Completei por
esses dias três anos sem fumar. Na real,
tenho dado boas tragadas em sonhos, é incrível como continuo sonhando com o
cigarro e como isso me dá prazer e sentimento de culpa até acordar. Todos os
ex-fumantes relatam a mesma sensação, o que mostra a verdadeira dimensão do
registro do vicio do tabagismo no nosso organismo e nas profundezas da nossa
mente.
E porque é vicio é prazeroso. Caso contrário seria
tão mais fácil deixar de fumar. Não é o
que acontece, pelo menos na maioria dos casos que conheço. Já devo ter contado aqui a declaração do
médico, autoridade reconhecida no tratamento das dependências, que me tratou na primeira vez que parei de fumar.
- Doutor, o senhor já experimentou cocaína?, perguntei.
- Não, porque
posso gostar e me viciar, foi a resposta.
O bom doutor aproveitou a deixa para repetir o
mantra necessário: “A droga é mais forte
que a gente, não dá pra vacilar.”
É verdade, só que eu virei o jogo e depois de quatro
ou cinco tentativas frustradas, agora o vitorioso sou eu e acho que desta vez é
para sempre. Foi sofrido no início, depois
a gente supera e aí melhora a capacidade pulmonar, baixa o colesterol e vem outros
benefícios, mas ganhei um sobrepeso e uma barriguinha que me constrangem.
Ainda hoje encontro pessoas que não acreditam que me
livrei dos cigarros, eis que era um fumante comprometido com o vício. Meia dependência é como meia gravidez: não
existe.
Mas também não me transformei num ex-fumante chato,
como tantos que conheço, a dar lições de moral e a atazanar os viventes com os
males provocados pelo tabagismo . Tenho
o máximo respeito pelo vício alheio e estou convencido que há um certo determinismo
nesta questão, ou seja, mais dia, menos dia chega a hora de parar e o cigarro
vira só um sonho prazeroso.
Esse médico é um sábio. Tem gente que gosta de desafiar o perigoso achando que é muito forte. É apenas fraco de ideias. Tem gente que vibra com aquele que consegue recuperar-se de decisões tão erradas, como na história do bom filho à casa torna. Mas eu vibro mais é com quem consegue, no meio do trigo, não se iludir com o joio, não ser maria vai com as outras burras. Para exemplifi
ResponderExcluircar, idolatro quem, em uma adolescência vivida em ambientes com tudo para entrar na droga, com tanta coisa contra, consegue seguir em frente, decente, pensando no orgulho que dá e dará
aos seus descendentes.