Confesso que até ontem, sábado, estava em duvida se
participava da manifestação deste domingo. Já revelei que sou totalmente
contrário ao impeachment, queiram ou não uma das bandeiras de grande parte dos
manifestantes, só que não vejo razões para apear a presidente do cargo. A não ser que se prove que meteu a mão, o que
não acredito. Também não contem comigo para pedir a volta dos milicos. Deixem as forças armadas cuidando das
fronteiras e fazendo seus exercícios de guerra de brinquedo.
Mas fui como que intimado pelo meu filho que, junto
com a irmã mais velha, foi cara-pintada no “Fora Collor” quando eram
secundaristas. Aí descobri que ele e seus primos e tios haviam montado uma rede
e uma logística para estarem presentes ao Parcão e seguirem em caminhada até a
Redenção. Descobri também que estou
cercado de “coxinhas”- acho o termo carinhoso, simpático, quase meigo - na família,
nós que já convivemos com preferências partidárias de vários tons, da
direita à extrema esquerda.
Eu seria o pior
dos calhordas, o mais repulsivo dos omissos, o ultimo dos derradeiros, se não
atendesse a essa convocação. Afinal, é pelos meus filhos e os filhos dos meus
filhos que a grande maioria de nós quer lutar por um Brasil com melhor futuro , mais justo e íntegro, sem
divisões forçadas entre a sua gente e pleno de democracia acima de tudo. Pieguice,
simplificação? Pode ser, mas foi o que me impulsionou quando decidi sair da
minha zona de conforto e reforçar os protestos contra o desgoverno e a
corrupção que nos atormentam e envergonham. Não é golpismo, não é revanche, não
é pelo impeachment, é só indignação, pelo menos da minha parte.
Então, vesti uma camisa amarela, um sapatênis,
providenciei uma garrafa de água e me fui. O que vi foi um mar verde amarelo
que tomou o Parcão e as ruas próximas, muitas bandeiras do Brasil, camisas da
seleção, poucas do Grêmio, nenhuma do Inter por causa do vermelho, faixas e cartazes contra o governo e o PT, contra a corrupção e, é claro mas em menor número, a
favor do impeachment.
Vi muitas famílias protestando em conjunto,
gente de todas as idades, nenhuma liderança politica querendo aparecer e um clima de
confraternização entre os 100 mil manifestante estimados pela Brigada
Militar. Ouvi mais gritos de “fora PT”
do que “fora Dilma”, chamamentos tipo “vem pra rua”, provocações como “eu vim de
graça” e outras menos nobres, as quais não me associei, contra a presidente,
contra Lula e o PT. Não vi qualquer incidente, apenas vaias a um ou outro
morador – de prédios nobres! - que contrapunha uma solitária bandeira vermelha à
onda verde e amarela.
Acho que foi só o começo de um movimento muito
maior, por isso espero que a manifestação não tenha sido em vão, porque deu uma
canseira...
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