domingo, 20 de janeiro de 2013

Se Curasal fosse um país ou o que faz a ociosidade

Um plebiscito vai propor a independência de Curasal do Brasil.  A ideia é inspirada na revolução Farroupilha, uma vez que a futura capital, a próspera Âncora, nasceu com o nome de Bento Gonçalves e as seis ruas da localidade ganharam nomes de vultos históricos dos farrapos, como Anita Garibaldi, Antonio Neto, Davi Canabarro. 

O novo país será dividido em dois territórios bem definidos: Curasal do Sul e Curasal do Norte, separados pela principal rodovia da região, a Interpraias, que certamente receberá um novo nome. Outros territórios de menor importância serão  Marambaia, Bom Jesus e Curumim na fronteira com Arroio Teixeira, e Figueirinha e Raiante na fronteira com Arroio do Sal.  As duas fronteiras serão fortemente vigiadas porque Curasal já nasce com pretensões expansionistas e tem ocorrido atos de beligerância nos limites com os dois vizinhos. 
Movimentos radicais se preparam para propor ações bélicas visando a anexação de Arroio do Sal e depois Rondinha e Torres, isso litoral acima, e Arroio Teixeira, Capão Novo, Praia do Barco e toda a Capão da Canoa, litoral abaixo, preservando apenas Xangri-lá porque isso não é nome que se dê a uma localidade.  O critério para anexação será o étnico:  praias com pessoal predominantemente da região serrana correm riscos.  Existe até quem advogue que o novo país se chame Gringolândia.

O problema para o enfrentamento com os vizinhos é que as forças armadas de Curasal se resumem a meia dúzia de salva-vidas que serão nacionalizados, tornando-se cidadãos curasalenses. A verdade é que os futuros adversários estão mais bem equipados e provavelmente o governo de Curasal será obrigado a recorrer a mercenários, a exemplo do que fizeram os farroupilhas com Giuseppe Garibaldi.

A Constituição do novo país validará um regime inédito, que será conhecido como Rodízio Democrático, pronunciado com carregado sotaque de gringo. Funciona assim: de seis em seis meses um dos comerciantes da região assume o executivo, enquanto os outros compõem a Câmara de Representantes, que seria uma espécie de legislativo. É a forma engenhosa de valorizar o empreendedorismo e evitar que se eternizem nos cargos. Só não está definido como esse pessoal será eleito, mas aí já é detalhe.
 A Carta Magna, para reforçar o patriotismo da população, vai exigir que todos os órgãos públicos e grandes empresas agreguem o nome do país.  Assim, teremos a Air Curasal (um teco-teco e dois paragliders),  a CurasalNet (distribuidora de sinal de TV), a Olá Curasal (operadora de telefonia celular), a TeleCurasal (principal rede de TV), a RMC (Rede de Metrôs de Curasal), a Loide  Curasal (marinha mercante à serviço dos pescadores) e por aí vai.

Difícil dizer se daria certo, mas que seria divertido, ah,seria!

sábado, 19 de janeiro de 2013

Mulheres misteriosas

Conheço um especialista no sexo feminino que tem uma tese interessante. Acompanhe o relato:

Experimente dizer a uma mulher que ela é um tanto misteriosa. Pronto, pode ser a maior deusa, mas você acaba de atrair a atenção dela, que é o primeiro passo para algo mais insinuante e intenso depois. Mulheres, todas elas, adoram parecer misteriosas, sugerindo esconder grandes e pecaminosos segredos. Porém,  diante da sua afirmação, ela vai abrir um sorriso que se pretende enigmático e responderá questionando: “Misteriosa eu? Nada disso sou a pessoa mais simples que existe.”  Em seguida vai emendar uma série de qualidades que a distingue das outras mortais,  uma vez que tanto quanto se considerar misteriosa, mulher adora falar de si mesmo, admitindo : “Sim,sou um pouco vaidosa”, e aí cai a máscara da misteriosa fake. Mesmo assim, é insistindo no lado misterioso que você vai fisgá-la. Insista, jogue iscas sobre segredos que você gostaria de saber, insinue que você sabe o que ela fez no verão passado e a moça está dominada.  
É o que sustenta o nosso especialista.
Para aprofundar tão palpitante assunto, fui ao mestre Google conferir o verbete Mulheres Misteriosas e fiquei pasmo: são mais de 1,4 milhão de resultados, isso há dois dias. Bota mistério nisso. E eu achando que estava sendo original trazendo o tema a baila. Que nada, tem gente muito mais talentosa futricando no tema e falando à respeito.  Tati Bernardi( www.tatibernardi.com ), por exemplo, diz que é fácil reconhecer a mulher misteriosa: ela jamais vai atender o celular na sua frente; se levanta e vai atender bem longe de voce; numa mesa de bar com conversa animada ela se limita a sorrir; numa festa importante ela se limita a aparecer por minutos  e desaparecer em segundos; em um show ela jamais canta as letras, rebola, comemora, fica suada, aliás, quem é que já encontrou ela em algum show?

Tati Bernardi sabe o que diz por que é mulher e confessa que sempre quis ser dessas mulheres imperfuráveis, inatingíveis, inaudíveis e incompreensíveis, mas nunca conseguiu. “Sofri anos com isso. Até que resolvi conviver de perto com algumas mulheres misteriosas para tentar descobrir o que se passa na cabeça e na alma desses seres incríveis que nunca têm nada a dizer (...). E descobri que a coisa era muito mais simples do que eu imaginava: nada. As mulheres misteriosas, tão admiradas e desejadas, não passam de mulheres sem a menor graça. Elas não calam por mistério, charme ou discrição. Calam porque simplesmente não há nada mais sábio que elas possam fazer”.

A descoberta da blogueira vem ao encontro do que sucedeu com amigo nosso que insistia em convidar uma colega para um happy e quem sabe uma esticada depois. A moça era daquelas que adorava citar Marisa Monte ( 'Eu não sou difícil de ler, faça sua parte ,eu sou daqui, eu não sou de Marte (...) Olha minha cara, é só mistério, não tem segredo’ em Infinito Particular)  e sistematicamente recusava o convite, insinuando compromissos noturnos envoltos em grande mistério.  Certa noite o sujeito resolveu conferir in loco os segredos e ficou de campana próximo a casa da moça. De repente, surge ela, olhar distraído, levando seus quatro cães para passear. Ela não era misteriosa, era solitária.

Falamos das tais mulheres misteriosas, agora se você conhecer homens se fazendo de misterioso, ou o cara é flor de bambi ou está devendo pra Justiça.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O homem que amava joanetes

Por alguma razão que desconheço sou procurado por amigos com histórias exóticas ou escabrosas. E sempre envolvendo o sexo oposto, seus atrativos e defeitos e, digamos, seu potencial na hora do vamos ver. Cada história cabeluda. Mas, apesar da insistência dos bandalhos, vou poupá-los de reproduzir as situações menos nobres e civilizadas.

A verdade é que nem as mulheres escapam de uma ou outra intervenção mais liberal, mais contundente, como a provocada por moças de conduta inatacável, próximas ao blogueiro, que revelaram a preferência feminina por homens que usam aliança. A justificativa tem um quê de psicológico, pois está em jogo uma disputa entre a titular daquele dedo aliançado e a lambisgóia candidata a ser” a outra”. Confesso que fiquei pasmo com a explicação, uma vez que sou casado há séculos e não uso o adereço – e a Santa também não – bah, faz tempo. Isso significa que estou blindado contra assédios, eu que até estava pensando em voltar a usar aliança.

Outro parceiro revelou tempos atrás sua tara por panturrilhas femininas, a popular barriga da perna. A revelação ocorreu quando assistíamos a um programa esportivo e ele comentou que conhecera a apresentadora, moça de dotes interessantes, para em seguida desqualificá-la: “A panturrilha é reta, sem encantos”. Em seguida emendou uma série de predicados sobre panturrilhas bem torneadas e a atração que elas exerciam sobre ele. Como diria o Túlio Milmann, não há o que não haja.

Agora me apareceu outro sujeito com, para mim, uma inusitada preferência: joanetes. O cara é um pedólatra assumido, ou seja, tem fixação nos pés femininos, só que sofisticou o fetiche, segmentando sua tara para o joanete. Como se sabe, o joanete é uma espécie de calo na parte externa do dedão do pé, que pode ser dolorido. As mulheres são mais propensas a terem as tais calosidades. O uso de sapatos de bico fino e de salto alto pode causar o aparecimento do joanete. Pois nosso amigo desenvolveu um carinho todo especial por aquele pequeno promontório nos pés femininos, a tal ponto que caminha pela cidade com os olhos fixados no andar das moças e senhoras. "As sandálias rasteirinhas tem ajudado muito na seleção dos melhores joanetes", comemora.


Só pelo caminhar da futura presa ele é capaz de identificar um joanete que será fonte de muito prazer.  Segundo revela, as que pisam macio não dão caldo, porque provavelmente não sofrem com os joanetes e, assim, não são merecedoras do carinho devotado pelo joaneteiro militante. Fiquei vivamente interessado em aprofundar o assunto, saber como se dava o encontro entre as partes, no caso ele e o joanete, e como se desenvolvia o rola-rola a partir disso. Egoisticamente, o sujeito me sonegou as informações, mas deixou uma mensagem enigmática:


- Melhor que joanete só a massagem tântrica!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Quando vale a pena

Semana passada assisti ao encontro do prefeito  José Fortunati com o jovem Guinther Saibro Vieira, 19 anos  que cursou o POP, o  pré-vestibular gratuito da prefeitura, e fez a proeza de conquistar o primeiro lugar no concorrido vestibular de Engenharia Elétrica da PUC.  Como vocês sabem sou um sujeito rodado, mas me emocionou a simplicidade faceira do rapaz,  que se fez símbolo de superação, diante do reconhecimento do prefeito e dos parceiros no POP (União Estadual de Estudantes e Centro dos Estudantes Universitários de Engenharia).  Mais sensibilizado fiquei  quando soube que todos os 78 estudantes que fizeram o vestibular da PUC foram aprovados.  São casos como esse, em que a soma de esforços garante resultados positivos para uma política pública e muda a vida das pessoas, que fazem valer a pena estar no serviço público.

A  gratificação – e não estou falando em retorno material – por estar a serviço do que é público não chega a ser estimulante diante da abrangência e a proporção das demandas e da impotência para atender a tudo e a todos. Daí a frustração que acomete quem tem consciência do real papel do servidor público e que afeta mesmo os agentes políticos atraídos para o executivo. E é mais frustrante quando se enfrenta outros poderes como a Mídia – acima do bem e do mal e  guardiã de toda a verdade -  e o Ministério Público, que quer governar mais que o governo.  Em nome do papel relevante e absolutamente infalível que se atribuem,  esses dois poderes cometem injustiças, equívocos e sandices que só uma postura arrogante pode explicar.

Até consigo entender o comportamento da Mídia que precisa mostrar que não é oficialista, por isso, se for necessário crucificar alguém a ficha 001 vai para o poder público. Teria vários exemplos para confirmar a afirmativa, mas vou me fixar no mais recente “feito” do MP, em que um dos seus luminares representantes decidiu pedir à Justiça o fim de todas as concessões de táxi em Porto Alegre.  Sem entrar no mérito das situações irregulares que teriam embasado o pedido, vamos combinar que se o pedido fosse considerado pela Justiça – e não o foi, felizmente – provocaria o caos no serviço de táxi da cidade, que já está pressionado para que seja ampliado.   O MP quis dar um choque, justificam os que defendem a judicialização proposta. Bobagem, sandice, despreparo. Remédio que mata o paciente não é remédio, é veneno.
Este desabafo já serve para mitigar o incômodo, dolorido às vezes,  provocado pelas ações dessas poderosas forças externas que, aparentemente, não estão comprometidas com a vida real.  Melhor que isso, só o brilho no olhar do jovem Guinther para renovar nossa confiança e nossa energia. Sim, companheiros, vale a pena.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Esse car... sou eu.

O modelo é 1950, 6.3,  carcaça e peças todas originais, em bom estado de conservação. Ótima série, já está na terceira geração.  Problema antigo, que expelia muita fumaça, já sanado. Pega de primeira, sem  necessidade de aditivos, ainda.Movido a adulações e mimos.  Pronto para novas arrancadas e para proporcionar alegrias e prazer a quem se interessar. Tratar direto com o próprio.
(6 de janeiro de 2013: até aqui, tudo bem!)