sábado, 5 de abril de 2014

Meu carro, minha vida

Outro dia assisti na TV  a um  repórter pedir ao filho, guri de seus 10 anos,  que comentasse o que já falavam em família  porque  alguns  motoristas porto-alegrenses eram tão incivilizados,   E o menino, sem titubear, lascou: “Porque tem pinto pequeno!”. Pois é, talvez o garoto despachado tenha razão, assim como existe uma idea consolidada de que aqueles carrões bebedores de combustível são uma forma de compensar os pintos pequenos de seus donos.

Na verdade, o carro deveria se uma extensão das pernas, do corpo do homem, um instrumento para ir e vir de forma rápida, eficaz, econômica e com um mínimo de qualidade. Mas o que se observa nas ruas e nas estradas não é isso, a ponto da psicóloga Ana Verônica Mautner  afirmar (revista Carta Capita, 31/01/2011): “Tem homem que precisa de um motor para carregar seu próprio pinto. A potência é da máquina, e não dele". Afirmação corrobora a tese da relação pinto pequeno x carro grande, pinto pequeno x carro potente.

Poderia aprofundar mais o assunto, destacando a sedução que o carro exerce, ao dar a sensação de que o indivíduo se torna mais potente, menos lento, mais robusto.  Tem até um comercial dirigido aos “apaixonados por carro”. E de outro lado tem as “marias gasolinas”, moçoilas mais interessadas nas qualidades do carro do que nas do seu seu proprietário.
Ainda em relação em gênero feminino, “marias gasolinas” à parte, chama a atenção a preferência por determinados modelos e marcas, tipo Ka, Uno ou Clio e os da linha Citroen. Segundo os estudiosos, elas preferem veículos mais funcionais, práticos e simples, como o fazem também em relação à casa, já que a maioria têm jornada dupla de trabalho, enquanto o homem dedica ao próprio carro atenções que não reserva para nenhum outro objeto.

Chega de teorizar porque sou obrigado novamente a bancar o bisbilhoteiro e revelar um diálogo ouvido recentemente na mesa ao lado:
- Foi tua mulher que escolheu teu carro?

- Não, por que?
- Porque com um carro chinelão desses não vais conseguir ‘pegar’ ninguém.

Para concluir, antecipo que tenho um carro de tamanho médio e de potencia também média.