domingo, 3 de março de 2013

O Papa é gaúcho!

 
Imaginem se o colégio dos cardeais escolhesse o gaúcho de Cerro Largo, dom Odilo Scherer, como novo papa. Primeiro resultado da escolha: todos os jornais gaúchos estampariam nas capas do dia seguinte a manchete óbvia, cunhada por João Paulo II, décadas atrás, mas agora sem sotaque: O Papa é Gaúcho! Zero Hora vai mais adiante e uma parente qualquer vai informar à reportagem: “Desde pequenino ele já brincava de Papa”. 

Claro que O Bairrista vai se superar e publicar algo como “Cerro Largo exige sediar o Vaticano” e a Câmara de Vereadores local vai levar a sério a proposta e endossar a exigência, rogando à presidente Dilma que interceda neste sentido.   Na pior das hipóteses vai oferecer ao novo papa o título de Cidadão Emérito de Cerro Largo. Se nada der certo os cerro-larguenses vão se contentar em ganhar uma diocese, com catedral, bispo e tudo o mais. Mas em seguida Curasal reivindicaria as mesmas prerrogativas alegando que dom Odilo, quando criança, teria veraneado na praia e se banhado nas suas águas.

A pequena mas centenária Cerro Largo de pouco mais de 13 mil habitantes seria tomada pelas equipes de rádio e TV com suas parafernálias, para alegria do comércio e das moçoilas locais. A Globo produziria um especial para o Globo Repórter com a “dieta pontifícia”  e seria revelada sua santa preferência por uma costela gorda ou um pernil de ovelha, acompanhada de polenta com queijo.  Glória  Maria entrevistaria, direto da maternidade, os pais da primeira criança nascida logo após o Habemus Papa e que foi batizada como Odilo. Logo surgiriam os  Jaison Odilo,  os Odilo Maiquison, os Neymar Scherer e as Suelen Odila. “Incrível isso”, diria Glória Maria.
Dom Odilo causaria espanto ao escolher seu nome papal: Sepé Tiaraju I. Logo seriam editados livros e trabalhos científicos sobre o indígena guarani, tendo Nico Fagundes como consultor.  A Globo se apressaria em produzir uma minissérie “O Santo Guarani”, com Werner  Schünemann fazendo uma ponta como dom Odilo.

O novo papa incluiria a cuia de chimarrão para ilustrar o seu brasão e introduziria o hábito de sorver o mate amargo na Santa Sé.

Haveria grande curiosidade sobre a preferência clubística do novo papa. Os programas esportivos fariam enquetes: “Grêmio ou Inter?  Para quem torce o novo Papa? Disque....”, até que dom Odilo revelaria candidamente uma discreta preferência pelo  São Luis, de Ijuí, não pela força esportiva do clube, mas pela homenagem a um dos mais importantes santos católicos e também porque remete a São Luis Gonzaga, redução jesuítica onde nasceu o índio Sepé.
Enfim, Cerro Largo e a província de São Pedro nunca mais seriam os mesmos.  Até que começasse a surgir um movimento antagônico, alegando que dom Odilo saiu cedo do Rio Grande, que preferia vinhos italianos aos gaúchos, que não torcia nem pra Grêmio, nem pra Inter e ai...

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