Foi assim que o talentoso Nilson Souza, a quem pedi ajuda, sugeriu como mote para a campanha dos 30 anos do Sala de Redação, em 1991. E, claro, a sugestão foi adotada e encimou todas as peças para homenagear os profissionais e empresas vinculadas, na época , a este programa icônico. Nilson se inspirou em Dante Alighieri e brincou com textos bíblicos para personalizar cada placa a ser entregue, entre elas a da foto, ao sr. Corá, diretor da Antártica, patrocinadora do programa. O Sérgio Cunha, diretor comercial da rádio, acompanhado do Claudinho Pereira (pena, não aparecem na foto) foram elogiosos ao rápido discurso deste que vos fala, assim: “Essa é a homenagem do melhor programa de rádio do Rio Grande à melhor cerveja do Brasil”. Senti que o sr. Corá também gostou.
Como gerente de esportes da Rádio Gaúcha naquele
período participei ativamente dos festejos,
que culminaram com uma noitada no Le
Club, principal casa noturna de então, tendo como atração musical um showzaço
da Alcione e banda. Sim, o Paulo Sant’Anna subiu ao palco e cantou alguns sucessos junto com a Marron. A ausência
sentida foi do Ibsen Pinheiro, que era o
presidente da Câmara Federal e não conseguiu se ausentar de Brasília,
participando do evento por meio de uma mensagem em áudio.
Lembro desses
detalhes agora que o icônico Sala de Redação celebra seus 50 anos. Mas minha relação com o programa data de bem
antes, remontando a minha primeira das três passagens pela Zero Hora, nos idos
de 1972, quando bisbilhotava pelo aquário
do pequeno estúdio instalado junto à redação,
os debates comandados pelo mestre Cândido
Norberto. Se a memória não me trai os outros participantes eram o Ibsen, o Oswaldo Rolla, e os repórteres
Cláudio Britto e Valtair Santos. O Sala foi o embrião da equipe que mais tarde
garantiu a volta da Rádio Gaúcha às transmissões esportivas.
Mesmo sob pena de cometer omissões quanto a nomes
importantes que abrilhantaram o programa ao longo dos 50 anos, destaco que acompanhei
mais de perto a formação clássica do que seria a segunda fase do Sala, já sem o
Cândido, e com o Ruy Ostermann no comando, mais Sant’Anna, Lauro Quadros, Kenny
Braga, Cláudio Cabral (legítimo sucessor do velho Cid Pinheiro Cabral), Wianey Carlet e eventuais agregados,
como o Renato Marsiglia. O Belmonte
também comandou o programa por um bom período.
Não foram poucas as vezes nos sete anos como gerente
de esportes em que acompanhei o grande
Armindo Antônio Ranzolin, chefe da equipe e diretor da Gaúcha, sendo obrigado a intervir para harmonizar o pessoal do Sala, após uma
discussão mais áspera, resultado do enfrentamento de teses antagônicas sobre as
emocionais questões futebolísticas neste nosso Rio Grande grenalizado. Por cerca
de 30 dias o ambiente ficava pacificado, mas em seguida voltavam as
tensões. Era assim o processo de então,
inevitável num programa que sempre foi um encontro, ou melhor, um desencontro
de grandes egos.
Hoje o programa está mais civilizado, mais leve por assim dizer e rejuvenescido nos seus
participantes, com mais teses esportivas e menos polêmicas. Há quem sinta
saudades dos grandes enroscos do passado, como bem lembrava o Duda Garbi, em
suas impagáveis imitações do Sant’Ana, o principal contendor das grandes “brigas”
ocorridas ali entre 13h e 14 h nos
estúdios da Gaúcha.
A verdade é que o
Sala de Redação não é e nunca foi apenas um espaço radiofônico de debates
esportivos. O Sala é e sempre foi muito mais
do que isso. É um acontecimento diário de segunda a sexta-feira, é a
pauta do cotidiano e não apenas na área esportiva, é embate acirrado e humor
que ameniza, é longevidade que se renova, é descompromisso e certezas, é
contrariedade e fidelidade do seu público, é tese de mestrado e assunto de
boteco. O Sala de Redação é múltiplo,
mas é simplesmente O Sala, “uma entidade”, como bem definiu seu atual
comandante, o também múltiplo Pedro
Ernesto Denardin,
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