terça-feira, 26 de outubro de 2010

A nova reeleição de Lula

Vamos combinar que o jogo está jogado. Dilma será a nova presidente do Brasil. No final do primeiro turno, cheguei a cogitar que Serra, embalado pelo Caso Erenice e a polêmica do aborto, conseguiria empuxe para superar e petista. O tucano até subiu uns pontinhos nas pesquisas, mas o pessoal da Dilma, depois de tontear com o inesperado segundo turno, contra-atacou com força, estancou a queda e ainda somou mais votos entre os indecisos.

A artilharia da oposição ainda não se esgotou. A cada dia surgem novos fatos dando conta de que a corrupção corre solta no governo federal e o episódio da espionagem nas declarações de renda da família Serra coloca o comitê de campanha do PT no centro das investigações, mas tem se mostrado inóquos para reverter o atual quadro eleitoral. E faltando poucos dias para a eleição é improvável que as denúncias ganhem corpo e sensibilizem a massa menos atenta do eleitorado de forma a causar estragos na campanha dilmista.

Na modesta opinião deste blogueiro pelo menos dois fatos contribuíram decisivamente para o sprint final de Dilma. O primeiro foi o acerto em marcar Serra como vendilhão do templo, o responsável pelas privatizações no governo FHC, o homem que vendeu patrimônio público, associado a outros argumentos, como o do político que não cumpre o que promete. Não conclui os mandatos para os quais foi eleito, por isso não passa confiança de que vai dar continuidade aos programas de Lula. Verdade ou não, isso é mortal diante do eleitorado do Bolsa Família.

Certamente a insistência em trazer para a campanha e fustigar o adversário com esses temas foi exaustivamente testada nas pesquisas qualitativas. Não é novidade, porém. Desde 1998, quando da disputa Brito x Olívio no Rio Grande do Sul, o PT lança mão da cruzada antiprivatista, sempre com bons resultados. A campanha de Serra tinha farta munição contra a adversária, mas a ofensiva não “pegou” e, além disso, o tucano teve que se dividir entre o ataque e a defesa das suas posições e mais a tentativa de desmentir as acusações que lhe imputavam. Serra não conseguiu sair do brete imposto pelos adversários.

O segundo e mais importante fator que desequilibrou a disputa em favor de Dilma é o mesmo que garantiu a ela a liderança no primeiro turno: a presença de Lula na campanha. O presidente desceu do pedestal, assumiu-se como militante e, indiferente às críticas, foi à luta em nome da preservação de um projeto de poder. Observem como Lula voltou a aparecer com força nos espaços de TV e rádio de Dilma, enquanto os tucanos apelam para Aécio Neves para reforçar sua campanha. Ou seja, Dilma voltou a ser Lula para todo o eleitorado brasileiro e Aécio só transfere seu prestígio para Serra em Minas Gerais e olhe lá. Tomara que eu esteja enganado.

Pensando bem, as presenças de Lula e Aécio nesta fase da campanha talvez antecipem o que pode acontecer na disputa eleitoral de 2014. Tudo indica que Aécio será o nome mais forte da oposição para tentar desbancar o PT e Lula pode aspirar a volta ao Palácio do Planalto, após o esquenta banco de Dilma. Se isso ocorrer, será a quarta eleição seguida de Lula porque, não tenham dúvidas, o grande vencedor da atual disputa chama-se Luiz Inácio Lula da Silva.

5 comentários:

  1. Amigo Flávio! Nosso país não tem um Presidente. Tem um delegado sindical do PT que passeia com dinheiro públic. A postura de "Chefe de Estado" do ex-metalúrgico é no mínimo lamentável. Nunca antes na história deste país se viu tantas inaugurações, vistorias, visitas "oficiais" e outros atos que agridem a inteligência do contribuinte. E ainda somos obrigados a ouvir da "candidata do continuismo" (lembra dessa expressão?) que "a reforma eleitoral é prioridade máxima". Já pensou se tivéssemos uma legislação série e fiscais da lei realmente comprometidos com o uso correto dos nossos impostos? Ao invés de peregrinar pelo mundo, agora Lula passou a ser um pregador petista em território verde-amarelo. E com no$$o $uado dinheirinho...
    GILBERTO JASPER
    Jornalista - P.Alegre

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  2. Em outras palavras, vence quem resolve internamente suas crises de lideranças e defende, acima de tudo, um projeto único de poder, ao contrário da colcha das vaidades esfarrapadas que assisto entre os que lhes fazem oposição.

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  3. Flavio: não vou cair nesta armadilha. Em eleição desse porte não tem jogo jogado. Vou ficar atento e forte até as cinco da tarde de domingo. Um pitaco sobre a campanha do Serra: acho que ele errou ao deixar de se diferenciar ideologicamente do PT. Preferiu disputar questões acessórias, com medo de enfrentar a alta popularidade do Lula. Não ofereceu uma verdadeira opção ao eleitor que pensa, sim, ao contrário do que querem alguns, e pode escolher uma proposta diferente. Eu não acredito nesta balela de que há pequenas diferenças entre tucanos e petistas. E acho que o PT conseguiu mostrar que é diferente, que tem propostas diferentes. Nós sempre gostamos da disputa de projetos. Mais uma vez creio que conseguimos mostrar essa diferença. Prá mim, ainda bem.

    Abraço,

    José Roberto Garcez

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  4. Legal, o contraditório presente no ViaDutra.

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