Existe um
grupo muito especial de mulheres: as Homens Honorários. Explico: nada a ver com masculinidade ou
feminilidade, trata-se tão somente de mulheres que frequentam grupos
majoritariamente masculinos e participam com naturalidade de conversas
escabrosas, eroticamente falando, e ouvem o que devem e o que não devem de seus
mui amigos homens.
As Homens
Honorários são encontráveis especialmente nos ambientes profissionais, onde os
naipes femininos e masculinos convivem diariamente, às vezes mais horas do que
em suas casas. E tem os almoços e os
happy hours espichados, com aquelas conversas descompromissadas que, com
frequência, derivam para assuntos picantes.
Normalmente são os homens a contar vantagens de conquistas que nem
sempre correspondem à realidade, mas com versões turbinadas para impressionar a
audiência.
Nesse ponto
sou solidário com as Homens Honorários, obrigadas a ouvir todo o tipo de
baboseiras para manter esse elevado estágio da condição feminina e humana. E
fingir que acredita que o barrugudinho do Financeiro se deu bem com a nova
estagiária do RP.
É a postura
superior, um tanto blasê eu diria, dessas parceiras de fé, irmãs, camaradas, que
faz delas Homens Honorário. Não o houve nomeação, nem qualquer ato formal de ascensão
. Elas se habilitaram à posição e
ponto. Não existe contestação, mas
reverência e reconhecimento do sexo frágil, no caso os homens.
Interessante
constatar que já se forma uma geração de pretendentes a Homens Honorários. São ex-estagiárias que ascenderam a condição
de efetivas, moças do segundo escalão que buscam novos horizontes, senhoras de
boa formação que começam a estender seus relacionamentos, enfim, todas aquelas
que sabem conviver com o sexo oposto, não numa condição de enfrentamento nem de
submissão, mas de natural comunhão na chamada vida real. Essa categoria é conhecida como Homens
Honorários Juniores.
Conheço pelo
menos três colegas na condição Homens Honorários, mas não vou citar nomes para
evitar ciumeiras e retaliações. A primeira é poderosíssima, mas não é por isso
que virou Homem Honorário, mas pelo que já aturou nas conversas escusas de seus
pares. A outra é um cão de guarda de tão
fiel, capaz de flagrar os amigos com a outra e manter um silencio obsequioso
sobre o perfil da outra. Por fim, o tipo
que mais simboliza a categoria: a moça
expansiva, mandona, que se mete em tudo, antecipa as conversas e usa os
palavrões como se fosse um mero substantivo.
Convivo com
as três numa boa, mas em verdade vos digo que não me arrisco a contrariá-las.
Embora não tenha nada a esconder, elas sabem demais, então toda a cautela é
pouca.