quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Maldito Futebol Clube, o filme que desperta minha inveja


O ViaDutra eventualmente incursiona no mundo do cinema, destacando as preferências do blogueiro.  Não se trata de critica cinematográfica, deixo isso para os especialistas, mas apenas o registro e as observações sobre filmes que mexeram com a sensibilidade de quem assiste em vídeo a pelo menos cinco filmes por semana.  Incluo neste caso “Maldito Futebol  Clube” (The Damned United), produção inglesa de 2009 que não lembro de ter sido exibida no circuito de Porto Alegre. Na falta de outra opção, apanhei por acaso na locadora do seu Renê e não me arrependi.

“Maldito Futebol Clube” é um ótimo filme sobre o futebol e seus bastidores.  O cenário é o futebol inglês dos anos 60 e 70, mas as situações mostradas no filme roteirado por Peter Morgan (o mesmo do premiado  “O Último Rei da Escócia”) poderiam situar-se no futebol brasileiro de hoje:  cartolas inconseqüentes, torcidas passionais, trairagem dos jogadores, resultados suspeitos e uma disputa de egos alimentada pela mídia, é claro.  Já vimos esse filme por aqui.  

Baseado em fatos reais,” Maldito Futebol Clube” apresenta Michael Sheen (o Tony Blair de “A Rainha”) no papel do controverso treinador britânico Brian Clough.  Depois de levar o time de segunda divisão Derby County ao convívio dos grandes da primeira divisão da Inglaterra, o técnico é convidado para treinar o rico e vitorioso  Leeds United, substituindo seu arqui-rival, Don Revie, que acabara de ser convocado para comandar a seleção inglesa. Clough não conta mais com os conselhos de seu amigo de longa data e auxiliar técnico, Peter Taylor, e assume uma difícil tarefa: comandar um time totalmente fiel ao seu antigo treinador e que, para piorar, acaba de ser duramente criticado pelo próprio Brian Clough em uma entrevista.  A narrativa do filme costura o passado do técnico e sua campanha de vitórias ao lado de Peter Taylor com a sua rápida e fracassada experiência à frente do Leeds.
 
O tal Clough do filme é uma figura. Motivador como Felipão, durão como Celso Roth, ressentido como Dunga, sem meias palavras como Muricy, mas com o charme de Renato,  é acima de tudo um obsessivo. A rivalidade com Don Revie nasce de um motivo insignificante – o adversário ignorou seu cumprimento no jogo entre Derby County e o Leeds pela Copa da Inglaterra –, mas isso basta para um ego inflado e transforma-se na energia que move a vida e a carreira de Clough. Sheen consegue imprimir ambição e vaidade sob medida para Clough, numa elogiada interpretação.

Fico com uma pontinha de inveja quando assisto a filmes como “Maldito Futebol Clube”. Aqui no país pentacampeão mundial, o cinema brasileiro ainda está nos devendo um bom filme sobre futebol. Boas histórias não nos faltam, nem roteiristas, diretores, atores e pessoal técnico competente para levar o mundo do futebol, seus dramas, farsas e comédias às telas. Mas parece que o brasileiro gosta mesmo de futebol jogado em campo e discutido nos bares. A realidade é melhor que a ficção. Enquanto isso, o cinemão americano consegue tornar atraente qualquer historinha, transformadas em narrativas épicas, envolvendo “heróis” daquela chatice do beisebol e do agarra-agarra do futebol americano.  Alô Jabor, Meirelles, Padilha, Valter Salles, Barretão, está na hora de entrar em campo e virar esse jogo.

Um comentário:

  1. Grande filme! Lembrei com alguma saudade de nossos tempos de redação esportiva (menos do salário, é claro). E concordo contigo, temos espaço para boas produções deste tipo, o maior exemplo são produções como a Guerra dos Aflitos, por exemplo ou o DVD do Inter campeão mundial. Futebol e cinema bem dirigidos, sempre valem a pena! E que não falte pipoca e ceva bem gelada!

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