sábado, 30 de outubro de 2010

Último ato

A caixa de madeira, adornada com a cruz, é mais pesada do que as cinzas do seu conteúdo poderiam indicar. A manhã nublada completa o ambiente melancólico da cerimônia que vai cumprir o preceito bíblico do pó voltando a terra. O local escolhido é um grande jardim e a preferência para espargir o montículo de cinzas, que um dia foi vida, são pequenos canteiros iluminados por flores e a base de espécies que recebiam atenções do ambientalista pioneiro. Não foi fácil achar jabuticabeiras e goiabeiras, mas elas estavam lá e ganharam sua cota de cinzas.

Os carros e os visitantes do jardim passam e não entendem o que está acontecendo com aquele grupo de pessoas se revezando na distribuição do conteúdo da caixa, com pequenas pausas para o que parece ser uma oração. Quem se aproximasse do grupo saberia que ali estava sendo contada a parábola das noivas imprevidentes, simbologia sobre a necessidade de estarmos preparados para o encontro com o Pai e também uma advertência aos incréus – e os havia naquela fraternidade.

Restou ainda uma pequena porção de cinzas reservada para os canteiros que faziam a alegria do patriarca, na velha casa de tantas lembranças. Um desperdício, porque o casarão e o grande pátio estavam condenados a serem sepultados por outros alicerces, que abrigariam outras pessoas que não eles, gente que desconheceria a existência e o simbolismo do singelo memorial de terra e cinzas.

Quando o grupo se despede, cada um para o seu mundo, chegou o sol e uma vontade de chorar.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A nova reeleição de Lula

Vamos combinar que o jogo está jogado. Dilma será a nova presidente do Brasil. No final do primeiro turno, cheguei a cogitar que Serra, embalado pelo Caso Erenice e a polêmica do aborto, conseguiria empuxe para superar e petista. O tucano até subiu uns pontinhos nas pesquisas, mas o pessoal da Dilma, depois de tontear com o inesperado segundo turno, contra-atacou com força, estancou a queda e ainda somou mais votos entre os indecisos.

A artilharia da oposição ainda não se esgotou. A cada dia surgem novos fatos dando conta de que a corrupção corre solta no governo federal e o episódio da espionagem nas declarações de renda da família Serra coloca o comitê de campanha do PT no centro das investigações, mas tem se mostrado inóquos para reverter o atual quadro eleitoral. E faltando poucos dias para a eleição é improvável que as denúncias ganhem corpo e sensibilizem a massa menos atenta do eleitorado de forma a causar estragos na campanha dilmista.

Na modesta opinião deste blogueiro pelo menos dois fatos contribuíram decisivamente para o sprint final de Dilma. O primeiro foi o acerto em marcar Serra como vendilhão do templo, o responsável pelas privatizações no governo FHC, o homem que vendeu patrimônio público, associado a outros argumentos, como o do político que não cumpre o que promete. Não conclui os mandatos para os quais foi eleito, por isso não passa confiança de que vai dar continuidade aos programas de Lula. Verdade ou não, isso é mortal diante do eleitorado do Bolsa Família.

Certamente a insistência em trazer para a campanha e fustigar o adversário com esses temas foi exaustivamente testada nas pesquisas qualitativas. Não é novidade, porém. Desde 1998, quando da disputa Brito x Olívio no Rio Grande do Sul, o PT lança mão da cruzada antiprivatista, sempre com bons resultados. A campanha de Serra tinha farta munição contra a adversária, mas a ofensiva não “pegou” e, além disso, o tucano teve que se dividir entre o ataque e a defesa das suas posições e mais a tentativa de desmentir as acusações que lhe imputavam. Serra não conseguiu sair do brete imposto pelos adversários.

O segundo e mais importante fator que desequilibrou a disputa em favor de Dilma é o mesmo que garantiu a ela a liderança no primeiro turno: a presença de Lula na campanha. O presidente desceu do pedestal, assumiu-se como militante e, indiferente às críticas, foi à luta em nome da preservação de um projeto de poder. Observem como Lula voltou a aparecer com força nos espaços de TV e rádio de Dilma, enquanto os tucanos apelam para Aécio Neves para reforçar sua campanha. Ou seja, Dilma voltou a ser Lula para todo o eleitorado brasileiro e Aécio só transfere seu prestígio para Serra em Minas Gerais e olhe lá. Tomara que eu esteja enganado.

Pensando bem, as presenças de Lula e Aécio nesta fase da campanha talvez antecipem o que pode acontecer na disputa eleitoral de 2014. Tudo indica que Aécio será o nome mais forte da oposição para tentar desbancar o PT e Lula pode aspirar a volta ao Palácio do Planalto, após o esquenta banco de Dilma. Se isso ocorrer, será a quarta eleição seguida de Lula porque, não tenham dúvidas, o grande vencedor da atual disputa chama-se Luiz Inácio Lula da Silva.

domingo, 24 de outubro de 2010

ViaDutra, ano 1

Sem que me desse conta, o Via Dutra completou um ano no ar. Foi no final de setembro de 2009 que me animei em dar um passo em direção à modernidade digital e criar este espaço para dar vazão a alguns textos cometidos aqui ou ali, como observador da cena que sou. Contei no início com a colaboração da minha assistente de inclusão digital, Mariana, que deu formato ao blog e me ensinou coisas básicas, como postar os textos, utilizar os recursos disponíveis e definir configurações.

Nas primeiras semanas comecei a postar furiosamente. Cheguei a incluir seis postagens diárias, até descobrir que não tinha talento para tanto. Mesmo porque o nível de bobagens aumentava com a quantidade e faltavam teses para encorpar algumas análises que pretendia mais pretensiosas. Boas histórias é que não faltaram, especialmente da infância e da juventude no bairro Petrópolis. Só não tenho certeza de que os relatos tenham sido fiéis à realidade dos fatos, mas certamente fui fidelíssimo à postura de certo tipo de imprensa: em dúvida entre a realidade e a versão, publique-se a versão.

ViaDutra foi construído assim: das versões do seu autor, já que os blogs caracterizam-se exatamente por serem uma iniciativa autoral. Foram 197 postagens até agora, 139 comentários, 20 seguidores. As estatísticas indicam mais de 2.400 acessos. Só no mês passado foram 1.130 acessos, apontando um crescimento inesperado, que venho observando desde julho. Não me perguntem a causa desse súbito interesse porque desconheço. Também desconheço a razão pela qual o artigo “A Holanda vem aí”, é o campeão de audiência com 296 visualizações. Trata-se de uma análise rasa sobre as possibilidades da Holanda contra o Brasil na Copa da África. Alguém aí pode me explicar esse fenômeno?

Diferente do Google Analytics que registra apenas oito acessos de outros países (como contei aqui em “Estranhos Visitantes”) descobri no link de estatísticas do Blogger que o ViaDutra é mais globalizado do que imaginava. Nas visualizações de página por país, os EUA aparecem com 211, Portugal com 71 e depois vem Ucrânia, Holanda, Russia, Itália, Canadá, França e Nova Zelândia, totalizando 396 acessos. Só que minha assistente Mariana tratou de derrubar meu entusiasmo explicando que os registros internacionais devem ser resultado de acessos via provedores localizados em outros países. Assim é difícil ser feliz.

Na verdade, não tenho motivos para queixas. Me divirto muito com o ViaDutra e fico faceiro quando concluo um texto a partir de um fato, uma lembrança, uma frase e, às vezes, apenas uma palavra que remete a uma série de idéias que se encadeiam. É assim que funciona a atualização de conteúdos, pelo menos no ViaDutra. E quando as idéias não vem, copio de outros espaços, sempre dando o crédito.

Às vezes me puxo, produzo um texto caprichado, categoria denso, forte, consistente e a repercussão é como meu sucesso com as mulheres: zero! Outras, escrevo uma bobagem qualquer e os assanhados logo se manifestam. Histórias sobre infidelidades conjugais, por exemplo, são pule de 10. Um dia ainda vou entender essas nuances do comportamento humano.

Por fim, volto a insistir: blogueiro gosta mesmo é de comentários adicionados aos seus textos. O Ari Teixeira, parceiro do blog Concriar, está sempre presente, mas guardo uma mágoa: o Gilberto Jasper, competente jornalista que interage com todos os blogs e sites possíveis, nunca postou um mísero comentário no ViaDutra. Haverá retaliação.

domingo, 17 de outubro de 2010

Caso Kliemann em novo livro de Celito De Grandi

Euclydes Kliemann

Entre os cinco livros que estou lendo no momento tenho dedicado especial atenção a “Caso Kliemann, a história de uma tragédia”, da Celito De Grandi. Por circunstâncias familiares, me aproximei dos Kliemann e tive o privilégio de receber antecipadamente o livro, que será lançado na próxima quarta-feira, às 19 horas, na Assembléia Legislativa.

Celito, que já nos brindara com os excelentes “Diário de Notícias” e “Loureiro da Silva, o Charrua”, vai fundo na história que começa numa noite de inverno de 1962, quando “Porto Alegre e o Rio Grande do Sul souberam, aturdidos, do feroz assassinato de uma jovem senhora (Margit) que se notabiizara pela beleza, posição social e, especialmente, por ser esposa de um dos mais destacados e promissores políticos da cena gaúcha”, o deputado estadual Euclydes Kliemann.

O livro só foi possível porque as três filhas do casal Kliemann decidiram, após quase 50 anos, purgar o drama vivido no passado e colaborar com o autor, revelando informações preciosas sobre a vida dos pais no período dos trágicos acontecimentos. Imaginem o drama das três meninas enfrentando os piores pesadelos: o assassinato da mãe, a suspeita contra o pai, a morte a tiros de Euclydes quando enfrentava um desafeto político durante um programa de rádio, tudo isso alimentando as manchetes de uma imprensa sensacionalista e irresponsável (leia-se Última Hora), que contribuíram ainda mais para contaminar a já atrapalhada investigação policial. Eu tinha 12 anos na época, lia com interesse todas as reportagens sobre o caso e me atormentava imaginando o que faria se uma tragédia daquela dimensão ocorresse na minha família.

“Confesso que, de inicio, a idéia não me pareceu oportuna pelo tanto de sofrimento que deverá voltar à tona. (...)Sempre soubemos que o dia haveria de chegar, que alguém se interessaria pela nossa historia e que, mais cedo ou mais tarde, algo seria publicado. Assim, foi com uma espécie de alívio que me dei conta: o melhor é que isso ocorra de uma vez por todas”, escreveu a filha Virgínia, atualmente morando na França, concordando com a posição das irmãs Cristina e Suzana em colaborar com Celito.

Celito mergulhou durante quatro anos no projeto , num processo angustiante, confessa . O resultado é um trabalho minucioso de pesquisa, documentos e fotos inéditas, um relato isento e objetivo, tanto quanto foi possível diante de um caso tão rumoroso e carregado de emocionalismo. O jornalista e escritor foi beneficiado pelo distanciamento histórico adequado e novas fontes de informação, mas acima de tudo conferiu ao “Caso Kliemann” um tratamento sensível e respeitoso com os personagens do intrincado caso, mesmo os que talvez não merecessem.

Diferente foi a postura de uma parte da imprensa na época. O jornal Ùltima Hora notabilizou-se por sua cobertura sensacionalista e tendenciosa do episódio, produzindo outras vítimas além do casal Kliemann, no caso os familiares e particularmente as três filhas, impotentes diante do massacre diário da imprensa. A imprensa ganhou maturidade desde então e não há mais espaço para o sensacionalismo que era uma das marcas da Última Hora, tanto assim que os jornais com esse viés agora se autodenominam “populares”. Porém, ainda hoje observam-se desvios e escorregadas, como se pode constatar no mais recente Caso Daudt, que guarda algumas similaridades com o Caso Kliemann, inclusive nas implicações político-partidárias dos seus desdobramentos. Quando a mídia se traveste de polícia, advogado de acusação, corpo de jurados e juiz, a Verdade fica mascarada, a Justiça se fragiliza e toda a sociedade perde. O professor e jornalista Antonio Hohlfeldt analisa o tema com mais profundidade e propriedade no posfácio do livro.

Mas o tempo é o senhor da razão e no Caso Kliemann, como bem acentuou o prefácio de Luiz Antonio de Assis Brasil “O Rio Grande precisava deste livro para acertar contas com seu passado”.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

De Pé

1932. Estava prestes a iniciar a batalha de Itararé. Ninguém ignorava que ela seria decisiva. Cresciam o vozerio e a barulheira das armas, em expectativa, no acampamento das tropas avançadas do Rio Grande, contra a Revolução Paulista, que reclamava a imediata constitucionalização do País, indefinidamente protelada por Getúlio.
De repente, o silencio: irrompia no horizonte um avião, arma desconhecida pelos gaúchos. Às ordens de comando, todos atiram-se ao chão. Todos, menos um cadete de 16 anos.

De pé, advertido sobre o perigo, Dastro respondeu:

- Pois que venha esse aviãozinho! Eu é que não vou sujar minha farda por causa dele.

E continuou de pé.

E de pé, se manteve a vida inteira.

Na Academia de Polícia Militar. E no serviço ativo, em Livramento, em Rio Grande, em Santa Maria e Porto Alegre. Contra todas as ameaças e adversidades ele permaneceu, invariavelmente de pé. Tal como aos 16 anos, na iminência da batalha. De pé sempre, para o que desse e viesse.

Naquele tempo, era generalizada – dogmaticamente generalizada – a convicção de que o sacerdote, o juiz e o soldado devem contar apenas com o estritamente indispensável para sobrevivência espartana.

E Dastro enfrentou, de pé, as agruras da severa pobreza que a Brigada Militar oferecia a seus oficiais e soldados. Ele e Thélia, também admirável, com seus nove filhos.

Chamado ao cargo de Diretor do Departamento de Limpeza Pública de Porto Alegre – hoje DMLU -, Dastro logo se impôs ao respeito e admiração gerais. Respeito pela eficiência que imprimiu ao serviço. Admiração pelas iniciativas inesperadas, com que soube conquistar a cooperação entusiástica dos subordinados.

Assim, organizou uma padaria, cujos produtos eram entregues a preço de custo, aos funcionários do DLP. E uma farmácia, cujos medicamentos eram fornecidos a preço de custo. E um refeitório, com as refeições servidas, também elas, a preço de custo, aproveitando-se os legumes e hortaliças cultivadas na área do DLP.

Ele fez do seu Departamento uma grande família, com tais iniciativas, implantadas sem qualquer acréscimo de despesa, pois o pão, o medicamento e as refeições, tudo, tinham o preço rigorosamente apurado, sem deixar lucro e nem prejuízo. Era natural, pois, que os servidores trabalhassem, em sistema de rodízio, sem qualquer remuneração, pelos serviços prestados nessas organizações, em vista dos benefícios obtidos.

Até com máquinas de lavar roupa Dastro conseguiu presentear as mulheres dos seus funcionários, máquinas de madeira, construídas conforme plantas que obteve da Organização dos Estados Americanos.

Para muitos, está claro que a atividade desse brigadiano, Diretor do Departamento de Limpeza Pública, era desconfortável, demasiadamente incômoda: quais seriam as verdadeiras intenções dele? Onde pretendia chegar?

E, inesperadamente, Dastro foi substituído, para espanto e desconsolo de quantos tinham trabalhado sob suas ordens.

Mas é claro que ele continuou de pé. E foi chamado para a direção do Presídio Central, onde se repetiram os êxitos alcançados no DLP, até ser demitido pelas manhas e artimanhas dos muitos ofendidos com o trabalho incansável e os sucessos de Dastro.

Basta lembrar que, ao saberem da substituição de Dastro, os presos, no mesmo instante, se rebelaram exigindo o imediato retorno dele ao cargo! Não, não se sabe de ninguém, nem mesmo por ouvir dizer, não se sabe de um só diretor de presídio no mundo inteiro, cujos detentos tenham se amotinado, para mantê-lo no cargo.

Mais admirável ainda é que o motim só tenha terminado mediante a intervenção de Dastro, junto aos presos, a pedido do próprio Governador do Estado e do Cardeal Vicente Scherer.

Sim, Dastro manteve-se de pé, fossem quais fossem as ameaças e circunstâncias. 90 anos de pé.

Nunca sujou a farda.

Nunca sujou o coração.

Nunca sujou a alma.

Homem de fé, exemplar daquela velha raça, desgraçadamente em extinção, a dos cavaleiros sem medo e sem mancha - “sans peur e sans reproche” -, honra e glória da humanidade.

* Trecho do prefácio de Justino Vasconcellos para o livro “90 anos de histórias”, que a família Dutra editou em 2005 por ocasião dos 90 anos do nosso pai, coronel Dastro de Moraes Dutra. Ontem, poucos meses depois de celebrarmos seus 95 anos, o velho guerreiro nos deixou. Só a doença e o peso da idade conseguiram vergar o Coronel, que cumpriu plenamente sua missão entre nós, legando principalmente valores e um exemplo de vida.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Maldito Futebol Clube, o filme que desperta minha inveja


O ViaDutra eventualmente incursiona no mundo do cinema, destacando as preferências do blogueiro.  Não se trata de critica cinematográfica, deixo isso para os especialistas, mas apenas o registro e as observações sobre filmes que mexeram com a sensibilidade de quem assiste em vídeo a pelo menos cinco filmes por semana.  Incluo neste caso “Maldito Futebol  Clube” (The Damned United), produção inglesa de 2009 que não lembro de ter sido exibida no circuito de Porto Alegre. Na falta de outra opção, apanhei por acaso na locadora do seu Renê e não me arrependi.

“Maldito Futebol Clube” é um ótimo filme sobre o futebol e seus bastidores.  O cenário é o futebol inglês dos anos 60 e 70, mas as situações mostradas no filme roteirado por Peter Morgan (o mesmo do premiado  “O Último Rei da Escócia”) poderiam situar-se no futebol brasileiro de hoje:  cartolas inconseqüentes, torcidas passionais, trairagem dos jogadores, resultados suspeitos e uma disputa de egos alimentada pela mídia, é claro.  Já vimos esse filme por aqui.  

Baseado em fatos reais,” Maldito Futebol Clube” apresenta Michael Sheen (o Tony Blair de “A Rainha”) no papel do controverso treinador britânico Brian Clough.  Depois de levar o time de segunda divisão Derby County ao convívio dos grandes da primeira divisão da Inglaterra, o técnico é convidado para treinar o rico e vitorioso  Leeds United, substituindo seu arqui-rival, Don Revie, que acabara de ser convocado para comandar a seleção inglesa. Clough não conta mais com os conselhos de seu amigo de longa data e auxiliar técnico, Peter Taylor, e assume uma difícil tarefa: comandar um time totalmente fiel ao seu antigo treinador e que, para piorar, acaba de ser duramente criticado pelo próprio Brian Clough em uma entrevista.  A narrativa do filme costura o passado do técnico e sua campanha de vitórias ao lado de Peter Taylor com a sua rápida e fracassada experiência à frente do Leeds.
 
O tal Clough do filme é uma figura. Motivador como Felipão, durão como Celso Roth, ressentido como Dunga, sem meias palavras como Muricy, mas com o charme de Renato,  é acima de tudo um obsessivo. A rivalidade com Don Revie nasce de um motivo insignificante – o adversário ignorou seu cumprimento no jogo entre Derby County e o Leeds pela Copa da Inglaterra –, mas isso basta para um ego inflado e transforma-se na energia que move a vida e a carreira de Clough. Sheen consegue imprimir ambição e vaidade sob medida para Clough, numa elogiada interpretação.

Fico com uma pontinha de inveja quando assisto a filmes como “Maldito Futebol Clube”. Aqui no país pentacampeão mundial, o cinema brasileiro ainda está nos devendo um bom filme sobre futebol. Boas histórias não nos faltam, nem roteiristas, diretores, atores e pessoal técnico competente para levar o mundo do futebol, seus dramas, farsas e comédias às telas. Mas parece que o brasileiro gosta mesmo de futebol jogado em campo e discutido nos bares. A realidade é melhor que a ficção. Enquanto isso, o cinemão americano consegue tornar atraente qualquer historinha, transformadas em narrativas épicas, envolvendo “heróis” daquela chatice do beisebol e do agarra-agarra do futebol americano.  Alô Jabor, Meirelles, Padilha, Valter Salles, Barretão, está na hora de entrar em campo e virar esse jogo.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

DataDutra observa a cena política

Como os poucos mas fiéis leitores do ViaDutra já estão careca de saber, tenho me colocado como observador da cena, de todas as cenas. Embora minhas posições sejam bem definidas no cenário político, não posso deixar de comentar a movimentação das duas candidaturas presidenciais, expressas principalmente nos programas de TV. Não assisti ao debate da Band, por isso vou me fiar no que vi nos programas desta segunda-feira, 11, para emitir minha opinião. Serra venceu o debate. Dilma também venceu o debate. Foi o que conclui nos horários políticos obrigatórios, aos quais estou dedicado com vivo interesse.

Na verdade, os dois programas continuam muito parecidos. Os candidatos mostraram seus melhores momentos no debate, omitindo a participação do adversário e nem poderia ser diferente. Pelo que vi, Serra foi mais sereno, Dilma mais aguda. De resto, depoimentos e chamamentos de governadores e senadores eleitos de um e outro lado, além do inevitável “fala povo”. Dilma trouxe o acréscimo do expressivo apoio que terá com as numerosas bancadas governistas eleitas para a Câmara e o Senado. E Serra apresentou um case de bom atendimento na área da saúde em São Paulo.

Dilma esnucou Serra na questão das privatizações e Serra deu troco lembrando as más companhias da petista – os ex-presidentes Collor e Sarney, cotejando com seus apoiadores FHC e Itamar Franco.

No quesito maldade explícita, o programa de Serra apresentou novamente o esquete das bonecas russas, que passa a idéia de trajetória do candidato contra uma boneca sem conteúdo de Dilma. E o programa de Dilma mostra o mapa do Brasil decrescendo na medida em que as conquistas do governo Lula não se fizeram sentir nas gestões dos tucanos, concluindo com um mapa de bom tamanho, no governo Dilma, é claro.

No final, ligeira vantagem para o tucano que antecipou uma mensagem pelo Dia da Criança e de Nossa Senhora Aparecida, talvez para contrapor a visita da petista à Basílica de Aparecida, onde assistiu à missa pela manhã. Aliás, continua a cruzada dos dois candidatos para mostrar quem é mais religioso. Dilma foi à Aparecida – pela primeira vez, admitiu – e Serra aparece beijando um crucifixo durante passeata em Goiânia. É o vale-tudo do segundo turno.

Pra falar a verdade, estou gostando do embate e fico perplexo com a opinião de alguns dos nossos melhores analistas políticos, que reclamam do tom agressivo dos debates e da ausência de propostas dos candidatos nesses encontros. São os mesmos que reclamavam da mornice dos debates do primeiro turno. Queriam o quê agora ? Papai-e-mamãe, salamaleques de parte a parte? Ora, vão se orientar. Qualquer pessoa medianamente informada sabe que os debates seguem o mesmo roteiro/enredo da campanha eleitoral, que é resultado de dois movimentos principais: de um lado, a construção dos melhores argumentos para seu candidato, de outro a tentativa de desconstituir o adversário, desnudando suas fragilidades. Quem for mais competente nesse contexto, leva a faixa.

sábado, 9 de outubro de 2010

A batalha do segundo turno

Com a ressalva de que sou serrista miitante, atrevo-me a avaliar as campanhas eleitorais do segundo turno. Já aviso que estou gostando do embate, agora taco a taco, sem a chatice do primeiro turno, com os nanicos atrapalhando.

A estrutura dos dois programas é muito semelhante, privilegiando propostas, testemunhais e o recado dos candidatos, reservando para o começo ou o final o ataque à candidatura adversária.

E aí me parece que o Serra está levando vantagem, com um programa mais leve, mais animado – “Serra é do bem” vai pegar – e mais contundente na tentativa de desconstituir a adversária. O esquete das bonequinhas russas se sobrepondo e construindo a carreira de Serra, contra uma boneca vazia de Dilma é cruel e até agora irrespondível. Serra até está simpático e espontâneo no vídeo, apresentando suas realizações, enquanto Dilma parece travada e fala não do que fez, mas do que Lula fez. Sutil e fundamental diferença.

Acho mesmo que o pessoal da Dilma tonteou quando a candidatura não conseguiu se eleger no primeiro turno. Agora partiu para uma estratégia no programa de TV de efeito duvidoso: confrontar os governos Lula e FHC. O eleitor sabe que esse jogo já foi jogado. Agora é Serra x Dilma. Ressuscitou também a disputa maniqueísta de ricos x pobres e logo virá grandes x pequenos, ou seja, o bem contra o mal. Já vi este filme nas campanhas petistas no Rio Grande do Sul. 

No vale tudo do segundo turno é interessante observar a insistência de Dilma na “defesa da vida”, eufemismo anti-aborto, e de Serra em se colocar como ambientalista – ambos cortejando os votos do eleitorado de Marina. Neste caso, Serra também leva vantagem, como indica a mais recente pesquisa DataFolha. De acordo com a pesquisa: 51% dos quase 20 milhões de votos da candidata verde migrariam para Serra, restando 22% para Dilma.

A pesquisa mostra outros dados que favoreceriam Serra na arrancada do segundo turno. Entre os que votaram em Dilma no 1º turno, 91% pretendem repetir a opção, enquanto cinco por cento trocarão a petista por Serra. Para o tucano, 95% dos eleitores renovarão o voto em 31 de outubro, enquanto dois por cento bandearam para a petista.

Dilma ainda leva vantagem com 48% das intenções de voto, contra 41% de Serra, mas o crescimento da petista foi de pouco mais de um ponto, para um salto de quase nove pontos do tucano. O DataDutra, meu instituto particular de pesquisas, analisou os dados e concluiu que a próxima pesquisa vai mostrar Serra no mínimo empatado com Dilma. Como diziam os cronistas esportivos de antigamente, reina grande expectativa.

Imperdível


A conferência do Nobel de Literatura, Mario Varas Llosa, quinta-feira, 14, no Fronteiras do Pensamento (Salão de Atos da Ufrgs, 19h30). Vou chegar cedo para conseguir um bom lugar.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Eleições, aborto e Tiririca

Engana-se quem imagina que a Igreja não tem a mesma influência nos processos eleitorais dos tempos da Liga Eleitoral Católica. É só observar o esforço da candidata Dilma para neutralizar o efeito devastador da sua posição dúbia em relação ao aborto e a outros valores cristãos, provocando a ira de todas as crenças, enquanto Serra busca se enquadrar no figurino de homem e político estilo família, de agrado a todas as religiões. E o que seria um mero detalhe na atual campanha eleitoral tornou-se o centro dos debates, pelo menos nesta arrancada do segundo turno.

O fato é que a eleição pode se decidir no detalhe, como ocorreu na disputa entre Jânio x FHC pela prefeitura de São Paulo. Perguntado se acreditava em deus, FHC vacilou, passou a idéia de que era ateu e isso contribuiu para sua derrota. Depois, o ex-presidente passou a visitar todas as igrejas que encontrava pela frente, até foi pedir a benção para o Papa e não perdeu mais eleições. Em uma das disputas para a prefeitura de Porto Alegre, um jornal tentou pegar Tarso Genro com o mesmo questionamento e o candidato, no melhor estilo Rolando Lero, saiu da cilada com essa preciosidade: “Considero generosa a idéia de Deus!” E mais não disse e não lhe foi perguntado.

O que mudou em relação à pressão dos grupos religiosos no passado e agora é que a Igreja Católica não está mais sozinha na sua pregação, pois ganhou o reforço das outras crenças, aí incluídos os conservadores evangélicos pentecostais que crescem em número de adeptos e em influência no Brasil. As bancadas evangélicas nos legislativos estão aí para comprovar essa ascensão religiosa.

Ao divulgar seu programa de governo, com propostas mais ousadas em termos de relações sociais, o PT ignorou sua própria origem, que teve nas comunidades eclesiais de base da Igreja Católica um de seus alicerces. Os igrejeiros do PT certamente não participaram da formulação do programa de governo, ou se participaram estavam distraídos.

Com exceções que justificam a regra, os partidos não avaliam como deviam a força que emana dos representantes religiosos. O sermão dominical dos padres católicos e a pregação inflamada dos pastores das outras religiões têm mais poder de convencimento e potencial de adesão do que qualquer comício ou programa televisivo. Os religiosos são formadores de opinião porque falam diretamente aos seus fiéis, que se encontram em condição emocional receptiva às mensagens das lideranças. O que os religiosos fazem é capitalizar, em nome de deus, o moralismo entranhado nas classes de menor poder aquisitivo e mesmo na classe média.

E mais: como as igrejas e seitas exercem uma presença diária junto aos seus rebanhos, especialmente nas comunidades mais pobres, suprindo em muitos casos a ausência governamental, tem credibilidade para cobrar adesões, a contrapartida em forma de votos ou rejeições à candidaturas. O desconhecimento e a indiferença a esse processo pode provocar estragos e ameaçar favoritismos, daí a extrema preocupação da candidatura oficial.

O que me incomoda no caso é que, num Brasil de imensas diversidades e carências, existem tantas outras questões a serem debatidas e o foco das campanhas ficou reduzido à inserção religiosa dos candidatos. Pior que isso, só votando no Tiririca, que entrou neste texto como Pilatos no Credo.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

DataDutra em ação

Os analistas políticos deitaram e rolaram teses sobre as causas da queda de Dilma, que provocaram o segundo turno na eleição presidencial.  Vale tudo: da alta abstenção no Nordeste à posição dúbia sobre o aborto, que provocou a reação do espectro religioso e uniu católicos à evangélicos pentecostais;  do efeito Erenice e sua parentada à pressão da grande mídia; da atrapalhada participação no último debate à overdose de interferências do Lula no processo eleitoral.  É tudo verdade, mas não é toda a verdade.

O DataDutra, meu instituto particular de pesquisas, foi  à campo e após detalhada investigação trouxe novas luzes ao debate.  O conceituado instituto chegou a conclusão de que Dilma está perdendo para Dilma. Pelo menos é o que mostram os números da apuração: a intenção de votos na candidata oficial começou a desidratar lentamente e se acelerou na última semana antes do pleito, na mesma medida em que crescia a preferência por Marina, enquanto Serra apresentava ligeira, quase discreta,  tendência de alta. Ou seja, Serra não roubou votos de Dilma, ou roubou muito pouco.

A gatunagem eleitoral, no bom sentido – nada a ver com as estrepolias de Erenice - , foi de Marina, que ganhou musculatura e sustentou seus quase 20% nas urnas com os votos de três perfis de eleitores, conforme o DataDutra:  os dilmistas arrependidos, os antiserristas-não-dilmistas e aqueles de coração e mente verdes, generosos, sinceros e encantados com o jeito meigo e doce da candidata e suas propostas sustentáveis, of course.

Com base nessas interpretações, o instituto concluiu que, na verdade, caiu a ficha do eleitorado em relação à Dilma.  Dilma não é Lula. Dilma não á aquela Brastemp que tentaram impingir ao eleitor.  Dilma foi fabricada para dar continuidade ao projeto de poder  do PT. Dilma não passa confiança, não passa segurança. Resta esclarecer que o DataDutra não tem nenhum compromisso com a realidade, apenas com as teses do seu mentor,  este blogueiro observador da cena. 

Na vida real, o que se constata é um esforço das duas candidaturas para afinar o discurso para a mãe de todas as batalhas – o segundo turno.  De um lado, Dilma firmando posição contra o aborto e cortejando Marina, de outro Serra reforçando seu perfil de administrador e se dizendo verde desde pequenino.   Se nada der certo é só espalhar que o Mick Jagger está apoiando a candidatura adversária.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Memórias da Fabico II

Foi em 1969, ainda no prédio da Filosofia, que a primeira turma da nova faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) começou, com currículo novo e novo prédio, na Ramiro Barcelos, no ano seguinte. Os burocratas da academia decidiram unir duas unidades que estavam perdidas na estrutura universitária da Ufrgs e assim nasceu a Fabico. De um lado, uma fauna variada que  queria ser jornalista e de outro as gurias bem comportadas, futuras senhoras bibliotecárias.  Com duas tribos tão diferentes convivendo era difícil a integração, mas pelo menos não havia hostilidades. O interessante é que a cada ano trocava o diretor da Faculdade, revezando-se um professor da Comunicação e da Biblioteconomia.  E aí o curso que estava na liderança, recebia melhorias em detrimento do outro.

A verdade é que éramos do bem. E um tanto despolitizados, apesar - ou por causa de – vivermos o período mais fechado da ditadura. Não lembro de adesões mais expressivas às manifestações estudantis da época. O pessoal da comunicação parecia mais interessado na Contracultura, que ainda estava na moda.

Um episódio, entretanto, ficou marcado. Foi quando parte da turma resolveu dar uma prensa no falecido Aldo Schmidt , suspeito de ser informante do DOPS, o que ele desmentiu veementemente.  Havia essa paranóia na época, porque a universidade estava infestada de dedos-duros.  A situação foi constrangedora e humilhante para o colega – que  dá o nome a sala de imprensa do Aeroporto Salgado Filho; ainda existe? - e uma das poucas más lembranças da nossa Fabico de então.  E também uma exceção porque eu era sobrinho do então ministro de Educação, Tarso Dutra, em pleno regime militar, e jamais me foi cobrado qualquer posicionamento à esquerda ou à direita.

Outro episódio, menos traumático, envolveu este que vos fala e um jornalista que se tornaria famoso nacionalmente na comunicação e na política. Sucede que ambos trabalhávamos na mesma empresa e, falando honestamente, não éramos muito assíduos às aulas. Ao final do semestre, nossas ausências em determinada matéria eram grave impeditivo para concluirmos a disciplina. O companheiro, que chefiava o departamento de jornalismo de uma rádio, convidou-me para fazer um apelo ao professor que vinha a ser, no período, o diretor da Fabico. Lá fomos nós para a sala do diretor, tentar passar a conversa no homem. Nem foi muito difícil. O diálogo que se estabeleceu, com ligeiras alterações, foi assim:

- Professor, como o senhor sabe, eu e o Dutra trabalhamos na rádio X e tivemos muita dificuldade para assistir as suas aulas. Nós queríamos saber se tem alguma forma da gente compensar as faltas, fazendo algum trabalho...

- Não se preocupem , conheço bem o trabalho de vocês e vou levar isso em consideração. Agora estou precisando de uma ajuda da rádio de vocês. Temos um projeto de Biblioteca Volante que precisamos divulgar...

O diretor nem precisou completar a frase e já foi atalhado pelo porta-voz da dupla de infreqüentes:

- Pode deixar, amanhã nosso programa de maior audiência vai fazer uma entrevista com o senhor para divulgarmos esse importante projeto da nossa Fabico!

No dia seguinte o prometido foi cumprido e, graças à entrevista, conseguimos ser catapultados para o semestre seguinte.  É bem verdade que a Biblioteca Volante, uma velha Kombi, prestava um bom serviço, levando livros à periferia – o que diminui meu complexo de culpa.

Parte da turma gostava mesmo era de viajar e ficava um semestre inteiro percorrendo, como mochileiros, países da América Latina. A moda era Machu Picchu, no Peru, e coisas do gênero. Em uma dessas jornadas, um companheiro decidiu sair do armário, assumindo sua homossexualidade. A iniciação, pelo que soubemos, foi com um estrangeiro, o que provocou protestos na turma, essencialmente nacionalista e contrariada com aquela preferência por um parceiro do exterior. E ficou por isso mesmo, até porque o assumido veio juntar-se a outros dois ou três já incluídos na nossa cota de gays.

E mais não conto. Apesar de insistentes pedidos dos meus poucos,  mas fiéis seguidores, vou frustrá-los omitindo situações que testemunhei ou me relataram das célebres festas da Fabico. É que temo pela minha integridade física, uma vez que as pessoas envolvidas estão todas bem vivas algumas em posições de projeção. Fico devendo essa.


domingo, 3 de outubro de 2010

Combati um bom combate

Ainda me emociono quando entro na cabine eleitoral e começo a interagir com a máquina, digitando cada um dos meus candidatos escolhidos.  Fiquei tanto tempo sem votar para os cargos do executivo que o ato agora exige um cerimonial da minha parte.  Procuro transmitir esse sentimento  aos meus filhos, tanto assim que na primeira eleição para presidente, graças a liberalidade dos mesários, pedi  à Flávia e ao Rafael – pequenos à época -  que marcassem por mim o número dos candidatos. Eles ficaram orgulhosos e eu mais ainda!
 Vou adesivado com meus candidatos à seção eleitoral e na hora de votar sempre me questiono se estou votando realmente nos melhores.  Até agora tive poucos motivos para arrependimento, mas é claro que as minhas preferências nem sempre coincidem com as da maioria. Isso não me torna melhor nem pior e também não significa que a maioria esteja errada e que eu seja ungido pelos deuses eleitorais para expressar as boas causas. É preciso respeitar as regras do jogo democrático, por mais frustrado que me deixe um resultado adverso nas urnas.
Agora estamos diante de mais uma disputa e meu voto já está lá na seção 202 da Zona Eleitoral 161.  Como sempre tive lado, votei com minhas convicções:  Fogaça 15, Rigotto para Senador, Serra para presidente e nos deputados estadual e federal  escolhidos.  Escrevo antes de saber o resultado das urnas, mas independente deles, estou convencido de que combati um bom combate. Por isso, proclamo:  sou um vencedor!