sábado, 4 de abril de 2015

De Darin e Schunemann

Darin

O cinema argentino tem um vigor e uma qualidade de dar inveja às produções brasileiras, agora mais focadas nas neo chanchadas sob inspiração da Rede Globo.  Só não entendo porque todo o filme argentino precisa ter o Ricardo Darin, 58 anos, como principal ator. Desde 1969 quando estreou em A Culpa até Relatos Selvagens, de 2014, foram 20 filmes e pelo menos uma direção (O Sinal, no qual é ator também), mais de um filme por ano. 

Ainda não assisti à Relatos Selvagens, do qual falam muito bem , mas dos que já conferi  minhas preferencias vão para Um Conto Chinês e Elefante Branco. Este filme curiosamente inclui no roteiro a relação conflituosa de um padre da periferia de Buenos Aires, interpretado por Darin, com o  seu arcebispo,  que não guarda qualquer semelhança com o futuro Papa Francisco. Pelo jeito vão gastar o Darin de tantos filmes, pois ele está envolvido em pelo menos mais 20 projetos.

Reno Auteuil

            
Tenho uma quedinha  pelo cinema  francês  e constato que o Darin de lá,  atualmente,   é  Jean Reno, digno sucessor da linhagem de Alain Delon, Jean Paul Belmondo, Yves Montand, Gérard Depardieu,  se bem que é parelha  a disputa  com Daniel Auteuil . Reno, 68 anos e 32 anos de profissão, já atuou em 38 filmes; Auteuil, dois anos mais moço e com 25 de carreira, aparece em 20 filmes e uma direção.  Detalhe: Reno é marroquino e Auteuil é argelino.

No Brasil o correspondente aos  icônicos atores da Argentina e da França seriam o Selton Melo (30 anos de careira, 26 filmes e 14 series, dirigiu 2 filmes e duas series ) ou o Wagner Moura (23 filmes e 8 séries, uma direção em 14 anos de carreira), mas sobra também para o Lázaro Ramos (17 anos de carreira, 24 filmes e 9 series).  Detalhe2:  Wagner Moura e Lázaro Ramos, ambos baianos, atuaram juntos em nada menos do que 10 filmes.  Com Selton  e outros menos votados eles se projetaram mesmo através das novelas e séries da Globo, o que já estabelece alguma diferença em relação à produção cinematográfica de outros países.

Mesmo no Rio Grande tivemos um caso de ator hegemônico.  Foi Werner Schunemann, 13 filmes oficialmente contabilizados, sem contar  Deu Pra Ti anos 70 e Inverno, rodados em super 8 e  Verdes Anos  (de 1984), filme  que marcou toda uma geração e  que projetou Werner a ponto de transformá-lo em presença obrigatória em todos os longas e especialmente os curtas aqui produzidos. São desse período os curtas  O Zeppelin passou por aquiDeus ex-machina, O Velho do Saco, entre outros.  Tudo isso muito antes do mergulho no arroio Diluvio...

A essa altura vocês devem estar pensando:  “Como entende de cinema esse Flávio Dutra”.  Que nada, quem entende mesmo é o Renato Martins, do  #cenadecinema.  Apenas estava fazendo uma reflexão sobre o motivo pelo qual todos os filmes argentinos exigem a presença do Darin.  Deu no que deu, o resto é pesquisa no Google.


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