terça-feira, 17 de abril de 2018

Será o fim dos chargistas?

“Os memes estão acabando com os chargistas”.  A conclusão é do companheiro jornalista Irineu Guarnier, em uma conversa paralela num evento matinal.  Especialista nas questões do campo e, mais ainda, na vinicultura, o Irineu integrou por muito tempo a equipe do Canal Rural quando este ainda era da RBS. Agora atua na Assembleia Legislativa e mantém o blog www.caveguarnier.com.br, -  “vinhos e outros prazeres”- , onde revela toda a sua paixão pelo que define como “o mundo do Baco”.  Com frequência é convidado para ser jurado em concursos internacionais, o que faz de mim um invejoso dele nesse particular. 


Registrei o ligeiro perfil do Irineu apenas para dar conta de que se trata de um arguto observador de cenários, até em função da assessoria que presta no legislativo.  Além disso, sempre é um bom papo sobre variados temas, como esse que coloca em xeque o futuro dos chargistas.

A propósito, o talentosíssimo e premiado Neltair Rebes Abreu, mais conhecido por Santiago, entre manifestações em defesa de Lula e críticas à postura anti Lula do ex-idolo Jaguar, decretou, em postagem recente, o fim da profissão de desenhista de humor.  O Santiago listou todos os cartunistas que ficaram desempregados em curto período - e não foram poucos -, na esteira de crise que impacta fortemente os veículos impressos, como ele mesmo observa como causa do pé-na-bunda em massa. Entretanto, a crítica maior do pai do Macanudo Taurino vai contra Mark Zuckerberger, o pai do Facebook, considerado “explorador de mão de obra criativa para sua bilionária revista eletrônica”. “Paraíso dos digrátis”, denuncia.  Só que o desabafo do Santiago é feito no mesmo execrado Facebook, mas vamos combinar que não se deve cobrar coerência de quem faz do humor, especialmente aquele baseado em fatos políticos, a sua forma de expressão.


Por outro viés, Santiago acaba concordando que os memes  e seu principal veículo de difusão, o Facebook, estão exterminando os desenhistas de humor enquanto profissionais do ramo.  Acrescentaria ainda o WhatsApp como mídia em ascensão pró-memes, tanto assim que recebo por ele, todos os dias, 5 ou 6 artes desse tipo de humor, a maioria das quais compartilho.  O que me impressiona é a capacidade dos autores de sacar o detalhe, relacionar alhos com bugalhos, investir contra os ícones contrários e, com isso, garantir que a postagem viralize pelas redes. Se bem que aparece muita baixaria também e aí o negócio é ignorar.

Ainda vou pesquisar para saber como funciona tal processo, se são manifestações isoladas de criativos em momento de ociosidade ou se existem uma estrutura e equipes por trás da série de memes.  Ou se se são as duas coisas.   O Irineu chama a atenção para outro detalhe, a conspirar contra os chargistas e a favor do humor nas redes:  as possibilidades multimídias, com postagens que incluem movimento e áudio, enquanto os veículos impressos limitam os espaços ao traço e ao texto.  Poucos desenhistas de humor conseguiram migrar para esse formato mais abrangente, conclui o companheiro.

A verdade é que nunca se produziu tantos e tão engraçados memes. A condenação e prisão de Lula provocaram uma onda criativa, inundando as redes em pouco tempo. Cheguei a reunir um conjunto desses memes em duas postagens no FB que intitulei como Memerotecas. Tinha material para mais inserções tratando das trapalhadas verbais da Dilma, dos hábitos do Lula ou das mortadelices dos militantes petistas, mas o humor do pessoal campo democrático de esquerda, pelas  razões  já conhecidas, está em viés de  baixa.  Assim, fiquei com receio que a Gleise decretasse, em represália, um  boicote ao ViaDutra (www.viadutras.blogspot.com.br), como já ocorreu com a Globo, a Veja, O Globo, o Netflix e agora até o cine Guion, no Nova Olaria Shopping.    aviso que o ViaDutra é imortal como um certo time.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Troca de Identidade


Os representantes federais petistas decidiram trocar seus nomes parlamentares, incorporando Lula às identidades. Cada um escolheu uma forma de incluir o nome pelo qual o líder maior do partido ficou conhecido e o resultado não deixa de ser estranho, caso a caso, como em todas as mudanças forçadas. Só o senador Paim, prudentemente, se absteve. 
A homenagem ao ex-presidente, encarcerado em Curitiba depois de sucessivas condenações e derrotas nas instâncias jurídicas, não deixa, porém, de ter seus méritos.  É preferível protestar dessa forma do que incentivar o vandalismo e os conflitos, como os que ocorreram, com maior frequência, a partir da ordem de prisão para Lula.

Só que não tardou para vir o troco e um deputado do DEM resolveu agregar Moro ao nome dele e já oficiou a mudança à mesa da Câmara. Se eu fosse o Moro pedia para suspender a homenagem.  O deputado se chama Sostenes...
Enquanto isso,  na Câmara de Porto Alegre  um vereador decidiu homenagear a Lava Jato e na TV Câmara o nome dele já é creditado junto com o título da operação anticorrupção. E deve vir mais renomeações por  aí.
Na real, a tais homenagem não chegam a ser inéditas. Nas redes sociais, no Facebook especialmente, volta e meia surgem  campanhas, como a que teve grande adesão, quatro ou cinco anos atrás,  com o acréscimo da tribo Guarani-Kaiowa aos nomes de registro.  Isso porque os Guarani-Kaoiwa estariam ameaçados de genocídio pela invasão de suas terras e destruição de sua cultura. À época fiz um deboche,  postando no FB que preferia o bravo Guarani de Bagé ao Guarani-Kaiowa. Quase fui linchado digitalmente por minha demonstração explícita de insensibilidade.  Porém,  já não se fala mais nas graves ameaças à tribo do Mato Grosso do Sul que, pelo  jeito, sobrevive firme e forte a todas as investidas, inclusive as que usam em vão o belo nome composto pela qual é conhecida.  Assim, sou tentado a concordar com o editor Júlio Ribeiro quando  afirma que essas manifestações não passam de um ativismo tão romântico como inócuo.

Porém, o “efeito boiada” funciona nesses  casos e basta um ativista postar um card em defesa de uma causa qualquer que a coisa logo viraliza. O  que me preocupa  é que daqui a pouco possam  aparecer gaiatices do tipo “Somos Gilmar Mendes”,  ou “Somos Gleisi”, embora apareçam perfis como “Time Gleisi Hoffmann” (deve ser o Ibis da política).  Imaginem agora uma  mobilização em torno de um árbitro de futebol, criticado depois da atuação em um clássico. Quem se arriscaria a estampar um “Somos todos Vuaden”?  Ué, se para a Gleisi pode, o Vuaden também merece.  Radicalizando, quem duvida de um “Somos Piffero”, ou de um “Somos Celso Roth”? O  futebol, pelos antagonismos que gera, como na politica, também se presta a esses posicionamentos.  Também não duvido o surgimento de um “Somos Globo” que seria ferozmente atacado com comentários de “mídia golpista”. 
Prefiro mesmo a opção do amigo  Caco Belmonte, que é mais debochado que eu e que se anuncia como “Caco Ninguém Belmonte”, mas não concordo com o Ninguém.  Nessa linha, estou pensando em passar a me assinar como “Flávio da Mesa ao Lado Dutra”.  O que acham?

Olha, não é má vontade nem  rabugice da minha parte, mas é que não acredito na eficácia  e desconfio da sinceridade dessas entre aspas homenagens. Além disso, tem que ter muito  desapego para trocar de identidade  por  causas tão contestadas. 

sábado, 7 de abril de 2018

Inimigo #1


Os cães são o inimigo número um dos amantes. A afirmativa não é gratuita. Os holandeses, sempre muito avançados nas questões dos costumes, já sacaram que os simpáticos dogs  e a  prática sexual são incompatíveis, tanto assim que liberaram uma praça de Amsterdã para encontros amorosos completos, ao mesmo tempo que em proibiram a circulação de cães pelo local.

Será que não é má vontade com os aparentemente inocentes animaizinhos? Os holandeses podem ter lá suas razões que não devem ser muito diferentes das que colhi em vários depoimentos de vítimas de nefasta interferência canina nas suas relações. Todos reclamam que, nos tempos que correm,  número expressivo das mulheres disponíveis, solteiras ou descasadas,  já estão emocionalmente envolvidas. Cães e gatos passaram a ocupar lugar de destaque em seus corações e mentes, o que explica a disseminação e a prosperidade do comércio dedicado a produtos para pets.    Algumas moças e senhoras, inclusive, tem o hábito pouco saudável de permitir que seus animais domésticos durmam na mesma cama, impregnando-a de pelos e odores. O mesmo leito que depois será compartilhado para práticas mais saudáveis. Um conhecido conta que, submetido a uma situação assim, dava um jeito de só transar na banheira. Outro preferia o sofá, até se dar conta de que o móvel também era hospedaria de cães e gatos. Mas aí já era tarde e depois de um constrangedor acesso de espirros na hora H, decidiu romper com a namorada. Desde então dedicou-se a conquistar mulheres sem animais de estimação.

Mesmo com o excesso de pelos, os gatos não devem ser motivo de preocupação  porque eles não se fixam tanto nas pessoas e sim no habitat, portanto não veem o amante de sua dona como um rival, a disputar espaço e atenções. Com os cães é diferente. Cães são obsessivos, ciumentos.

Pós-graduado em psicologia de mesa de bar, também observo esse crescente apego das mulheres aos animais domésticos, adotados como se fossem filhos.  Constato ainda a preferencia feminina para batizar os animais com nomes estrangeiros, talvez para conferir a eles um status que seus pedigrees não autorizam. Nomes retirados, com frequência,  de séries televisivas ou do Netflix, tipo  Greys, Mirror, Gilmore, Hommer, Seinfeld e barbaridades do gênero. Conheci um casal de cães que atendia por Desperate e Housewives.

E tem cada história! Amigo do blogueiro revela que a maior humilhação que sofreu foi quando uma parceira trocou um promissor happy hour pela compra de rações para seus cães. Até hoje ele não se recuperou da desfeita. Outro amigo conta uma situação que mostra até que ponto a espécie pode ser ardilosa.. Nos primeiros encontros na morada  da amante, o cãozinho de estimação não o hostilizava, ao contrário, fazia festa e se refestelava com ele, doce e meigamente. Mas isso ocasionava problemas quando voltava para casa e o cão da família ficava eletrizado, não largava do pé dele, e ele não sabia explicar o porquê. Só descobriu mais tarde: a amante, na verdade, tinha uma cadela e ela - a cadela - estava no cio, fazendo nosso amigo de portador da química que atiçava o seu cão.  

Outro companheiro de confrarias se queixa de um cachorinho voyer, que conheceu na casa da amante. O danado do bicho ficava a espreita na hora do rola-rola do casal e demonstrava todo o seu entusiasmo com o que assistia. O que mais irritava o sujeito era que, assim que colocava os pés nas casa da outra, o cãozinho já subia para o quarto, rabo abanando freneticamente, para presenciar o espetáculo. Menos mal que era um animalzinho de pequeno porte, já que o nosso amigo temia que um dia o excitado cão saltasse sobre eles. Imagina o estrago, se o bicho fosse grande.

Ao expor essas situações só espero não ser execrado pelos adoradores de pets, nem sofrer retaliações da Felícia e do Godo, os yorkshire aqui de casa.


segunda-feira, 2 de abril de 2018

MINICONTO, GRANDE BOBAGEM

Ao ser perguntado pelo terminal bancário se desejava fazer outra operação, respondeu em voz alta:

- Sim, de hemorroidas.