segunda-feira, 11 de outubro de 2010

DataDutra observa a cena política

Como os poucos mas fiéis leitores do ViaDutra já estão careca de saber, tenho me colocado como observador da cena, de todas as cenas. Embora minhas posições sejam bem definidas no cenário político, não posso deixar de comentar a movimentação das duas candidaturas presidenciais, expressas principalmente nos programas de TV. Não assisti ao debate da Band, por isso vou me fiar no que vi nos programas desta segunda-feira, 11, para emitir minha opinião. Serra venceu o debate. Dilma também venceu o debate. Foi o que conclui nos horários políticos obrigatórios, aos quais estou dedicado com vivo interesse.

Na verdade, os dois programas continuam muito parecidos. Os candidatos mostraram seus melhores momentos no debate, omitindo a participação do adversário e nem poderia ser diferente. Pelo que vi, Serra foi mais sereno, Dilma mais aguda. De resto, depoimentos e chamamentos de governadores e senadores eleitos de um e outro lado, além do inevitável “fala povo”. Dilma trouxe o acréscimo do expressivo apoio que terá com as numerosas bancadas governistas eleitas para a Câmara e o Senado. E Serra apresentou um case de bom atendimento na área da saúde em São Paulo.

Dilma esnucou Serra na questão das privatizações e Serra deu troco lembrando as más companhias da petista – os ex-presidentes Collor e Sarney, cotejando com seus apoiadores FHC e Itamar Franco.

No quesito maldade explícita, o programa de Serra apresentou novamente o esquete das bonecas russas, que passa a idéia de trajetória do candidato contra uma boneca sem conteúdo de Dilma. E o programa de Dilma mostra o mapa do Brasil decrescendo na medida em que as conquistas do governo Lula não se fizeram sentir nas gestões dos tucanos, concluindo com um mapa de bom tamanho, no governo Dilma, é claro.

No final, ligeira vantagem para o tucano que antecipou uma mensagem pelo Dia da Criança e de Nossa Senhora Aparecida, talvez para contrapor a visita da petista à Basílica de Aparecida, onde assistiu à missa pela manhã. Aliás, continua a cruzada dos dois candidatos para mostrar quem é mais religioso. Dilma foi à Aparecida – pela primeira vez, admitiu – e Serra aparece beijando um crucifixo durante passeata em Goiânia. É o vale-tudo do segundo turno.

Pra falar a verdade, estou gostando do embate e fico perplexo com a opinião de alguns dos nossos melhores analistas políticos, que reclamam do tom agressivo dos debates e da ausência de propostas dos candidatos nesses encontros. São os mesmos que reclamavam da mornice dos debates do primeiro turno. Queriam o quê agora ? Papai-e-mamãe, salamaleques de parte a parte? Ora, vão se orientar. Qualquer pessoa medianamente informada sabe que os debates seguem o mesmo roteiro/enredo da campanha eleitoral, que é resultado de dois movimentos principais: de um lado, a construção dos melhores argumentos para seu candidato, de outro a tentativa de desconstituir o adversário, desnudando suas fragilidades. Quem for mais competente nesse contexto, leva a faixa.

Um comentário:

  1. Brilhante o seu diagnóstico, caro Flávio Dutra, guru político de todos nós.
    Parabéns.
    Abração

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