqui.), e acabei provocando reações inesperadas. Um companheiro de outras jornadas disse ter gostado muito do texto, mas me acusou de ser conservador nos meus gostos, talvez porque tenha excluído das mesas que frequento os vinhos rosê e os suaves. Como me apresentei como enófilo, aquele que gosta de vinhos, minhas preferências, menos baseadas na degustação e mais nas embalagens do produto, muita gente interagiu. Houve quem assumisse minhas referências para a aquisição e o consumo da bebida e também quem defendesse o abominável vinho em caixinha.
A mais surpreendente
intervenção foi da jornalista Ângela Baldino, moça de gostos refinados, grandes
conhecimentos vinícolas e ampla inserção social. Pois a categorizada
profissional propôs um desafio prosaico: qual o melhor saca-rolhas? Confesso
que este equipamento periférico nunca fez parte das minhas preocupações
prioritárias, se bem que deveria pela quantidade de rolhas que extrai pela
metade, sem contar as que esfarelaram para o interior das garrafa pelo manejo
inadequado do utensílio.
A proposta da Ângela tem
sua relevância. Afinal, o ritual enofílico começa no enfrentamento entre o
saca-rolhas e aquela cortiça que veda as garradas. Um bom vinho, merece um
eficiente saca-rolhas.
Já tive de variados tipos,
do clássico com dois bracinhos e abridor de garrafas, ao elétrico sem fio. Um
caso a parte é o do tipo coelho, com duas hastes que sugerem as orelhas do
animal. Este saca-rolhas exige especial habilidade no uso e um tutorial para o
encaixe correto na rolha. O que ganhei
de presente durou pouco, ao quebrar uma das orelhas/hastes e me livrar dos
vexames nas tentativas de fazê-lo funcionar. Hoje me basta um simplesinho de
dois estágios, que ainda possui abridor de garrafas e um mini canivete.
Há quem diga que o
saca-rolhas é um símbolo fálico, porque é imbrochável (ou será imbroxável?) e pela
ação de penetrar na rolha, que lembra rola, um dos nomes populares do órgão
sexual feminino. Mas acho que isso é coisa de quem só pensa naquilo.
Bobagens a parte, cada vez que faço um esforço para abrir uma garrafa de
vinho lembro do meu pai que, na falta do utensilio em tempos idos, conseguia extrair
a rolha batendo o vasilhame contra a parede, com um pano ou uma toalha no fundo..
O interior do sapato também funcionava nessa operação. Porém, não recomendo
repeti-la porque o resultado pode ser desastroso para quem não herdou a
destreza do coronel Dastro, que é o meu caso.
Para concluir, já que
estamos tratando desses assuntos vinícolas com bom humor, e atendendo a pauta
proposta pela Ângela Baldino, vou tentar
reproduzir em texto um card que recebi
de um colaborador:
Três senhorinhas estão a
mesa, entornando um tinto, quando uma delas, já inebriada pela bebida,
proclama:
- A VERDADE está no
vinho!
- Sim, mas não sabemos em
que garrafa. Então vamos abrir mais esta! – completa outra parceira, com o
saca-rolhas à mão e rolha já extraída.
Nestes tempos
conturbados, felicidade é isso: um saca-rolhas em ação.