domingo, 17 de março de 2013

Parece que foi ontem

Como vocês já devem ter percebido  possuo  alguns amigos chegados a uma esquisitice.  Tem aquele tarado por panturrilha e aquele outro que adora um joanete, mais um que só fala em massagem tântrica  e ainda aquele que quase virou borderliner e  se fina cada vez que lembra da namorada que o abandonou quando aderiu a uma nova ideologia, cuja história foi contada aqui em Judas em forma de mulher.  E tem o que apelidei de O Ritualista. Voce já vai saber porquê.

Todos os anos ele adota  o mesmo ritual. Sempre em certa data ele envia a ela um determinado número de rosas, acompanhada de um cartão com apenas uma palavra que expressa um numero:  Um,Dois, Três...A quantidade de rosas corresponde ao número escrito no cartão e o conjunto todo diz respeito aos anos que se passaram desde a  primeira transa deles.  “Oito, mas parece que foi ontem”, escreveu ele no mais recente cartão e despachou-o com oito rosas vermelhas,  justo na data merecedora da homenagem. Sempre rosas vermelhas, símbolo da paixão amorosa.
No início a moça ficava lisonjeada com as flores,  mas as idas e vindas na relação já não produzem o mesmo efeito. A contrario, ela  mostra certa irritação com o buquê homenageante, especialmente quando estão apartados.  Mesmo assim ele insiste no ritual porque a data realmente representa um grande momento.  O momento culminante do esforço de meses de um homem determinado a conquistar aquele coração e aquele corpo. É uma linda hstória de amor, mas não me peçam detalhes porque são escabrosos em certas partes e podem gerar constrangimentos. 

Hoje, distanciados há longo tempo e outros aconchegos depois, ele confessa que ainda sente tremores quando lembra a primeira noite e o sentimento de dono do mundo que se apossou dele quando se entregaram um ao outro sem pudor nem culpas. Mas o que mais magoa nosso amigo é que  e todos esses anos nunca recebeu flores da parceira.  “A Celia Ribeiro garante que mandar flores a um homem é a coisa mais natural, só eu que nunca recebi sequer uma espada de São Jorge, uma hortência, um copo-de-leite, que dirá rosas”, lamuria-se.
Para consolá-lo informei que também nunca foi alvo de mimos floridos e que nem por isso deixo de presentear a amada com belos buquês. 

 

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