E
independente do tamanho e da origem dos veranistas, os problemas são os mesmos
em todos os balneários: crescimento desordenado, infraestrutura precária,
serviços públicos que deixam a desejar, atendimento pouco qualificado e por ai vai.
Experimente contratar um pedreiro, um pintor, um encanador e você vai ver o que
é bom pra tosse. Primeiro ele precisa aparecer no dia marcado, depois utilizar
os materiais nas quantidades que ele mesmo indicou, nem o dobro a mais nem a
menos e, por fim, entregar o serviço no prazo e na forma como foi acordado.
Experimenta, vai.
Mesmo assim temos uma atração obsessiva para fugir
até litoral. E aí está o outro problema a ser enfrentado: as estradas entupidas, que não dão vencimento
ao volume crescente de veículos, sem contar os Fuscas, as Brasilias, os Corcel
legados pelo século passado e cujos donos e suas famílias se consideram também
filhos de Deus e com direito a salgar o corpitcho e tomar Kaiser à beira mar.
Os despossuídos, pelo menos, não estão nem aí para as dificuldades. Como o macaquinho da velha piada, eles querem
é gozar.
Quem reclama mesmo é aquele pessoal que torce o
nariz para as chinelagens do nosso litoral e vai pra Santa. Os catarinas ardilosamente erigiram uma
barreira na altura de Laguna só para atazanar os chatos dos gaúchos que invadem
suas praias paradisíacas, ao mesmo tempo
em que fazem a alegria dos repórteres de rádio com seus boletins repetitivos
“...neste momento10 quilômetros de congestionamento no acesso a ponte de
Laguna”.
Os gaúchos que reclamam dos
acessos às nossas praias é porque não viveram os veraneios pré Freway , Estrada
do Mar, Rota do Sol e outras vias alimentadoras. Até a década de 70 do século passado
funcionava assim: o carro lotado saia cedo
para a RS 030, também conhecida como Estrada Velha que vai de Gravataí e Santo
Antonio e Osório, e dali acessa
Tramandaí. Ou mais ao Sul pela estrada
que passa por Viamão e vai a Cidreira, a RS 040
Chegava-se aos outros balneários pela Interpraias e onde ela ficava intransitável,
nas praias mais ao norte, o negócio era
seguir pela beira mar, cuidando para não atolar nos inúmeros arroios ou na areia mais fofa.
Em compensação eram tempos menos corridos e o
veraneio podia durar um ou até dois meses, o que é impensável
nestes tempos competitivos, de escapadas de fim de semana. Desse jeito não há quem aproveite ou
espaireça de verdade, porque o sujeito mal chega à casa da praia e já começa a
sofrer pensando na volta. É por isso que não entendo esse boom de condomínios
fechados disseminados por todo o litoral. Há clientela para tudo isso? E qual a
vantagem de sair do aperto da cidade para "desfrutar" do aperto no litoral, com
espaços confinados, privacidade às favas e a maioria longe da praia? Como na nossa obsessão pelos praias aqui também não tenho as respostas.
Agora se me dão licença vou me juntar à boiada.
Curasal, lá vou eu.