quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

2010: Maria Clara está chegando

O que te espera não é propriamente o paraíso, mas tem gente boa por aqui e ansiosa por tua chegada. Teus pais, tão diferentes diante da vida, tão geniosos e geniais e tão iguais no imenso amor a ti, são garantias de que teus sonhos não serão utopias. Tua avó é uma doce criatura e outro porto seguro, só cuida para ela não te mimar demais. Teu avô é um tanto inconveniente, mas é do bem e podes confiar nele. E os teus tios, rabugices à parte, são jóias raras e serão uma fonte permanente de aprendizado. Há outros membros na família e podes desde já adotar como parentes, porque os cães e os gatos de nosso convívio são companheiros incondicionais de toda a hora. A raiz é boa e forte e a terra fértil. E raiz boa e forte em terra fértil gera frutos fortes e generosos. E assim serás.

*Maria Clara, filha da Flavinha e do Rodrigo, chega em janeiro

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Discrição é tudo - final

*Recomenda-se ler a postagem anterior de Discrição é tudo

Às vezes até mesmo o mais cuidadoso infiel acaba sendo descoberto em pleno dolo. Foi o que aconteceu com M., gerente de uma transportadora, que reuniu condições para uma escapada de fim de semana com a secretária, dona A., moça ajeitadinha mas uma boa bisca. Era início de outono e ele escolheu um hotel charmoso numa pequena praia no litoral norte para os dois dias de sonho. Estava certo de que não encontraria nenhum conhecido. Por isso, tão logo chegou ao local decidiu dar um passeio romântico com a acompanhante na beira da praia, mãozinhas dadas, preparando o clima para os grandes momentos que viriam.

No meio do passeio, a surpresa e o primeiro susto: um ônibus despejava pessoas, com sacolas, bóias, engradados de cerveja, churrasqueiras portáteis, instrumentos musicais e até uma ou duas pranchas de isopor. Era o pessoal do depósito da transportadora, que decidira excursionar, justo naquele dia e naquela praia, para aproveitar os últimos resquícios de calor. A turma da firma se fazia acompanhar das esposas, filhos, sogras, sobrinhos, vizinhos de uns e de outros e um grupo inteiro de pagode.

O gerente e a secretária estacaram diante daquela autêntica farofada outonal. Descobertos pelos subalternos, alguns já turbinados pelo trago, viraram motivo de brincadeiras. “Aí, hein, chefia. Tá bem na foto com a dona A”, e outras inconveniências. O fim de semana acabou ali para o casal de amantes. A carreira da dona A na empresa também e logo ela estava na fila do SINE, em busca de novos desafios. Nosso gerente, como um cachorro ovelheiro, não desistiu de empreender novas conquistas, mas agora prefere levá-las para as cidades serranas, que os farofeiros ainda não descobriram.

Agora vou dar a real pra vocês: de nada vai adiantar a discrição, a cautela e as artimanhas para manter o relacionamento em segredo. Um dia os amantes serão vistos juntos, o caso virá a tona e vai se espalhar como rastilho de pólvora. Então, enquanto isso não acontece, siga o conselho da Marta Suplicy: relaxa e aproveita.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Discrição é tudo - primeira parte

Ao contrário do que prega a clássica anedota da Sharon Stone náufraga, que recompensa seu Crusoé moderno, que depois pede a ela para se vestir de homem e dar uma volta pela ilha, etc. etc, etc., a discrição é o segredo para curtir um relacionamento transgressor por muito tempo. A recomendação vale especialmente se esse relacionamento for entre colegas. Em texto anterior (A Festa da firma) já nos debruçamos sobre as relações perigosas no ambiente de trabalho, mas omitimos a importante lição ensinada pelos mais credenciados especialistas no tema. Falha nossa.

Os mestres, moldados por muitas batalhas, são veementes na condenação do que poderíamos resumir por “se não for para espalhar, qual é a graça?”. Os homens têm obsessão em vitaminar seus currículos com histórias de grandes e pequenas conquistas. E para a maioria interessa mais a quantidade que a qualidade, embora as Sharon Stones da vida (você pode trocar por Angelina Jolie, Gisele Bundchen, uma ex-BBB ou outra celebridade qualquer) mereçam figurar na comissão de frente nas histórias contadas em mesas de bar. Só que não há tantas Sharon Stones disponíveis e muitas moças e senhoras só aparecem como tal por efeito de uns copos a mais na hora da conquista, ou no relato, ligeiramente exagerado, aos amigos. Todas ganham status de “verdadeiras Deusas” e na real, sabemos que não é bem assim. Mas não estamos aqui para julgar as atitudes dos parceiros ou fazer juízo de valor sobre as mulheres de suas vidas.

O que importa é que seja aprendida a lição de que a discrição é fundamental. O mínimo que aquele seu casinho no escritório espera é ser preservada diante do grupo de trabalho.

Há que ter cuidado com as armadilhas. Não faça como S., premiado publicitário que se apaixonou pela garota da Mídia e para agradar ao novo amor aceitou o convite para um cineminha, sexta-feira à noite, num movimentado shopping da cidade. Ele não contava que todo o pessoal da agência também estava com disposição para freqüentar o shopping naquela sexta-feira. O flagra foi inevitável e constrangedor, com sérios desdobramentos na vida profissional e familiar de ambos. Faltou dizer que os dois eram casados.

Um flagrante assim gera falatório, queima o seu filme e da sua acompanhante. Homem não dá muita importância a isso, acha que a fama de pegador é positiva, mas as mulheres detestam o ti-ti-ti e rejeitam ser vistas como “a outra”. Pessoa que já transitou por essas crônicas acrescenta que as mulheres até não se importam de serem a outra e ele chegou a essa conclusão quando foi abordado por uma conhecida com a seguinte sentença:

- Eu quero ser a outra da tua vida.

O exemplo pode legitimar a tese, mas ela precisa de adendo – desde que não seja identificada publicamente como a outra e fique tudo apenas entre as duas partes interessadas. Algumas mulheres até se expõe no limite do aceitável. A propósito, circulou recentemente no território livre da Internet, o acontecido com um executivo que estava de casamento marcado - e provavelmente não tratou da questão com a devida atenção - e foi surpreendido com uma faixa estampada em frente a sua casa, no dia do enlace.

- “Fulano, eu vou ao teu casamento. Assinado: a Outra”.

Imaginem agora como foi a cerimônia para esse pobre coitado. Quem tiver informações dos desdobramentos do caso, por favor, me repasse.

(continua)

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Receita de Ano Novo

De todas as mensagens de boas festas que recebi - e foram muitas - as que mais me tocaram foram as que fizeram referência a este belo texto do mestre Carlos Drummond de Andrade:

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A FESTA DA FIRMA - final

*Recomenda-se ler a postagem anterior de A Festa da Firma

O cenário contribui para criar o clima que vai funcionar como contraponto e negação às chatices do cotidiano. A música convida ao balanço e a bebida liberada desinibe até o sisudo chefe do RH. Se houver troca de presentes, surge a primeira chance de um amasso naquela colega bem dotada que a sorte reservou para você no amigo secreto. Enfim, está tudo pronto para que a festa descambe para práticas que extrapolam os limites do coleguismo. Olhares, gestos, palavras fazem parte do processo de interação e, aos poucos, as parcerias vão se formando naturalmente, por afinidades, desejos e pretensões fixadas com antecedência. Muitos colegas já chegam emparceirados e a festa é apenas a última etapa para os finalmente.

Na verdade, nada acontece por acaso. Aquela moça que de repente surge a sua frente, no caminho para o bufê, estava de olho em você há muito tempo. E aquela outra que era o seu sonho de consumo está logo ali, olhar pidão, esperando o convite para sacolejar na pista de dança. Você é caçador e é caça. Valeria a pena uma descrição mais detalhada desses momentos que expressam a realização plena da nobre arte da sedução. Mas vamos deixar para outra ocasião, porque agora o mais importante é repassar algumas dicas, especialmente preparadas por experts, que garantirão o sucesso da noitada.

Cuidado com a bebida é a primeira recomendação. Na dose certa ela encoraja; em excesso pode transformar você no bobo da corte com direito a todos os micos. Se ainda assim você conseguir ficar com alguém pode faltar energia na hora do vamos ver. (Lembre-se, existe vida real no dia seguinte).

Saiba também que mulher detesta bafo de cerveja, mas tem boa tolerância ao vinho e aos espumantes. Ah, os espumantes. Mulher adora dizer que adora espumantes. Então, é por aí. A cautela com a alimentação também é necessária. Nada mais desagradável que uma indisposição estomacal quando você está quase consumando o sonho de arrastar pra intimidade aquela morena dos Serviços Gerais. Pegue leve, portanto.

Pra não alongar mais o papo, o último - e talvez principal - conselho dos especialistas: tenha foco. Escolha o alvo, mire nele e vá em frente. No máximo, tenha um plano B à mão, caso a primeira alternativa não dê certo. Se você ficar dando tiros a esmo, vai gastar toda a munição, afugentar as potenciais pretendentes e, no fim da noite, terá que se contentar com aquela solteirona faceira do Almoxarifado, tamanho GG, mas trajando um modelito 42, vermelho "cheguei". (Prepare-se para ser sacaneado pelos colegas no dia seguinte e em todos os dias até a próxima festa).

Dentro do mesmo sub-tema, cuidado com suas escolhas. Certifique-se de que a parceira pretendida já não está comprometida com outras instâncias hierárquicas da empresa. Não faça como aquele contínuo boa pinta que se assanhou com a secretária da diretoria e no dia seguinte foi demitido pelo diretor financeiro, que tinha mais "cacife" que o afoito jovem. Se pintar um sinal de alerta durante o cerco à colega, saia de fininho e parta para outra. Manter o emprego é mais importante que uma noitada. O mercado de trabalho não está pra peixe e, afinal, sempre há outras opções no elenco feminino de sua empresa. Á luta, companheiros.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A FESTA DA FIRMA - primeira parte

Fim de ano é tempo de confraternização nos locais de trabalho. Conhecidas vulgarmente como “a festa da firma”, essas confraternizações estão a merecer um estudo sociológico sobre suas implicações, que vão além das afinidades funcionais. Na verdade, o estudo precisaria ser mais amplo por conta das relações perigosas que se estabelecem no ambiente de trabalho, em níveis inferiores e superiores.

Se fosse transformado em uma série de TV americana o título apropriado para tal estudo seria "Sex and the Office". Se fosse escolhido um patrono para a causa seria, sem dúvida, o ex-presidente Bill Clinton, que quase perdeu o cargo mais poderoso do mundo por causa do envolvimento com aquela estagiária bem nutrida, tendo como cenário o Salão Oval da Casa Branca.

Em outro episódio da série, mais recente, o governador do estado americano de Nova Jersey, gay assumido, confessou que traia a mulher com um assessor. A primeira-dama veio a público para revelar que também praticava adultério...com o mesmo assessor, na mesma cama, todos juntos. Togheter! Depois veio a público mais um escândalo, desta vez envolvendo o prefeito de Detroit, acusado de promover orgias em seu gabinete. Uma endemia de sacanagens oficiais!

O puritanismo americano, com seu viés hipócrita, julga com severidade esses casos e determina o fim de muitas carreiras políticas. (Renan Calheiros deve se considerar um homem de sorte por não ter vivido na América). Prevenindo-se contra revelações futuras, o sucessor do destituído governador de Nova Iorque - flagrado esbanjando dólares com prostitutas de alto quilate -, saltou na frente. Ao assumir o cargo, foi logo declarando que tivera um caso com uma assessora, durante uma crise matrimonial anos antes, mas que agora estava tudo bem em casa. Soube-se depois que a mulher do novo governador também pulara a cerca no mesmo período. Deve ser terrível viver num país com uma classe política dessa estirpe...

Vamos combinar que a prática de sexo no escritório, seja público ou privado, não é coisa nova. Deve ser tão antiga quanto os escritórios e por certo teve início quando homens e mulheres passaram a conviver boa parte do dia no mesmo ambiente. Só que se acentuou com a liberação dos costumes e os confortos proporcionados pelos escritórios modernos, climatizados e com aqueles sofás convidativos. O cinemão hollyodiano se ocupa do tema com freqüência e "Atração Fatal" talvez seja o exemplo mais conhecido.

Mas o que chama a atenção é o fetiche que o ambiente de trabalho significa para determinados funcionários e funcionárias. Tive acesso a inúmeros depoimentos de gente que se imagina transando em cima das mesas, entre grampeadores e computadores, relatórios e agendas e, às vezes, a foto de uma cena de família a espreitar os amantes. E conheço também alguns casos em que esse sonho foi realizado e todos garantem que é um momento único, pelo que representa de transgressão. E se for na sala do chefe, melhor ainda. Sei do caso de um contínuo que para se vingar da tirania do chefe transava no escritório dele com a faxineira, que era a garantia que tudo ficaria limpo e em ordem no final.

Mas o nosso foco é essa circunstância que predispõe às relações perigosas, coleguismo à parte, nos escritórios - " a festa da firma". Os congraçamentos servem para liberar alguns desejos sufocados no dia a dia da empresa, que impõe exigências cada vez maiores de produtividade, gerando insegurança quanto ao futuro e muito estresse. A verdade é que nesse contexto fica mais difícil a libido aflorar.

Aí vem o dia da grande festa de fim de ano e um frisson perpassa o ambiente de trabalho. As mulheres se produzem, marcam hora no cabeleireiro ou lançam mão da chapinha e à noite surgem resplandecentes com suas melhores roupinhas. Amigas sinceras me confidenciaram que estréiam peças íntimas, recém adquiridas, nessas ocasiões. Os homens não chegam a tanto, mas também se preocupam em dar um trato no visual.

(continua)

sábado, 19 de dezembro de 2009

Para Maria Clara

Quero ser teu exemplo e teu guia, teu mentor e protetor.
Minhas mãos te apontarão caminhos e juntos faremos novas descobertas.
Meus braços ainda serão fortes para te amparar e meu coração será aconchego para compartilhar teus segredos, celebrar tuas emoções, confortar tuas dores, refúgio nas incertezas, que um dia foram as minhas.
Tenho tantas histórias para contar, tantas canções para ninar, tantos sorrisos para te alegrar e, se os tombos da vida te fizerem chorar, eu chorarei contigo para que as lágrimas cessem mais rápido.
Não vai faltar energia para expurgar os bichos-papão, o monstro debaixo da cama e os fantasmas das noites insones, porque vou velar teu sono para que teus sonhos sejam povoados de fantasias de criança.
E quando cresceres quero estar presente e vou me empenhar para cedo aprenderes a voar. Aí poderás escolher o melhor destino que, se quiseres, poderemos traçar juntos e que a tua jornada seja segura e prazerosa.
E um dia, quando eu voltar a ser criança de novo, poderás retribuir, segurando a minha mão na paz de um acalanto final.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Fetiches e fantasias - final

*Recomenda-se ler a postagem anterior de Fetiches e Fantasias

Em termos de fantasias é recorrente o desejo de transar em público, com uma infinidade de variações - nas praças, na praia, nas festas - desde que haja muita gente em volta. Não se trata de exibicionismo, porque todos afirmam que não querem ser vistos em plena prática, mas da alta dose de adrenalina que a situação limite proporciona diante da possibilidade de serem descobertos.

Alguns pesquisados relatam acrobacias extraordinárias para realizar essa fantasia. Um deles se especializou em transar com a namorada em coquetéis, mas ele evita explicar os detalhes com receio de ser identificado. Suspeito que os fatos aconteçam nos banheiros e, como se trata de pessoa politicamente correta, acredito que alterna o masculino e o feminino para manter o equilíbrio de gênero. Questão de respeito a companheira de jornada.

O que ele não esconde é como tudo começou. Era um coquetel de abertura de uma exposição em um ambiente com luz de boate. Sua parceira na ocasião se apresentou com um vestido justo sem marca aparente das calcinhas. Observador atento, ele pressentiu a tentação. Aquilo não era um figurino de festa; aquilo era um convite à transgressão. Ele não resistiu. Refugiou-se com a moça em uma mesa mais retirada onde aconteceram as preliminares. A etapa conclusiva foi atrás de um dos painéis da exposição, um ato discreto mas intenso, enquanto o artista fazia um esforço danado para explicar sua complexa obra aos visitantes.

Foi uma experiência tão incrível, transbordando de adrenalina, que nosso amigo adotou como padrão desde então. Ele está tão viciado na prática que, cheio de ansiedade, consulta diariamente os cadernos de variedade dos jornais em busca dos eventos do dia e exulta, como criança que ganha brinquedo novo, quando recebe o convite para um vernissage. A amigos comuns ele confidenciou que está precisando de novos desafios e agora faz planos para transar com suas acompanhantes durante os shows dos grandes artistas que vem a cidade. To pagando pra ver, mas não duvido

Não deve ser desprezada outra fantasia recorrente entre os homens, a ménage a trois. Não conheço um que não queira dividir a cama com duas mulheres, embora a maioria não dê conta nem de uma. Todos, em algum momento da relação, insinuam esse desejo as suas parceiras e a melhor resposta que ouvi foi da namorada de um dos pesquisados, relatada pelo próprio:

- Sexo a três? Então convida aquele teu amigo para ir ao motel conosco.

Nosso pesquisado nunca mais ousou sequer pensar no assunto e, por via das dúvidas, evitava se encontrar com a moça em locais onde o tal amigo poderia comparecer, porque agora tinha razões para desconfiar que ele assumira lugar de destaque nas fantasias da namorada.

Em se tratando de fetiche e fantasia tem gosto para tudo. Liderança política de nossas relações é fascinado por mulheres que usam aparelho ortodôntico. Só que ele prefere arrebanhar suas conquistas na periferia onde, justifica, encontra belas garotas, mas não tão exigentes. Todas, acrescenta, sonham em se igualar às moças dos bairros mais nobres, não pelos cabelos alisados com chapinha ou pelas roupas e sapatos de marca, mas pela dentição perfeita.

Nosso amigo sacou essa frustração das bonitinhas da periferia, o que vinha ao encontro da sua inconfessável mania. Ele só se excitava se a mulher usasse aparelho e decidiu investir nesse nicho. Acertou com um amigo ortodontista um tratamento básico, a preços módicos, e passou a financiar novos sorrisos, com ferrinhos à mostra, em bairros distantes. Além disso, ele alega que está promovendo um trabalho de grande alcance social ao contribuir para a saúde bucal das moças da periferia, que não teriam recursos para pagar o tratamento.

“ Nenhuma resiste à oferta”, afirma, satisfeito com os dividendos do seu investimento, ao mesmo tempo em que desdenha de amigos comuns que preferem pagar aplicações de silicone, lipoaspirações ou plásticas para suas pretendentes: “ Eles gastam uma nota preta e quem acaba estreando a moça redesenhada é o vizinho motoqueiro”.

A propósito...

"Meu Viagra é uma calcinha preta".
(Anonimo)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Fetiches e fantasias

Fui ao Google e constatei assombrado: existem mais de 780 mil verbetes sobre Fetiches, objeto da minha pesquisa. Confesso que o meu assombro nem foi tanto pelo volume de informações, mas pelos conteúdos, alguns absolutamente inéditos para mim e olha que não cozinho na primeira fervura. Vi coisas do arco, de oferta de produtos para a exaltação do prazer a estudos acadêmicos sérios, de conselhos médicos a sites fartamente ilustrados.

Descobri até um grupo de pressão, inspirado no modelo americano, que ensina como tratar publicamente do BDSM, que é a sigla para Bondage & Disciplina, Dominação/Submissão e Sadomasoquismo. Bondage tem a ver com a imobilização parceiro, pelo que entendi. Depois de tudo, cheguei a conclusão de que a perversão vai dominar o mundo – é a nova onda.

Mesmo assim, aprofundei a pesquisa e, entre outras coisas, fiquei sabendo que fetiche vem do francês fétiche, que por sua vez vem do português feitiço e este do latin facticius – artificial, fictício. Êta, erudição.

Pois bem, de posse dessas informações e ainda atordoado com o que vi no Google, decidi acionar o DataDutra, meu instituto particular de pesquisa, para saber o que passa pela cabeça do homem moderno em termos de fetiches e fantasias. A pesquisa não tem valor científico, mas a amostra é consistente: ouvi quase todos os meus amigos, que não são poucos.

As informações colhidas apontam como campeoníssima dos fetiches a calcinha preta, seguida da vermelha e da branca, estas bem abaixo na cotação. Ninguém conseguiu me explicar com clareza o porquê da preferência. Afinal, preto é ausência de cor, mas como não estamos aqui para explicar nem para entender, ficaremos somente no registro do fenômeno, sem enveredar pelas interpretações possíveis.

E um registro que vale a pena fazer e que dá uma idéia da dimensão que esse fetiche assumiu é que até comunidades virtuais foram criadas, entre elas a que se intitula "Pretinha Básica", com milhares de membros, ou melhor, integrantes, grupos de discussão e links para assuntos relacionados.

Durante a pesquisa ouvi outras histórias interessantes. Um dos entrevistados, por exemplo, tinha tanta devoção pela peça íntima preta que invariavelmente carregava uma sobressalente em compartimento da mochila em que acondicionava o laptop. Se a parceira se apresentava com a peça de outra cor, ele ordenava: "Tira essa daí e coloca a preta". E só depois desse ritual é que ele entrava em campo, despindo lentamente o adorno que determinara, momentos antes, que sua companheira usasse.

Outro amigo contou que evitava gastos supérfluos consultando antecipadamente anamorada. Se a calcinha não estivesse de acordo com a grade de cores do fetichismo, ele dava um jeito de transferir o encontro;

- Amor, tô usando aquela calcinha bege, tipo fio dental.

- Bege!!! Nem pensar. Sinto muito, mas hoje não vai rolar.

Não foram poucas as vezes que a moça teve que trocar a peça para satisfazer seu exigente amado.

Em termos de fantasias é recorrente o desejo de transar em público, com uma infinidade de variações - nas praças, na praia, nas festas - desde que haja muita gente em volta. Não se trata propriamente de exibicionismo, porque todos afirmam que não querem ser vistos em plena prática, mas da alta dose de adrenalina que a situação limite proporciona diante da possibilidade de serem descobertos.

(continua)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Patrícia Poeta quase me deprime

Agora essa: está virando moda as mulheres não se depilarem. Um sacana que escreve num desses sites de abobrinhas sobre celebridades flagrou a tendência, citou nomes e comprovou com fotos. Lá está a minha ídala Patrícia Poeta posando para a revista Nova e exibindo aquelas belas coxas...cheias de pelos. Não é aquela penugem aloirada que, na medida certa e no lugar adequado, é capaz até de me fazer voltar à ativa e abandonar minha nova legenda – “Era bom!”. Mas o que aparece são pelos negros, gigantescos, espraiados sobre a pele morena. Parece uma teia de aranha. Quase entrei em depressão, mas logo me recuperei ao lembrar a época em que aquele corpo sarado da Patrícia, ainda sem máculas pilosas, abrilhantavam os comerciais televisivos da Academia do Parque.

O sacana do site pelo menos parece indignado com a nova moda e promete abandonar o país, assustado com a possibilidade de, na chegada do verão, termos um desfile de pernas e sovacos cabeludos pra lá e pra cá. Fecho com ele, mas recomendo que não vá para a França porque lá, ao que sabemos, o hábito da depilação ainda não chegou. Um amigo jornalista que viveu um bom tempo na Europa contava que para transar com uma namorada francesa, linda mas com uma aca broxante, alegava que era portador de uma rara doença que só permitia que fizesse sexo durante o banho. E assim conseguia minimizar os odores que emanavam daquelas axilas cobertas de pelos.

Tenho outros depoimentos sobre os efeitos da falta de higiene no desempenho sexual de homens e mulheres. Um companheiro se queixa, por exemplo, que a ex-namorada cheirava a virilha, aquela morrinha característica da região púbica masculina. Aí é duro de enfrentar. A queixa de outro é que as roupas da parceira pareciam contaminadas com naftalina, um detalhe perturbador na hora do vamos ver. Sexo é química, mas não precisa exagerar. Poderia relatar mais casos, mas o assunto é constrangedor e vou ficar por aqui.

Na real, acho mesmo que estou ficando sem inspiração para trazer ao blog um tema que beira o nojento. Nas próximas, me recupero.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Adjetivos e advérbios

Economia nos adjetivos e parcimônia com os advérbios, ênfase aos substantivos e força nos verbos. Os puristas do estilo recomendam essa fórmula básica para a construção do chamado texto escorreito, elegante, fácil de ser lido e entendido. “Escrever bem é cortar palavras”, acrescentaria Drumond. Pois, humildemente, me atrevo a contrariar o mestre. E vou me socorrer do ator Carlos Vereza para tentar uma justificativa, furada que seja. "Peço desculpas aos que, por ventura, acessem este Blog pelo uso excessivo de adjetivos ao expor minha opinião sobre Lula e o PT. Mas, tenho dificuldades em ser substantivo, tratando de tão lamentável tema,” escreveu o bom Vereza em seu blog. Concordo com ele em gênero, número, grau e conteúdo.

No caso, em nome da contundência, Vereza prioriza o conteúdo em detrimento da forma. O ideal é harmonizar forma e conteúdo, mas se tiver que optar, o quê tem precedência sobre o como. Diferente do que clama uma diligente amiga do curso de Letras, devota de Drumond, que reclama do excesso de palavras dos meus textos. A ela reafirmo que prefiro a clareza ao estilo, por isso repito palavras se necessário, uso e abuso do aposto - e das explicações entre travessões, se for o caso – , tudo em nome do bom entendimento que busco oferecer nos conteúdos. Mania de jornalista.

Afora isso, apanho das crases e na colocação das vírgulas, cometo também alguns pecadilhos de concordância mais por falta de revisão do que por desconhecimento. Nada que me envergonhe. Gostaria de me livrar das frases longas, que reprimem a legibilidade dos textos, mas não tenho preconceitos contra os adjetivos. Acho mesmo que eles dão colorido às frases e, às vezes, qualificam uma situação e uma pessoa mais acertadamente do que outra classe gramatical.

Gosto igualmente dos advérbios, especialmente os terminados em mente, seguramente porque transmitem fortemente a magnitude da idéia que quero expressar. Os puristas diriam que o uso freqüente tanto dos adjetivos como dos advérbios empobrecem os textos. Pode ser, mas como não tenho pretensões à Academia Brasileira de Letras nem a de ser o autor do grande romance latino-americano do século 21, vou continuar cometendo os mesmos vícios estilísticos. Bem-vindos os adjetivos, salve os advérbios.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Criança luminosa

Maria Clara está chegando e eu que vivo criticando a pieguice alheia já virei um avô babão. Não há quem resista ao fenômeno da vida se renovando e a mais dura carapaça acaba se rompendo diante do ser frágil gerado pelo melhor de mim e melhores do que eu, que são os meus filhos. Os filhos dos meus filhos não serão apenas extensões de mim, nem sairão a minha imagem e semelhança, mas a eles estão destinadas as benções reservadas aos futuros construtores de um mundo melhor, se assim o quisermos e formos suficientemente firmes nos nossos intentos e laboriosos nos nossos esforços.

Cada vez que uma criança nasce, a vida renasce, mas há uma longa e penosa estrada a ser percorrida e um horizonte a ser alcançado para que o renascimento se torne uma dádiva, repleta de generosidade, infinita de amor, plena de felicidade. É uma missão a ser cumprida e a ela vou me entregar, cultivando amorosamente a criança que chega.

Cada vez que uma criança nasce, renascem as esperanças. E a esperança é o que nos move diante dessas sombras que nos assustam e afligem, e que uma nova energia vem iluminar, curando as amarguras, reconciliando corações e desafeições.

Cada vez que uma criança nasce, a inspiração acontece. E é quando o peso da jornada nos faz querer ser criança de novo, recriar a vida, errar e acertar, compartilhar e desafiar, crescer e gerar mais vida. E que a nova vida seja o melhor legado e mais uma dádiva.

Bem-vinda, minha neta adorada, que é Clara e é luz. Criança iluminada, vem renovar o mundo e me transformar num homem melhor para que eu possa te merecer.

*Maria Clara, filha da Flavinha e do Rodrigo, masce em janeiro

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Para irritar colorados

Café da Manhã:

O Cliente entra na lanchonete, a garçonete se aproxima e diz:
-Bom dia, o que o Sr. vai querer ?
-Qualquer coisa pra enganar o estômago.
Então a garçonete grita pra cozinha:
-Sai um Sport Clube Internacional no capricho !!!
O cliente, surpreso, pergunta:
- Moça, que lanche é esse?
E ela:
- Uma meia taça e um sonho...

Fazendo amor na terceira idade: dicas

(Sexta-feira é dia de relaxar e publicar bobagens)

1. Use seus óculos. Certifique-se de que sua companhia esteja realmente na cama.

2. Ajuste o despertador para tocar em três minutos, só para o caso de você adormecer durante a performance.

3. Acerte com a iluminação: Apague todas as luzes!

4. Deixe seu celular programado para o número da EMERGÊNCIA MÉDICA!

5. Escreva em sua mão o nome da pessoa que está na cama, no caso de não se lembrar.

6. Fixe bem sua dentadura para que ela não acabe caindo debaixo da cama.

7. Tenha Tylenol à mão.. Isto, para o caso de você cumprir a performance!

8. Faça o quanto de barulho quiser. Os vizinhos também são surdos...

9. Se conseguir, telefone para todo o mundo para contar as boas novas.

10. Nunca, jamais, pense em repetir a dose.

( O detalhe é que eu não lembro se já publiquei isso ou não...)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Rádio Corredor: como trabalhar a seu favor - final

(Do Manual para Chefias Intermediárias, a ser lançado pela Via Dutra Publishers and Books/ Recomenda-se ler a postagem anterior sobre o assunto)

Depois que a teia de agentes for descoberta, o passo seguinte é fazê-la trabalhar a seu favor. Espalhe os boatos que lhe convém, sempre discretamente e sem todas as informações, mesmo porque a Rádio Corredor vai adicionar os elementos que darão força e credibilidade aos fatos. Isso funciona quando você precisa dar um “para-te quieto” num funcionário que está enchendo o saco, ameaçando pedir demissão se não ganhar aumento ou promoção. Mencione de passagem na conversa com um agente da Rádio Corredor que você teve contato com aquele profissional da concorrência cujo perfil se encaixa perfeitamente na vaga ocupada pelo tal funcionário. O cara vai ficar sabendo de tudo e mais um pouco. “Parece que só falta acertar o salário”, confidenciará o leva-e-traz e aí teremos um enchedor de saco a menos.

Os mesmos procedimentos podem ser adotados no caso daquele sujeito que está de olho no seu cargo. Espalhe que você tem sido procurado com freqüência por uma chefia superior, em busca de sua abalizada opinião sobre determinado tema. E acrescente, cândida e maldosamente: “Os homens não são bobos, sabem de tudo o que acontece aqui”. Ou seja, você é um elemento de confiança da direção, ao contrário daquele oportunista que está a fim de puxar o seu tapete.

Na relação com a Rádio Corredor você também não tem compromisso com a verdade, mas não abuse da sorte. A tarefa de contra-informação exige que sejam espalhadas algumas informações verdadeiras para ganhar credibilidade. Informações do tipo índices de aumento salarial, promoções previstas, viagens em perspectivas, cursos de capacitação, fatos positivos de preferência, porque a tendência destes, diferentemente dos negativos, é não serem muito ampliados. Além disso, servem como uma boa desculpa caso você seja flagrado manipulando a Rádio Corredor: “Ué, eu só estava antecipando uma informação positiva, de interesse de todos”.

No caso de uma informação relevante em que seja necessário se valer dos préstimos da Rádio, opte pelo lançamento durante uma reunião. Primeiro para você ter certeza de que a difusão da informação vai ser potencializada pelos vários agentes presentes à reunião e depois para você ter testemunhas em caso de distorção. Entretanto, pequenos boatos, santas maldades, fofocas mais ou menos interessantes, prefira transmiti-los individualmente para agentes duplos de sua confiança. O resultado final é melhor e você ainda se resguarda.

A relação com a Rádio Corredor pode se transformar ainda num exercício divertido. Espalhe coisas sem nexo e aguarde o resultado. Quando o boato retornar você vai se deliciar com a forma final que o assunto adquiriu. Exemplo: insinue que aquele colega que é um tanso de marca maior vai ser promovido para importantes funções na empresa. Depois do impacto inicial, no retorno do boato o cara vai ganhar qualidades e capacidades insuspeitadas. Não vai faltar quem diga: “O cara só estava precisando de uma oportunidade para mostrar seu valor”. E o bananão é até capaz de acreditar.

Senhores chefes, é assim que funciona. Portanto, olho vivo e ouvido apurado com a mais poderosa das rádios.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Presépio moderno


Olha quem apareceu neste presépio de Criciúma! (A Mariestela Bairros descobre cada uma!)

Rádio Corredor: como identificar

( Do Manual Para Chefias Intermediárias que Via Dutra Publisher and Books vai lançar)

A Rádio Corredor é um fantástico instrumento informal, presente em todas as organizações, para a difusão de informações, meias verdades, fofocas e boatos, mais boatos e fofocas do que meias verdades e informações. Esse instrumento recebe outros títulos, dependendo da natureza da organização – Rádio Bambu, Rádio Peão, Central de Boatos – mas a finalidade é sempre a mesma, cumprida com eficácia e eficiência: promover o leva-e-traz na local de trabalho.

A Rádio Corredor pode ser um inferno para as chefias. Muitos projetos foram frustrados simplesmente porque informações reservadas vazaram e chegaram à massa trabalhadora totalmente distorcidas. E chegaram via Rádio Corredor, que não tem qualquer compromisso com a realidade dos fatos, mas apenas com o tráfego de informações em si mesmo, de preferência aumentando um ponto em cada conto.

O processo ocorre normalmente em filas de banco, no intervalo para o cafezinho, no refeitório e naquelas conversas de pequenos grupos no pátio da empresa. Os e-mails e os twitters da vida também são usados, mas com cautela, porque deixam rastros que podem desmascarar os maledicentes de plantão.

É fácil perceber quando a Rádio Corredor está em ação: basta aproximar-se de um grupo reunido em um canto qualquer e perceber o constrangimento com a chegada do elemento estranho, a rápida troca de assunto, o olhar inquieto, insincero e o sorriso sem graça dos participantes. Nessas ocasiões, a Rádio Corredor sai do ar por instantes.

E quando voltar, podes crer, a interferência junto ao grupo será assumida como uma confirmação de que aquele boato tem um fundo de verdade. Dez entre dez vezes será ouvida a seguinte frase, após o seu afastamento do grupo: “Viu, o homem está preocupado, então aquele negócio é sério!” .

Na verdade, o efeito perverso da Rádio Corredor pode ser neutralizado e até direcionado a seu favor. A primeira medida é identificar quem são os principais agentes do leva-e-traz. O mais fácil de ser reconhecido é aquele que eventualmente procura a chefia para contar as fofocas envolvendo outros colegas. Esteja certo de que se trata de um agente duplo, que só está esperando você liberar alguma informação para realimentar o processo. Quantas vezes você foi tentado a fazer algum comentário nada elogioso sobre algum colega ou mesmo um superior, como contrapartida a uma informação supostamente privilegiada trazida pelo agente duplo? Você certamente já participou desse jogo e se deu mal. Doravante, resista: tudo o que eles querem é intrigá-lo com a massa ou, o que é pior, com as chefias.

Ouça mais do que fale e mantenha os olhos sempre abertos para identificar os outros participantes da sórdida conspiração. Para saber quem são os outros, basta observar quais são os que sempre repetem suas participações nos grupinhos, seja no encontro informal no pátio, seja na roda do cafezinho. Eles são os potenciais agentes inimigos.

Se você der um flagra num grupo, percebendo que a Rádio Corredor esteve no ar, e mais tarde for procurado por alguém com uma justificativa do tipo “pois é, a gente estava conversando sobre...”, bingo, este é o cara, tentando construir um álibi. Como se trata de um fracote sem caráter, basta um aperto que ele certamente vai vomitar tudo, com riqueza de detalhes.

Outro agente em potencial da Rádio Corredor é aquele sujeito que fala baixinho ao telefone. Das duas uma: ou está namorando no telefone, provavelmente uma colega de outra secção, ou está difundindo informações e boatos. Nos dois casos, merece atenção redobrada. No primeiro caso porque esse negócio de namorar em horário de expediente, ainda mais colegas, pode acabar em confusão; no segundo, para confirmar se o cara é ou não um agente da Rádio Corredor.

(continua)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Solidariedade entre iguais

A verdade verdadeira é que nós, homens, só pensamos naquilo. Então, é natural que as conversas no cafezinho, na mesa de bar e em outros encontros com predominância masculina, o assunto gire em torno daquilo. Essa nuança do comportamento dos machos só é igualada por outra em que as mulheres passam ao largo: a solidariedade. Você jamais vai ver parceiro dedurando parceiro e existe grande respeito pelas mulheres dos amigos, que assumem status de não-cantáveis, sejam elas oficiais ou não.

A espécie se protege e se ajuda, confirma álibis, cede local, carro e grana nos momentos de aperto e é capaz de estabelecer relações de amizade tanto com a titular do amigo como com a outra. É, digamos, uma ética singular nesse contexto. A introdução vem a propósito de história contada pelo jornalista Clóvis Heberle em seu blog (www.clovisheberle.blogspot). Como também fui testemunha dos acontecimentos, um case exemplar de solidariedade masculina, me permito reproduzi-lo, conforme relato do Heberle.

El templo de la perdición

Trabalhávamos muito na sucursal de verão de Zero Hora, instalada no hotel Beira Mar, em Tramandaí, nos anos 90-. Certamente tanto como agora. Pelo menos 12 horas por dia, isto quando não éramos acordados de madrugada para cobrir algum rolo policial. Mas também nos divertíamos bastante. Depois de enviar a última matéria, íamos jantar juntos e depois dar uma circulada pela cidade. Naquela época os argentinos vinham a Tramandaí em ônibus de Turismo e se hospedavam em nosso hotel, geralmente por uma semana. À noite ficávamos batendo papo, e naturalmente nos tornávamos amigos deles. Cada despedida era uma festa, e as vezes lágrimas rolavam nos rostos de hermanas enfeitiçadas por algum repórter da sucursal. O contrário também acontecia. Um dos nossos ficou enlouquecido por uma argentina, muito bonita na flor dos seus trinta e poucos anos. Ela parecia corresponder, mas havia um problema: o marido estava junto, e não desgrudava dela. Solidários, tentamos vários estratagemas para separá-los, pelo menos algumas horas, para que os dois pudessem, digamos, se entender. Tudo em vão. Decidimos jogar pesado: embebedar o maridão, para que ele, entregue a morfeu, deixasse a esposa e nosso apaixonado colega à vontade. Bate-bate era um boteco de madeira escondido entre duas dunas, cerca de um quilômetro depois da plataforma de pesca. Lá só se serviam batidas, todas de altíssimo teor alcoólico. O bar estava na moda – a moçada enfrentava a areia da beira da praia para passar algumas horas lá, bebendo e ouvindo música. Casais se perdiam nas dunas, motoristas tinham dificuldade em achar a trilha depois de provar coquetéis de cachaça. Alguns dias antes, no Carnaval, a turma do Bate-Bate havia desfilado na avenida Emancipação, um garçom vestido de padre à frente. Conferimos se a batina ainda estava por lá, e combinamos que no dia seguinte voltaríamos com um grupo de turistas argentinos, com a condição de que fossem recebidos pelo falso padre. O Bate-Bate mudou de nome: passou a ser El Templo de la Perdición. Convidados, os argentinos adoraram a idéia. Estavam loucos para conhecer o templo. Lotamos três carros (o meu e dois do jornal – a Núbia Silveira que me perdoe) e nos mandamos. O padre esperava na frente do barracão, e junto com a benção entregava a cada um de nós um copo daquelas batidas. Discretamente, todos olhávamos o copo do maridão, mas ele era o que menos bebia. Lá pelas tantas, decidimos voltar. Jantamos no Carlão, um restaurante à beira do rio, no Imbé e depois viemos até a minha casa. Bebemos, cantamos, conversamos, e o maridão, sóbrio. O dia amanhecia quando o grupo, exausto e conformado com mais uma derrotas, retornou ao hotel. A esposa continuou intocada até seu retorno à Argentina. Sim, ela chorou na despedida.

Agora me digam com sinceridade: é ou não é uma comovente história de solidariedade entre iguais?

Ditados Reciclados

"Quem é mala sempre aparece".

sábado, 5 de dezembro de 2009

Bobagens da Internet: atenção às dietas

Três assuntos interessantes:

Sobre a GORDURA
No Japão, são consumidas poucas gorduras e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA; em compensação, na França se consome muitas gorduras e, ainda assim, o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;

Sobre o VINHO
Na Índia, se bebe pouco vinho tinto e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA; Em compensação, na Espanha se bebe muito vinho tinto e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;

Sobre o SEXO
Na Argélia, se transa muito pouco e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA; Em compensação, no Brasil se transa muuuuuito e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;

CONCLUSÃO : beba , coma e faça sexo... sem parar, pois o que mata é falar inglês!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Bobagens da Internet: promessa de colorado

(Caso o Grêmio empate ou vença o Flamengo)

EU , COLORADO , PROMETO :

1- Não direi mais que a analvalanche é coisa de viado

2- esquecerei a história da poltrona 36 , direi que é mito

3- valorizarei a batalha dos aflitos , achando o maior feito de um clube gaúcho

4- pediremos para a direção começar os grenais com 3 a zero para o grêmio (para dar graça aos jogos )

5- direi para meus filhos que a toyota cup valia a mesma coisa que um título mundial

6- direi para meus filhos que clube grande também é rebaixado para a série b

7- nunca mais chamaremos a geral de coligay e também apagaremos da memória tal torcida

8- se vcs quiserem , poderemos chamá-los de Boca Junior !!!

9- ajudaremos com tijolos para a contrução da arena fantasma

10 - deixaremos vcs ganharem alguns grenais para equilibrar a rivalidade (assim como gauchões )

11- diremos a todos que De Leon sangrou a testa em uma batalha campal contra argentinos, pois não foi um imbecil que colocou a taça na cabeça onde tinha um parafuso

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O atendedor de chamadas dos avós:

(Copiei do Previdi.com porque já estou me preparando para essa fase)

- Bom dia! De momento não estamos em casa mas por favor deixe-nos a sua mensagem depois de ouvir o sinal sonoro:
- Se é um dos nossos filhos, disque 1
- Se precisa que lhe guardemos as crianças, disque 2
- Se quer que lhe emprestemos o carro, disque 3
- Se quer que lavemos a roupa e a passemos a ferro, ou que busque a roupa na lavanderia, disque 4
- Se quer que as crianças durmam aqui em casa, disque 5
- Se quer que os vamos buscar à escola, disque 6
- Se quer que lhe preparemos uns bolinhos para domingo, disque 7
- Se querem vir comer aqui em casa, disque 8
- Se precisam de dinheiro, disque 9
- Se é um dos nossos amigos, pode falar!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Quando eu era milionário - final

*Recomenda-se ler a postagem anterior

Então, em 1994 veio o Plano Real. E eu que estava cobrindo a Copa do Mundo nos Estados Unidos acabei não sofrendo o primeiro impacto do novo plano. As informações vindas do Brasil davam conta que, depois de sucessivos planos econômicos malsucedidos, havia uma justificada desconfiança da população.

De volta a terrinha, a primeira coisa que fiz ao chegar no Galeão foi trocar dólares por reais e aí tomei contato com aquelas notas feias, diferentes uma das outras, eu que estava quase americanizado depois de 55 dias nos EUA, pagando e recebendo em verdinhas. Economizei uma boa grana em dólares naquela viagem, mas mesmo assim não levei vantagem porque no início do Plano Real o dólar valia tanto quanto a nova moeda brasileira. Era 1 por 1.

E lá se foi mais uma chance de reiniciar a vida de milionário.Fiquei curtindo essa frustração até que descobri no site da Fundação de Economia e Estatística (www.fee.tche.br) um programa que converte os valores monetários, atualizando-os no tempo. E constatei que a minha condição de milionário no passado era pura ilusão, fruto da mágica operada nas trocas de moedas, que perdiam zeros para passar a impressão que o nosso dinheiro se fortificava.

Os mais de 60 milhões que recebi em 1985, na verdade, equivaleriam hoje a pouco mais de 57 mil reais, ou 4,3 mil reais/mês, um salário nada desprezível. Os 5,2 milhões de 1991 seriam, em valores atuais, cerca de 30 mil reais. O Passat que vendi por 2,7 milhões em 1992 valeria hoje, só para efeito de exercício financeiro, uns 6,7 mil reais. A mensalidade da creche que custava 15 mil cruzados ficaria por 194 reais e a escola que cobrava 29 mil cruzados novos receberia hoje, se os proprietários não fossem gananciosos, exatos 208 reais.

Como se observa, nem precisa ser versado em macroeconomia para constatar a equivalência nos valores entre um período e outro, o que me leva a outra constatação: havia muito de efeito psicológico na tal de inflação. Mesmo assim, não sinto saudades daquele tempo. Prefiro a estabilidade de agora que me assegura um amanhã sem surpresas.

No quadro abaixo é possível visualizar melhor o que já enfrentamos em termos de mudanças de padrão monetário. De 1967 a 94 foram sete planos, ou quase uma mudança a cada quatro anos:


Quadro 1 - Mudanças no padrão monetário brasileiro

ANO MÊS MOEDA SÍMBOLO EQUIVALÊNCIA
1942 Out Cruzeiro Cr$ Rs 1$000 (um mil réis)
1967 Fev Cruzeiro Novo NCr$ Cr$ 1.000,00 (um mil cruzeiros)
1970 Mai Cruzeiro Cr$ NCr$ 1,0 (um cruzeiro novo)
1986 Fev Cruzado Cz$ Cr$ 1.000,00 (um mil cruzeiros)
1989 Jan Cruzado Novo NCz$ Cz$ 1.000,00 (um mil cruzados)
1990 Mar Cruzeiro Cr$ NCz$ 1,00 (um cruzado novo)
1993 Ago Cruzeiro Real CR$ Cr$ 1.000,00 (um mil cruzeiros)
1994 Jul Real R$ CR$ 2.750,00 (dois mil setecentos e cinqüenta cruzeiros reais