terça-feira, 28 de abril de 2015

Diálogos da mesa ao lado

Os diálogos que tenho ouvido na mesa ao lado vale a pena serem socializados. São verdadeiras aulas de como as relações humanas ocorrem no dia a dia.  Quando se trata de situações envolvendo o naipe feminino, então, são joias  raras de convivência, verdadeiras lições de vida como só as mulheres sabem mostrar.

Vamos aos casos concretos. O caso 1 reúne à mesa três moças solteiras e uma namoradeira. Preste atenção ao esclarecedor diálogo:

Solteira 1:  "Como tu consegues?"

Namoradeira:  "O quê?"

Solteira 1: "Ter tanta sorte com os homens."

Solteira 2 –  "É isso mesmo!.Só namoras caras legais, tanto que termina e eles continuam sendo teus amigos, estás sempre bem servida e feliz, e mesmo quando ficas solteira tens quem acionar em caso de necessidade. Viaja horrores à trabalho e tem até aqueles "amigos" 100% disponíveis em qualquer lugar."

Namoradeira  – "Ah, gurias, sei lá! Acho que é porque eu não implico com uma barriguinha ou sardas, ou porque ele prefere cerveja e eu vinho, nem dei nos dedos de nenhum cara quando me disse que gosta de pagode. Nem pego no pé forçando o cara a ser e agir do jeito que eu idealizo. Aliás, eu nem idealizo. Vocês é que são muito chatas! "

Solteira 3 - "Eu não sou chata! Eles nem sabem com o que eu implico." 

Namoradeira-  "Então tu és mais chata do que imagina porque sequer dá a chance de o cara te agradar e tu desimplicar! Chatérrima."

Solteira 1 - "É verdade! Mulheres são chatas. Por isso eu não gosto de mulher. Gosto de homem".

Namoradeira - "Amiga, tu não gostas de homem. Se gostasse não estavas encalhada. Tu gostas de algo que não existe."

Quase intervi no debate, mas mantive-me em silêncio obsequioso para não pensarem que estava tomando partido. Agi da mesma forma quando presenciei o diálogo seguinte, desta vez envolvendo duas esperançosas solteiras, uma senhora casada e uma noivinha faceira.

Solteira esperançosa - "Amiga, bota meu nome na barra do vestido de noiva pra dar sorte e eu arranjar marido?"

Noivinha faceira  - "Eu não! Com esse azar pra homem que tu tens, se eu fizer isso meu casamento vai acabar sendo uma desgraça."

Penalizei-me sinceramente com a solteira esperançosa, ainda mais quando a outra solteira e a casada, caíram na gargalhada diante da cruel resposta da noivinha faceira.

Mas voltei a ter esperança na humanidade com o terceiro caso, agora envolvendo três moças solteiras, duas casadas e uma noivinha bem faceirinha. Pelo que entendi, uma das solteiras era a rainha da rabugice, sempre cobrando das amigas eventuais excessos etílicos, gastronômicos ou comportamentais. Até que conheceu um cara que passou a exercer forte influência em seus hábitos, tanto assim que após redescobrir as noites em claro bem aproveitadas e um fim de semana puxado, digamos assim, ela se entrega agora a outros prazeres, consumindo à mesa com vontade, enquanto festeja:

Solteira recém convertida à vida - " Coisa boa viver, né? Comer, beber, queimar as calorias depois!!! Azar que nem durmo mais!"

Solteira  desaforada - "Amém! Nunca mais larga esse cara. Tu és outra pessoa. Agora tu come, bebe, transa e não reclama!"

As outras personagens entram nesse caso como Pilatos no Credo e, antes que me acusem de machista e invasivo da privacidade alheia, devo revelar que todas as situações aqui relatadas foram devidamente liberadas para o ViaDutra.

E pra não dizerem que estou de implicância com o naipe feminino,  aqui vai um caso ocorrido na mesa ao lado envolvendo um particular amigo nosso, o Gunther.  Conquistador por excelência, ele conheceu numa casa noturna uma médica deslumbrante, quase uma Mais Médica de tão deslumbrante.  Imediatamente providenciou com o Odorico das Flores seis rosas vermelhas, que fez chegar à deslumbrante alvo de suas atenções. A estratégia deu certo

- Gostei das flores, gostei mesmo. E aí, onde tu moras? Interessou-se  a deslumbrante

Apanhado de surpresa, Gunther apelou para uma meia verdade para não revelar que morava na próspera Viamão.

- Eu moro na Grande Agronomia.

A deslumbrante sorriu amarelo e continuou o questionamento:

- Mora sozinho?

- Não,  atualmente moro com meus pais, obrigou-se a contar a verdade dessa vez, ele que está beirando os 40.

A deslumbrante, visivelmente decepcionada com a condição do pretendente, deu uma desculpa qualquer e evadiu-se do local. Ele ainda tentou uma última cartada, gritando enquanto ela saia.

- Mentira minha...Eu moro em Viamão, parada 32.

A reação dela foi jogar as rosas para o alto, sem sequer olhar para trás. E ele ficou a se perguntar:

- O que elas têm contra Viamão e com quem mora com os país?

Tentei consolá-lo conjecturando que talvez a especialidade da Mais Médica fosse urologia e quem sabe tivesse nascido em Unistalda ou Tio Hugo.

- Acho que vou me mudar para a Grande Partenon, replicou Gunther, já recuperado da inesperada rejeição.



                                                                      


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