domingo, 19 de maio de 2013

Leis do ViaDutra

Tenho me deparado no dia a dia com situações que me fazem refletir e que me levaram a formular novas leis comportamentais. Generosamente compartilho com os fiéis seguidores deste blog:


Lei do Besouro – "Tem tudo pra dar errado, mas acaba dando certo". - Inspirada no jornalista e amigo Nico Noronha, que era bem fortinho e carregava uma bunda enorme que devia pesar naquele corpanzil.  Mesmo assim tinha uma agilidade e jogava uma bola redonda, ao contrário do que seu tipo físico indicava .  A Lei do Besouro não vale apenas para atividades esportivas, eis que serve também para atividades profissionais (sabe aquele abobado da firma que acaba se revelando um geninho?) ou para a atividade amorosa (o casal tem pouca coisa em comum e entretanto se acerta na cama e fora dela como se nascessem um para o outro).

Lei de Vanderli "Tudo pode acontecer, até mesmo dar certo". – Inspirada em Vanderli Barbosa, ex-chefe de operações da RBS TV, que conheci na mesma função na TVE. Vanderli gostava de “inventar” nas transmissões externas e me obrigava sempre a questionar:

- Mas isso vai dar certo, Vanderli?
- Só quando estiver no ar para saber, chefia.
Também conhecida como Lei do Imprevisível.

Lei da culpa pública  – "Em algum lugar alguém está fazendo merda e você terá que responder por isso".  - Funciona assim: um agente externo ou interno comete uma bobagem, de maior ou menor dimensão, tendo ou não relação com a coisa pública , e o primeiro culpado pelos resultados do malfeito será o serviço público, ou porque não fiscalizou, ou porque não regulou ou porque interferiu onde não devia. Fácil de saber quando está presente: é só acompanhar a matéria na imprensa que tem por chamada “De quem é a culpa?”.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A pior profissão do mundo


Não existe pior profissão do que técnico de futebol.  É mais estressante do que controlador de vôo, mais exigente do que operador de bolsa de valores, mais vulnerável  do que policial em ação, mais preocupante do que médico de UTI. Cada um na sua função está sempre se deparando com situações limites e tem que estar preparado para reagir a elas.  O treinador de futebol vive isso a cada jogo, quando sua capacidade é avaliada e julgada, e ainda tem que lidar com o emocional do esporte que sempre se sobressai sobre o racional.

A rotina deste profissional é feita de imposição diária de sua liderança sobre o bando de primas-donas que são os jogadores de futebol, um grupo constituído, na maioria,  de vaidosos, desleixados, todos se achando craques e a prontos para brigar, sem qualquer escrúpulo, por  uma das poucas vagas no time titular.  Ou então acomodados, sem comprometimento, o que também é ruim.

E tem os dirigentes inconfiáveis, fazendo tudo para aparecer, que mais atrapalham do que ajudam, com honrosas exceções que justificam a regra.  E tem a torcida pegando no pé,  xingando de “burro, burro”.  Não dá pra sair a rua depois de derrotas sem ouvir as gracinhas dos torcedores adversários e a cobrança da própria torcida. 

E tem a mídia especializada  para qual nada nunca está bom, se intrometendo na escalação e desqualificando o trabalho. E o que dizer sobre  aquelas perguntas imbecis depois dos jogos?  E tem a perseguição dos árbitros que querem aparecer mais que os outros profissionais.  E tem os tribunais esportivos, um bando de ressentidos que aplica severas punições por qualquer coisinha.  E tem o departamento médico que não recupera o craque e os  preparadores físicos que não colocam os jogadores em condições,  gente inconfiável .  E ter que enfrentar esse ambiente hostil  longe de casa, do apoio da família e dos amigos mais chegados. Que dureza!

Agora me responda: você já viu treinador desempregado por muito tempo, a não ser por vontade própria? E o que dizer dos salários, quase sempre cinco dígitos antes da vírgula? Quero essa dureza pra mim.

domingo, 12 de maio de 2013

A guerra das imaginações e outras obras primas

Alguns livros marcam a vida da gente de forma definitiva. São  aqueles que vale a pena ler de novo e que se levaria para uma ilha deserta junto com seu bem querer, ou que provocaram grande mudanças nas nossas vidas.  Amigos mais intelectualizados adoram citar Guimarães Rosa, Joyce, quanto mais indecifráveis melhor, ou  Borges , que tem meu voto, ou ainda aqueles russos chatos.

Leitor  voraz que já fui sou bem mais modesto na minha seleção,  que começa com a Cartilha Sodré, que me alfabetizou no colégio das freiras em Petrópolis.  A lista se completa com mais  livros que foram marcantes e indicaria sem hesitar.  Fui impactado, por exemplo, por Eu Robo, de Isaac Asimov, que apresentou as Três leis da Robótica, quando o termo ainda era palavrão: 1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal.2ª Lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e/ou a Segunda Lei.Simples e genial, não?
 
Eu, Robo acabou virando filme, estrelado por Will Smith,  mas pro meu gosto sem o mesmo deslumbramento do livro. Na mesma linha o profético 1984 e seu Grande Irmão, de George Orwell, foi como uma sacudida no guri que o leu cerca de 15 anos antes da data que acabou não se consumando com o previra o autor.
 
Depois, já na faculdade, tive acesso a um dos livros que mais gosto de referir, Macaco Nu, de Desmond Morris, um ensaio antropológico que nos leva a entender um pouco mais sobre o estágio atual da civilização e do comportamento humano. Para esse entendimento, uma frase da obra basta : " (...)apesar de se ter tornado tão erudito, o Homo Sapiens não deixou de ser um macaco pelado.”

É o macaco pelado em toda a sua magnitude e pequenez que aparece na última obra literária que recomendaria e que me chegou as mãos, anos atrás, pela indicação da amiga Lena Ruduit: A Guerra das Imaginações, de Doc Comparato. A sinopse clássica dá conta de que a obra trata de  “Assasinatos, maldições e prazeres criando a obra de arte mais importante do milênio - essa é em essência a trama inovadora deste livro. Por volta do ano 1500, estranhos e inusitados fatos ligaram uma disputa pelo poder no Vaticano ao descobrimento de uma terra paradisíaca”.

Mas A Guerra das Imaginações é mais do que isso. Comparato parece antecipar os escândalos que agora atormentam a Santa Sé e que teriam provocado a renuncia de Bento XVI.  Com a experiência de autor de telenovelas, ele mistura ações aparentemente desconexas que acabam se juntando para formar um mosaico daqueles anos entre os séculos XV e XVI Isso  revela porque os portugueses aparecem com destaque no livro,  em vários cantos do mundo, não medindo esforços para obter os preciosos mapas que garantiriam uma navegação mais segura. Com os tais mapas, mais o domínio da navegação pelas estrelas e as rápidas caravelas, o pequeno país ibérico conquistou grandes quantidades de terras além mar, incluindo o nosso Brasil – que o livro sugere ser o paraíso na terra pelo menos na compreensão dos navegadores que retornavam do Novo Mundo. Uma leitura fascinante, que recomendo.

Ah, bons tempos em que me dedicava mais à leitura e menos ao Facebook.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Sobre sopas e caldos

Sempre questionadora e eterna aprendiz, a moça ao lado abandona o computador por um momento e pergunta de supetão:

- Vô, qual a diferença entre dar caldo e dar sopa?

Apanhado de surpresa pela indagação fiquei a matutar por alguns instantes e só me ocorreu um subterfúgio, para ganhar tempo:

- Queridinha, veja bem...

Não tenho vocação para Oráculo nem faço as vezes de velho monge a responder ao Gafanhoto como na série Kung Fu, mas logo me dou conta de que não posso me omitir diante da magnitude do questionamento.
- Veja bem, emendo novamente. Olha o teu caso: sem dúvida pertences a categoria das que dão um caldo, diria mais, é uma caldável premium.

Voces não imaginam a faceirice da moça com sua colocação no mais alto do pódium das caldáveis, mesmo assim sua natureza feminina se manifestou de novo e ela insistiu na indagação;
- E as que dão sopa, vô?

Eu estava claramente fugando de uma resposta mais conclusiva, mas diante da insistência fui obrigado a me posicionar.
- Veja bem, quem dá sopa é, digamos, uma periguete, para usar um termo da moda.

O tom da resposta mostrou todo o meu constrangimento para tratar do assunto, eu que elevo o gênero feminino quase à condição de divindade. Agora teria que reafirmar que existem mulheres que dão sopa, são fáceis de encarar e deglutir, se bem que devem ser quentes como toda a sopa que se preze. São mulheres para um momento.As que dão sopa chamam incomodação.
 Já as que dão caldo são mais encorpadas, aguçam nossa imaginação  e aqui o encorpado deve ser entendido como um valor e não como algo físico porque o que distingue mesmo a caldável é a sua condição de desejável, independente da idade e classe social.  São mulheres para se compartilhar uma grande história. As que dão caldo valem a incomodação!

- Mas não existem caldáveis que dão sopa? insiste a moça com suas inconveniências.

- Jamais, mocinha, jamais. Se der sopa, não dá caldo. Caldável é um estágio superior da condição feminina.

Aí achei que estava na hora de encerrar a conversa e me concentrar em concluir a lista das caldáveis porque das sopáveis não quero saber


sábado, 4 de maio de 2013

Curso Daquilo - III



O sentimento é de marido traído. Estava eu a planejar o Curso Daquilo, já detalhado em dois textos anteriores, quando uma boa, mas insensível amiga, me esfrega na cara experiências já em curso e muito bem sucedidas, quase acabando com o sonho de levar conhecimentos imprescindíveis às novas gerações. Como na canção, meu mundo caiu.

Primeiro foi uma matéria do Uol, matreiramente intitulada  Vida sexual não para na velhice, mas é preciso superar obstáculos,  cheia de observações  óbvias e dicas fajutas, mesmo assim com alto índice de leitura.  O link com  sugestões de posições para ele e para ela  chega a ser ridículo  pelas obviedades mostradas,  a não ser que eu e as moças que consultei  estejamos extrapolando nesse quesito.  Mas chegamos a conclusão conjunta que somos normais.

Aí  me mostram os detalhes do curso de Rita Ma Rostirolla, que se apresenta como especialista em sexualidade e que tem arrastado hordas femininas as suas palestras   -   empresárias, médicas, advogadas,  funcionárias públicas, donas de casas ou simplesmente mulheres.  A loirosa Rostirola ainda dá um caldo e o segredo do seu sucesso,  imagino eu, se resume a uma frase que deve pronunciar na abertura dos seus cursos:  “A partir de hoje  nenhuma de vocês será mais a mesma!”  Uau!  Nada como  dar um  gás na autoestima das mulheres.   

Quem teve oportunidade de conferir  o curso da  dona Rostirolla – sem aulas práticas, vamos deixar claro -  garante que o mulherio não tem qualquer constrangimento em  dar entrevistas sobre sua participação, numa espécie de recado a seus parceiros, digamos,  omissos nos deveres e prazeres da cama. 

Não me peçam  mais detalhes dessa concorrente potencial  do futuro Curso Daquilo.  A  proposta está mantida e o nosso diferencial  serão as aulas práticas.  Quem se habilita?