quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Pérola das Colônias e outras pérolas

Quer saber quão antiga uma pessoa é:  é só observar como ela se refere aos jovens.  Se usar Mocidade, bingo,  é dos antigos! Até Juventude está saindo de moda, substituído por  Geração isso e aquilo, mas isso e aquilo já é outra história.

Pois, estava ruminando essa relevante questão e me dei conta de que de alguma forma modernizamos a linguagem, tornando-a menos barroca e também menos charmosa.  Os meios de comunicação, especialmente o rádio e os jornais, é que difundiam termos e expressões que tiverem seu valor a um tempo, mas que já não colam mais (ainda se usa “cola” neste sentido?).

Era comum os clubes de futebol serem conhecidos a partir das suas cores. Rubro negro (Flamengo) e alvirubro (Inter) até passam, mas o que dizer do Grêmio Bagé, com suas camisetas à Penharol em preto e amarelo, também anunciado como  “jalde negro da Fronteira”.  Pior era reservado ao Pelotas,  em  amarelo e azul,  mas chamado de “auri cerúleo” , ou traduzindo, da cor do sol nascente e  azul da cor do céu.  Os cronistas esportivos usavam e abusavam desses apêndices aos nomes dos clubes e nem faz tanto tempo assim.  Á época  o jogador negro era chamado de “colored”, importado do inglês (o pessoal devia se achar erudito)  e o ágil ponteiro de “expedito”.

As cidades também tinham cognomes, igualmente por influencia do rádio, creio eu.  Porto Alegre, por exemplo, era a “Cidade Sorriso”, certamente por causa do alegre no nome. Caxias se orgulhava do ser a  “Pérola das Colônias” que remetia as suas origens italianas,  Pelotas era a ‘Princesa do Sul”, resquícios prováveis de sua fase mais sofisticada no tempo das charqueadas , Rio Grande, a “Noiva do Mar”  e Bagé , a “Rainha da Fronteira”.  São Gabriel era a “Terra dos Marechais”, homenagem a seu filho mais ilustre, o marechal Mascarenhas de Morais, que comandou a FEB na Segunda Guerra.  E Santa Maria ficou bem na parada como “Cidade Universitária”,  graças a UFSM.

Outras cidades se identificavam pela sua produção mais relevante, como Novo Hamburgo, a “Courocap”, Cachoeira, a “Capital do Arroz”, ou Santa Cruz, a “Capital do Fumo”, designação inimaginável nestes tempos politicamente corretos.  Particularmente sempre gostei de Vacaria como a “Porteira do Rio Grande” por sua localização no noroeste do estado. Mas nada supera Turuçu, pequena cidade cortada pela BR 116 na região Sul, que se apresenta com a “Capital Nacional da Pimenta Vermelha”.  Isso deve atrair turistas pra caramba.


Ironias à parte, acho que estou com nostalgia da mocidade.

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