Encontro na Feira do Livro minha boa amiga Lem,
elegantérrima como sempre, e antes que
consiga cumprimenta-la e tomarmos um cappuccino na mesa ao lado, ela dispara:
- Tenho boas histórias para te contar.
Além de frequentadora assídua do ViaDutra, Lem é uma
fonte confiável de boas histórias.
Segundo ela, são causos acontecidos com amigas, mas suspeito que a própria tem
sido personagem principal algumas vezes, mas enfim, vale o relato assim mesmo. Como o ocorrido com a bela loira que a
acompanhava numa incursão noturna e que se queixou do garçom, estabelecendo-se
um diálogo surreal.
- Era só o que me faltava: o garçom não para de piscar pra mim.
- Amiga, ele não está piscando pra ti. É cacoete
dele.
- Bah, que fase, nem garçom mais me dá bola!
Outra amiga se encantou com o rapaz bem apessoado no
pub e, feito os contatos imediatos, passaram
a trocar informações. Ela, interessadíssima
no moço, se apresentou com funcionária pública e ele já estabeleceu afinidades,
informando que também era servidor público, de uma estatal de energia. Em seguida, sugeriu que era de "alto escalão
na estrutura da empresa” e que as responsabilidades que pesavam sobre seus
ombros másculos não eram pouca coisa. Como
se fosse ensaiado, o celular logo tocou e ele se desculpou;
- Desculpe, mas preciso ir. A firma precisa de mim com urgência.
E se despediu, mas ficou na frente do
estabelecimento, atendendo ao telefone e gesticulando muito. Sucede que as moças já haviam pagado a conta
e, sem que ele percebesse, puderam observar na rua quando o rapaz entrou na
camionete adesivada da empresa e saiu em
disparada. Sobre o veiculo, uma visão do que significava ser de alto
escalão: uma enorme escada, daquelas indispensáveis aos consertos bem
acima do chão.
- Bem que achei ele muito elétrico, conformou-se a amiga,
que naquela noite ficou sem energia para outras abordagens.
Por fim, tem a história daquela outra amiga, bem
ajeitadinha nos seus trinta e tantos anos, que se encantou com um vizinho bem
mais jovem. O encantamento se acentuou
cada vez que o garoto chegava em casa, sempre transportado por um carrão diferente.
Não demorou muito acabaram “ficando” e foi quando a moça descobriu que se
tratava de um promissor atleta das divisões de base de um dos grandes clubes de
futebol da Capital, mas com um salário desproporcional
aos seus, digamos, atributos, se bem que com muitos companheiros generosos em suas caronas
em carros e SUVs vistosos. Detalhes,
detalhes, segundo ela:
- Qual é o problema? Descobrimos que temos pelo
menos uma afinidade: somos do mesmo
time!
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