domingo, 24 de janeiro de 2021

JOYCE LARRONDA E UMA INESQUECÍVEL 12 HORAS DE TARUMÃ

O domingo ensolarado traz a triste notícia da morte da jornalista Joyce Larronda, com a qual tive a satisfação de conviver na editoria de esportes da Zero Hora, eu em início de carreira e ela já profissional reconhecida como editora da Automobilismo, isso nos idos dos anos 1970. Era um período frenético de cobertura esportiva, com um maluco talentoso, Cói Lopes de Almeida, no comando da editoria.

Até hoje lembro de uma das primeiras grandes coberturas em que me envolvi, por indicação da Joyce: as então prestigiadas 12 horas de Tarumã. Também iniciante na editoria, o saudoso Amauri Mello e eu fomos escalados para reforçar a cobertura da prova, que começava a meia noite. Como pouco entendia de automobilismo competitivo, pedi instruções à Joyce, que sugeriu que fizesse uma matéria de ambiente e planilhássemos os problemas de cada carro que entrasse nos boxes. E assim, noite adentro e na manhã seguinte, Amauri e eu percorremos a área dos boxes em Tarumã, questionando cada piloto em sua parada, o que resultaria em matéria depois. Foi quando, no meu caso, o desconhecimento da questão central da cobertura aflorou, assim que o garotão do Simca amarelo entrou nos boxes, abandonando a prova.

- Qual o problema?,- questionei

- Acabou a corda, respondeu o piloto.

Certo de que se tratava de algum desajuste do virabrequim, anotei a informação, até ser interrompido pelo atônito rapaz,

- É brincadeira, brincadeira. Foi outro problema, - explicou o rapaz.

Claro que a Joyce, ao editar o material, evitaria o vexame do jovem repórter, mas divertiu-se, junto com o Cói, quando, envergonhado, relatei o episódio. Em compensação, a matéria de ambiente, contando especialmente a movimentação durante a noite em Tarumã, foi publicada e mereceu elogios.

Agora me dou conta de que dos quatro jornalistas aqui citados, apenas eu sobrevivo com estas memórias. Fica a imensa saudade do Cói, do Amauri e agora da Joyce.