O texto abaixo não é inédito: foi publicado em janeiro de 2013, mas ficou mais atual do que nunca diante dos resultados eleitorais que acentuaram a divisão do Pais entre "nortistas" e "sulistas", além de potencializarem os movimentos que advogam o separatismo desses dois brasis. Curasal, se fosse um pais, certamente pediria para se separar do Brasil e formar uma federação com o Rio Grande do Sul. Mas antes seria necessário constituir esse novo estado soberano. Assim:
Um
plebiscito vai propor a independência de Curasal do Brasil. A ideia é inspirada na Revolução
Farroupilha, uma vez que a futura capital, a próspera Âncora, nasceu com o nome
de Bento Gonçalves e as seis ruas da localidade ganharam nomes de vultos
históricos dos farrapos, como Anita Garibaldi, Antonio Neto, Davi Canabarro.
O novo
país será dividido em dois territórios bem definidos: Curasal do Sul e Curasal
do Norte, separados pela principal rodovia da região, a Interpraias, que
certamente receberá um novo nome. Outros territórios de menor importância serão Marambaia, Bom Jesus e Curumim
na fronteira com Arroio Teixeira, e Figueirinha e Raiante na fronteira com
Arroio do Sal. As duas
fronteiras serão fortemente vigiadas porque Curasal já nasce com pretensões
expansionistas e tem ocorrido atos de beligerância nos limites com os dois
vizinhos.
Movimentos radicais se preparam para propor ações bélicas
visando a anexação de Arroio do Sal e depois Rondinha e Torres, isso litoral
acima, e Arroio Teixeira, Capão Novo, Praia do Barco e toda a Capão da Canoa,
litoral abaixo, preservando apenas Xangri-lá porque isso não é nome que se dê a
uma localidade. O critério
para anexação será o étnico: praias
com pessoal predominantemente da região serrana correm riscos. Existe até quem advogue que o novo
país se chame Gringolândia.
O problema para o enfrentamento com os vizinhos é que as
forças armadas de Curasal se resumem a meia dúzia de salva-vidas que serão
nacionalizados, tornando-se cidadãos curasalenses. A verdade é que os futuros
adversários estão mais bem equipados e provavelmente o governo de Curasal será
obrigado a recorrer a mercenários, a exemplo do que fizeram os farroupilhas com
Giuseppe Garibaldi.
A
Constituição do novo país validará um regime inédito, que será conhecido como
Rodízio Democrático, pronunciado com carregado sotaque de gringo. Funciona
assim: de seis em seis meses um dos comerciantes da região assume o executivo,
enquanto os outros compõem a Câmara de Representantes, que seria uma espécie de
legislativo. É a forma engenhosa de valorizar o empreendedorismo e evitar que
se eternizem nos cargos. Só não está definido como esse pessoal será eleito,
mas aí já é detalhe.
A Carta Magna, para reforçar o patriotismo da
população, vai exigir que todos os órgãos públicos e grandes empresas agreguem
o nome do país. Assim,
teremos a Air Curasal (um teco-teco e dois paragliders), a CurasalNet (distribuidora de sinal
de TV), a Olá Curasal (operadora de telefonia celular), a TeleCurasal
(principal rede de TV), a RMC (Rede de Metrôs de Curasal), a Loide Curasal (marinha mercante à
serviço dos pescadores) e por aí vai.
Difícil
dizer se daria certo, mas que seria divertido, ah,seria!