Graças aos Jogos Olimpícos tive minha primeira chance na redação da Zero Hora. Foi em 1972 quando a editoria de Esportes, chefiada pelo talentoso maluco Cói Lopes de Almeida, precisou se reforçar para a cobertura dos jogos de Munique. A convite do Félix Valente, que era o subeditor e meu colega na Fabico, deixei o arquivo do jornal e junto com o Paulo Borges Fortes (onde anda?) fomos estrear no jornalismo. Foi quando também levei a primeira reprimenda, pelo Kenny Braga que era o copidesque (ainda existe a função?) do Esporte:
- Desde 1917 a Rússia é a União Soviética, porra! - esbravejou o Kenny
para toda a redação ouvir, ao revisar uma matéria em que provavelmente eu relatava
alguma vitória dos então soviéticos.
Fiquei vexado, mas não me abalei com a brabeza do
Kenny, que se tornaria meu amigo e colega em outras jornadas dali pra frente.
Na real, o que ficou de má lembrança
daquela Olimpíada foi o ataque terrorista do Setembro Negro à delegação
da Israel. O saldo do atentado foram 18 mortos, entre atletas israelenses
- a maioria -, terroristas e policiais.
A Olimpíada de 72 continuou, apesar do episódio que
manchou a proposta de uma edição que se
pretendia como celebração da paz. Desde
então também passei acompanhar de perto
como jornalista todas as edições dos Jogos, mas nunca presencialmente. Na Rádio
Gaúcha, participei das gestões que
garantiram a presença do repórter Claudio
Dienstmann em Seul, 1988, e depois em 1992 do Antônio Carlos Macedo em
Barcelona, em dobradinha com a enviada
de Zero Hora, Cláudia Coutinho.
Em 1994, a RBS
decidiu investir nos Jogos Olímpicos como já fazia nas Copas do Mundo de Futebol. E isso significava enviar uma equipe mais
numerosa e montar uma estrutura mais robusta para a edição do centenário dos Jogos, que seriam
realizados dois anos depois em Atlanta (EUA).
Foi a primeira grande cobertura olímpica da Gaúcha e o evento passou a
fazer parte do calendário permanente da emissora. Hoje, quando ouço direto de
Tóquio as intervenções do múltiplo Zé Alberto
Andrade, que fez parte daquela equipe pioneira, lembro que de alguma
forma contribuí para essa consolidação da Gaúcha em Olimpíadas ao visitar
Atlanta, num trabalho de percursoria, logo após a Copa de 94, também realizada
nos Estados Unidos. A ideia foi do grande Armindo Ranzolin que queria
solidificar o conceito adotado pela Gaúcha
de ¨a rádio de todos os esportes¨ e ampliar o leque de produtos
oferecidos pelo Departamento de Esportes.
E lá fomos, Cézar Freitas, da RBS TV, e este que vos fala para Atlanta,
capital da Geórgia, sede da Coca Cola e da CNN, mas uma cidade com um terço da
população de Porto Alegre. Graças a ajuda do pessoal da TVE espanhola que
organizava as comunicações da Copa do Mundo e estava envolvida também com a Olimpíada,
fomos muito bem recebidos pelo Comitê Organizador, visitamos todos os locais
disponíveis e levantamos os dados necessários para a cobertura prevista pela
Gaúcha. No ano seguinte deixei a RBS e não acompanhei a evolução do projeto,
que foi bem-sucedido e, confesso, me deixou emocionado quando começaram as
primeiras transmissões.