terça-feira, 25 de novembro de 2014

Três anos depois

Completei  por esses dias três anos sem fumar.  Na real, tenho dado boas tragadas em sonhos, é incrível como continuo sonhando com o cigarro e como isso me dá prazer e sentimento de culpa até acordar. Todos os ex-fumantes relatam a mesma sensação, o que mostra a verdadeira dimensão do registro do vicio do tabagismo no nosso organismo e nas profundezas da nossa mente.

E porque é vicio é prazeroso. Caso contrário seria tão mais fácil deixar de fumar. Não  é o que acontece, pelo menos na maioria dos casos que conheço.  Já devo ter contado aqui a declaração do médico, autoridade reconhecida no tratamento das dependências,  que me tratou na primeira  vez que parei de fumar.

- Doutor, o senhor já experimentou cocaína?,  perguntei.

- Não,  porque posso gostar e me viciar, foi a resposta.

O bom doutor aproveitou a deixa para repetir o mantra necessário:  “A droga é mais forte que a gente, não dá pra vacilar.”

É verdade, só que eu virei o jogo e depois de quatro ou cinco tentativas frustradas, agora o vitorioso sou eu e acho que desta vez é para sempre.  Foi sofrido no início, depois a gente supera e aí melhora a capacidade pulmonar, baixa o colesterol e vem outros benefícios, mas ganhei um sobrepeso e uma barriguinha que me constrangem.

Ainda hoje encontro pessoas que não acreditam que me livrei dos cigarros, eis que era um fumante comprometido com o vício.  Meia dependência é como meia gravidez: não existe.


Mas também não me transformei num ex-fumante chato, como tantos que conheço, a dar lições de moral e a atazanar os viventes com os males provocados pelo tabagismo .  Tenho o máximo respeito pelo vício alheio e estou convencido que há um certo determinismo nesta questão, ou seja, mais dia, menos dia chega a hora de parar e o cigarro vira só um sonho prazeroso. 

Um comentário:

  1. Esse médico é um sábio. Tem gente que gosta de desafiar o perigoso achando que é muito forte. É apenas fraco de ideias. Tem gente que vibra com aquele que consegue recuperar-se de decisões tão erradas, como na história do bom filho à casa torna. Mas eu vibro mais é com quem consegue, no meio do trigo, não se iludir com o joio, não ser maria vai com as outras burras. Para exemplifi
    car, idolatro quem, em uma adolescência vivida em ambientes com tudo para entrar na droga, com tanta coisa contra, consegue seguir em frente, decente, pensando no orgulho que dá e dará
    aos seus descendentes.

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