Domenico De Masi é italiano, professor de Sociologia do Trabalho da Universidade La Sapienza de Roma e consagrou-se com a obra O Ócio Criativo, que trata de temas sobre a sociedade e o trabalho. Na obra, De Masi dá conta da sua insatisfação com o atual modelo social, propondo uma nova ordem, baseada na simultaneidade entre trabalho, estudo e lazer. Com todo o respeito ao professor, suspeito que ele deu uma embalagem acadêmica para justificar a vagabundagem.
É bem verdade que no momento não tenho muita autoridade para falar contra a vagabundagem, só que no meu caso preferi batizar a situação de período sabático. Além disso, sou obrigado a reconhecer que De Masi ganhou notoriedade com suas teses e agora percorre o mundo dando palestras e faturando alto. Só no Brasil esteve 18 vezes, acho que duas delas em Porto Alegre, onde recebeu honrarias dignas dos grandes intelectuais.
É isso o que está me faltando para ascender aos píncaros da glória da intelectualidade: uma tese diferente, não necessariamente comprovável, mas que venha ao encontro do que as pessoas querem ouvir e se iludir. Sonho em fazer parte da galeria dos grandes conferencistas, freqüentar os mais afamados ambientes acadêmicos, polemizar com o Juremir Machado e participar do Polêmica, com o Lauro Quadros, sempre defendendo a minha tese. Quem sabe até me convidam para palestrar no Fronteiras do Pensamento ou ser entrevistado no Encontros com o Professor. Bateria ponto no Sarau Elétrico, do Ocidente e circularia garboso pela Feira do Livro, mas adotaria uma postura blasé caso insinuassem que poderia ser o próximo Patrono. A HSM me contrataria a peso de ouro para apresentações em auditórios lotados. Te cuida, Kotler!
Talvez esteja próximo de atingir meu objetivo máximo nesta quadra da vida. Inspirado pelo companheiro Roberto D’Azevedo, começo a construir a Teoria Geral do Tédio Criativo. A experiência que vivencio no período sabático está me subsidiando com valiosos elementos para a formulação dos principais referenciais teóricos que embasarão o estudo a ser divulgado oportunamente. Pretendo também aprofundar as informações sobre o Nadismo, que é o tédio estruturado. Por enquanto, já posso antecipar as cinco premissas que dão sustentação ao Tédio Criativo:
1) O tédio leva a reflexão, que leva à criatividade.
2) O tédio deve ser desfrutado sem culpa e com criatividade
3) O tédio criativo não tem contra indicações
4) O tédio criativo é fator de inclusão social pois está ao alcance de todos.
5) O tédio criativo é a quarta onda
Agora vou precisar desdobrar essas premissas, rechear com alguns adjetivos e advérbios, inventar umas historinhas para ilustrar e escolher pelo menos uma situação engraçada para abrir as palestras que vou dar mundo afora. Preciso resolver outro dilema: se tudo der certo, como conciliar o tédio criativo com a pesada agenda que passarei a cumprir? Como coerência não é o meu forte, não vou permitir que um detalhezinho qualquer atrapalhe o projeto.
E, dessa forma, vou acabar dando razão ao meu amigo Joca, atualmente exilado em Brasília, que se referia assim a este promissor intelectual e a todos com os quais queria implicar: “Duas ou três frases de efeito, meia dúzia de truques e enganou toda uma geração”. Por enquanto, só amealhei os truques, mas ainda chego lá, amigo Joca.
Muito bom, aliás, como de costume... Pelo jeito o cometário do Pai não entrou... beijos,
ResponderExcluirPaula