domingo, 8 de novembro de 2009

Sexo, mentiras e Carnaval - parte 2

Recomenda-se ler a primeira parte, publicada em 6/11

Outro caso que demandou muita inventividade envolveu S., publicitário de renome, que perdeu a hora num fuzuê com a namorada e quando acordou no apartamento dela, o dia estava clareando. Perder a hora é o terror dos infiéis e acontece com freqüência. O que diferencia cada caso é a capacidade de superar o pânico inicial e virar o jogo a seu favor. Foi o que fez o nosso criativo. Primeiro descartou-se do celular, despediu-se da moça e tratou de estacionar o carro numa rua discreta. Tinha que agir rápido porque a essa altura a família, com justa preocupação e temerosa de que ele tivesse sido vítima de seqüestro, já poderia ter acionado a Polícia. Com a cabeça funcionando a mil, apanhou um táxi e ordenou:

- Toca o mais rápido possível para o Lami.

O Lami, como se sabe, fica no extremo sul da cidade, a beira do Guaíba. Lá chegando ele despachou o táxi logo que encontrou o primeiro telefone público. Ligou para casa, a cobrar e quem atendeu foi a esposa, quase aos prantos.

- Onde tu andas, criatura? Estou aflita e já ia ligar para o 190.

Ele lembra que um calafrio estremeceu seu corpo, mas manteve a calma e deu continuidade ao seu plano.

- Fui abduzido por alienígenas. Não fala pra ninguém que depois eu explico tudo. Não sei como, vim parar no Lami. Vem me buscar.

No caminho para casa ele contou que foi abordado à noite, depois de um jantar com amigos, por seres verdolengos, de cabeças e olhos grandes. “Parece que falavam por telepatia”, detalhou. “Aí me levaram para uma nave toda iluminada e é só o que eu lembro”, acrescentou.

A historia era inverossímil, mas foi relatada com tanta dramaticidade que a mulher acreditou. Para concluir, alegando que tinha receio de ser ridicularizado, fez a mulher jurar de pés juntos que aquilo seria um segredo apenas entre eles e que nunca mais falariam no assunto. E assim foi feito. Nosso publicitário, porém, providenciou um novo celular com despertador que não falhasse e presenteou a namorada com um rádio-relógio de marca confiável.

A ousada estratégia adotada tornou-se um clássico da invenção, merecendo o reconhecimento dos mais respeitados especialistas. Tanto assim que ganhou variações. A mais comum é a variante do seqüestro.

- Querida, fui seqüestrado. Não sei como, vim parar no Sarandi. Mas não liga pra Polícia porque os bandidos podem querer se vingar. Vem me buscar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário