Quer saber quão antiga uma pessoa é: é só observar como ela se refere aos
jovens. Se usar Mocidade, bingo, é dos antigos! Até Juventude está saindo de
moda, substituído por Geração isso e
aquilo, mas isso e aquilo já é outra história.
Pois, estava ruminando essa relevante questão e me
dei conta de que de alguma forma modernizamos a linguagem, tornando-a menos
barroca e também menos charmosa. Os
meios de comunicação, especialmente o rádio e os jornais, é que difundiam termos
e expressões que tiverem seu valor a um tempo, mas que já não colam mais (ainda
se usa “cola” neste sentido?).
Era comum os clubes de futebol serem conhecidos a
partir das suas cores. Rubro negro (Flamengo) e alvirubro (Inter) até passam,
mas o que dizer do Grêmio Bagé, com suas camisetas à Penharol em preto e
amarelo, também anunciado como “jalde
negro da Fronteira”. Pior era reservado
ao Pelotas, em amarelo e azul, mas chamado de “auri cerúleo” , ou
traduzindo, da cor do sol nascente e
azul da cor do céu. Os cronistas
esportivos usavam e abusavam desses apêndices aos nomes dos clubes e nem faz
tanto tempo assim. Á época o jogador negro era chamado de “colored”,
importado do inglês (o pessoal devia se achar erudito) e o ágil ponteiro de “expedito”.
As cidades também tinham cognomes, igualmente por
influencia do rádio, creio eu. Porto
Alegre, por exemplo, era a “Cidade Sorriso”, certamente por causa do alegre no
nome. Caxias se orgulhava do ser a
“Pérola das Colônias” que remetia as suas origens italianas, Pelotas era a ‘Princesa do Sul”, resquícios
prováveis de sua fase mais sofisticada no tempo das charqueadas , Rio Grande, a
“Noiva do Mar” e Bagé , a “Rainha da
Fronteira”. São Gabriel era a “Terra dos
Marechais”, homenagem a seu filho mais ilustre, o marechal Mascarenhas de
Morais, que comandou a FEB na Segunda Guerra. E Santa Maria ficou bem na parada como “Cidade
Universitária”, graças a UFSM.
Outras cidades se identificavam pela sua produção
mais relevante, como Novo Hamburgo, a “Courocap”, Cachoeira, a “Capital do
Arroz”, ou Santa Cruz, a “Capital do Fumo”, designação inimaginável nestes
tempos politicamente corretos. Particularmente
sempre gostei de Vacaria como a “Porteira do Rio Grande” por sua localização no
noroeste do estado. Mas nada supera Turuçu, pequena cidade cortada pela BR 116
na região Sul, que se apresenta com a “Capital Nacional da Pimenta Vermelha”. Isso deve atrair turistas pra caramba.
Ironias à parte, acho que estou com nostalgia da
mocidade.
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