terça-feira, 31 de outubro de 2017

Minha lista na Feira

Vem aí mais uma Feira do Livro em Porto Alegre e já reservei os reais que investirei em bons livros, que entrarão na fila para serem consumidos.  Minha lista começa com novos autores, como a jornalista Kátia Hoffman com seu  “Milton Ferreti Jung: gol, gol, gol”, e o ex-companheiro de outras jornadas, Claiton Selistre, e suas “Anotações de um jornalista”, ambos com obras de certa forma  focadas em temas da Comunicação, com  a expectativa  do resgate de boas historias. 

Dividi cigarros, cafezinhos e produções de programas esportivos com o Milton Jung, isso na década de 70 na velha Rádio Guaíba da Caldas Junior. O Milton, para quem não sabe, além da voz que marcou época no Correspondente Renner e nas narrações de futebol  -  onde surgiu o “gol,gol,gol -  é dono de um texto irretocável.  Certamente ele vai estar na sessão de autógrafos marcada para o dia 15/11 às 17h30 e vou aproveitar para abraçá-lo.  Farei o mesmo com o Claiton, que vai autografar no mesmo dia e horário. Atualmente em Santa Catarina, ele construiu uma bem sucedida carreira de gestor em veículos de Comunicação e deve revelar muitos bastidores das suas vivencias com a diversificada fauna da comunicação.  Pelo que me antecipou, uma das histórias em envolve. Reina grande expectativa, como dizíamos antigamente, antes dos grandes jogos.

Estou preparado para prestigiar também o livro de um jovem que vi crescer no jornalismo esportivo e depois em assessorias de imprensa, o Vitor Bley de Moraes que lançou juntamente com  o filho João Vitor, de apenas 9 anos,  o livro "A Magia da Bola de Meia". Já adquiri dois exemplares, devidamente autografados para as netas Maria Clara e Rafaela. Na Feira, a sessão de autógrafos da dupla será no dia 11/11, às 14h30.

Já adquiri também o “Noite Adentro”, do Tailor Diniz, romance ambientado na fronteira Brasil e Uruguai e mais não conto, mas ressalto que seu livro anterior, o suspense  “A superfície da Sombra”  foi transposto para o cinema sob a direção do competente Paulo Nascimento.  Como não pude comparecer ao lançamento vou à sessão de autógrafos de “Noite Adentro”  na Feira dia 8/11, às 19h30.  Pena que não vou poder ir aos autógrafos da queridíssima e agora tele global Claudia Tajes, com seu “Dez (quase) Amores + 10”. Tenho compromisso familiar importantíssimo na mesmo dia e hora – 6/11, às 17h30. Mas o livro da Claudia vai para minha lista, assim como o “Travessia”, da bela e talentosa Letícia Wierzchowski (acertei o sobrenome!), mas não tenho informação se vai ser lançado na Feira.  Se é da Letícia e da Claudia devem ser tudo de bom, como outra potencial aquisição, “O que você nunca deve perguntar a um americano”, do meu cronista preferido, David Coimbra, que também desconheço se estará presente na Feira.
 
Por último reservei uns cobres para levar “Homo Deus, uma breve historia do amanhã”, de Yuval Harari, mesmo autor do mega sucesso “Sapiens, uma breve história da humanidade”, que estou lendo fascinadamente. ‘Homo’ é uma sequencia de “Sapiens” o que por sí só recomenda a compra e a leitura.
 
Só dessa lista acrescentarei oito títulos a minha biblioteca, sem contar os desgarrados que possam me interessar, além de algumas preciosidades que sempre resgato dos balaios de ofertas. Sou, confesso, um acumulador de livros e me angustia pensar que não conseguirei ler todos os que estão na lista de espera. Mesmo que concorde com o slogan da 63ª Feira do Livro de Porto Alegre – “tempo pra ler, todo mundo tem” – o desafio que preciso enfrentar é frequentar menos as redes sociais e dar mais atenção à literatura. Para que isso se concretize, roguemos com fervor.
 
 
 



terça-feira, 24 de outubro de 2017

Histórias Curtas do ViaDutra: Incompetências


“Todo mundo conta os copos que eu bebo, mas não vê os tombos que eu levo!”. Foi assim, recordando um dito popular, que o Ernesto começou a relatar suas desditas amorosas, ele que ganhou fama de pegador, “um autentico crush” como se auto define, forçando uma linguagem descolada. 

Ernesto exemplifica com duas situações em que sua inabilidade e o palavreado inadequado pesaram contra os finalmente de uma conquista.  No primeiro caso, de nada adiantou a insistência dele diante de uma colega de aula e depois de trabalho para que fossem além do coleguismo. E olha que não faltaram oportunidades,  inclusive viagens com a turma, quando o pessoal, de lado a lado, fica mais flexível e receptivo. A moça em questão era um belo exemplar, de estilo germânico. Valia o investimento.

Passam-se os anos e os dois voltam a trabalhar juntos, ambos casados agora, o que não impediu que o Ernesto lembrasse à moça o assédio passado e questionasse,  lastimoso: 

- Por que não deu certo?

- Porque tu eras muito incompetente nas abordagens -, fulminou a moça. 

É preciso muito fortaleza moral e grau máximo de autoestima para não sucumbir a uma sentença dessas. Só que o Ernesto é o que se pode chamar de sujeito resilente, os insucessos o realimentam e funcionam como energia vital para novas investidas. 

Também é verdade que  a maturidade não tornou ele mais competente nas suas relações com o naipe  feminino, conforme o próprio admitiu,  ao recordar o encontro que teve com aquela que ele intitulou de “deusa renovadora das minhas tesões”.  Era o primeiro encontro com a moça, pelo menos 20 anos mais jovem, e o Ernesto estava visivelmente nervoso, tanto assim que cometeu todas as besteiras que não deveria para uma ocasião tão especial:

- Culpa da ansiedade -, justificou o trapalhão. 

Para coroar uma noite que se avizinhava desastrosa, Ernesto foi direto ao ponto, sem sutilezas, depois da segunda taça de vinho: 

- Topas irmos a um motel? 

Para surpresa dele, a moça topou, após ligeira hesitação. 

- Ela confessou depois que teve pena da minha incompetência e apesar do atropelo à etiqueta exigida para essas ocasiões, foi misericordiosa comigo. Misericordiosa, teve compaixão, ela repetiu. Mas confessou também que não  se arrependeu pois eu havia passado com louvor no primeiro teste da cama - ,  vangloria-se o Ernesto, que continua se renovando, pelo menos uma vez por semana com a sua deusa.  

Os  dois episódios me levam a uma reflexão bem basiquinha: a incompetência é  um valor - ou seria desvalor? – relativo. Depende das circunstâncias e da parceria. No primeiro caso, faltou flexibilidade  à moça de  estilo germânico, enquanto a outra companheira foi solidária com o Ernesto, relevou seu surto  de incompetência e não se arrependeu. Claro  que me identifico mais com a segunda que, com  seu gesto magnânimo, acabou vivendo um inesquecível episódio amoroso, enquanto a outra se privou da incerteza que precede às grandes aventuras. Quem se permite, tem meu respeito.




domingo, 8 de outubro de 2017

Se Curasal fosse um país


O texto abaixo não é inédito: foi publicado em janeiro de 2013 e reeditado em outubro de 2014, mas ficou mais atual do que nunca diante do movimento “O Sul é o meu Pais”, que quer separar RS, SC e PR do Brasil. Nada como uma brincadeira para contrapor a uma grande bobagem! Curasal, se fosse um pais, certamente pediria para se separar do Brasil e formar uma federação com o Sul. Mas antes seria necessário constituir esse novo estado soberano. Assim:

Um plebiscito vai propor a independência de Curasal do Brasil.  A ideia é inspirada na Revolução Farroupilha, uma vez que a futura capital, a próspera Âncora, nasceu com o nome de Bento Gonçalves e as seis ruas da localidade ganharam nomes de vultos históricos dos farrapos, como Anita Garibaldi, Antônio Neto, Davi Canabarro.

O novo país será dividido em dois territórios bem definidos: Curasal do Sul e Curasal do Norte, separados pela principal rodovia da região, a Interpraias, que certamente receberá um novo nome. Outros territórios de menor importância serão  Marambaia, Bom Jesus e Curumim na fronteira com Arroio Teixeira, e Figueirinha e Raiante na fronteira com Arroio do Sal.  As duas fronteiras serão fortemente vigiadas porque Curasal já nasce com pretensões expansionistas e tem ocorrido atos de beligerância nos limites com os dois vizinhos.

Movimentos radicais se preparam para propor ações bélicas visando a anexação de Arroio do Sal e depois Rondinha e Torres, isso litoral acima, e Arroio Teixeira, Capão Novo, Praia do Barco e toda a Capão da Canoa, litoral abaixo, preservando apenas Xangri-lá porque isso não é nome que se dê a uma localidade.  O critério para anexação será o étnico:  praias com pessoal predominantemente da região serrana correm riscos.  Existe até quem advogue que o novo país se chame Gringolândia.

O problema para o enfrentamento com os vizinhos é que as forças armadas de Curasal se resumem a meia dúzia de salva-vidas que serão nacionalizados, tornando-se cidadãos curasalenses. A verdade é que os futuros adversários estão mais bem equipados e provavelmente o governo de Curasal será obrigado a recorrer a mercenários, a exemplo do que fizeram os farroupilhas com Giuseppe Garibaldi.

A Constituição do novo país validará um regime inédito, que será conhecido como Rodízio Democrático, pronunciado com carregado sotaque de gringo. Funciona assim: de seis em seis meses um dos comerciantes da região assume o executivo, enquanto os outros compõem a Câmara de Representantes, que seria uma espécie de legislativo. É a forma engenhosa de valorizar o empreendedorismo e evitar que se eternizem nos cargos. Só não está definido como esse pessoal será eleito, mas aí já é detalhe.

 A Carta Magna, para reforçar o patriotismo da população, vai exigir que todos os órgãos públicos e grandes empresas agreguem o nome do país.  Assim, teremos a Air Curasal (um teco-teco e dois paragliders),  a CurasalNet (distribuidora de sinal de TV), a Olá Curasal (operadora de telefonia celular), a TeleCurasal (principal rede de TV), a RMC (Rede de Metrôs de Curasal), a Loide  Curasal (marinha mercante à serviço dos pescadores) e por aí vai.

Difícil dizer se daria certo, mas que seria divertido, ah,seria!