sábado, 15 de novembro de 2014

Acorda, PT

Cada vez entendo menos o atual cenário  político brasileiro.  Quem ganhou a eleição se comporta como quem perdeu e os vencidos  se movimentam como se vitoriosos fossem. Ministros demissionários saem atirando, com criticas contundentes ao governo, sem falar que as últimas medidas econômicas deram a munição que oposição precisava (a crônica do Ricardo Noblat  sobre o assunto é admirável: confira em http://noblat.oglobo.globo.com/meus-textos/noticia/2014/11/do-outro-lado-do-espelho-ou-o-comeco-do-governo-aecio.html).  Nunca antes na história desse país se viu um governo eleito tão frágil e uma oposição derrotada tão fortalecida,  que marca com força seu posicionamento e conquista mais e mais a opinião pública.
A  situação mobiliza as centrais sindicais e os chamados movimentos sociais – a maioria deles subsidiados por verbas governamentais – para fazer frente a mobilização da oposição. É a oposição à oposição, como bem flagrou El Pais em “Não é perigosa uma oposição contra a oposição?” (confira em http://brasil.elpais.com/brasil/2014/11/14/opinion/1415983363_564415.html).  É  o clamor “Direita Golpista”  x “Fora Dilma, Fora PT”.  Sim, é o terceiro turno da eleição e a oposição esta vencendo, pelo menos na minha opinião, com o desconto que tenho lado bem definido.
Os dillmistas ainda não entenderam que a  tentativa petista de tentar equilibrar o jogo da mobilização acaba inflando ainda mais o outro lado. É combustível para a reação popular que cresce especialmente nos grandes centros.  E aí estoura o escândalo bilionário da Petrobras e ao invés da condenação veemente aos malfeitos, o que vemos é a desqualificação dos magistrados envolvidos na operação e ameaça de intervenção na Policia Federal. Pior: tem liderança petista clamando para que as forças de segurança intervenham nas manifestações contrárias ao governo, como se não bastassem os movimentos para garrotear a mídia.  Pior ainda quando fazem a defesa veemente das práticas cubanas ou venezuelanas – e agora também as bolivianas – como forma de se validarem, quando deveriam aprofundar as soluções para os grandes e variados passivos do Brasil. Mas os companheiros cultuam e se espelham nesses bufões latino-americanos.
Preferem também aquele olhar ao passado  na forma de contra ataque lembrando os casos de corrupção nos governos tucanos, como se uma coisa justificasse a outra;  e, ainda, uma tentativa de estabelecer uma  competição entre quem roubou mais ou menos, como se defender corruptos não é o mesmo que se igualar a eles. 
O PT parece tonteado depois da difícil reeleição. Parece ter gasto toda a sua energia e inteligência na campanha eleitoral.  Está sem estratégia no governo, perdeu o discurso, ampliou o espectro de inimigos, está perdendo o protagonismo e fazendo tudo ao contrário de como sempre agiu quando se fez vitorioso. Age como naquele post, de gosto duvidoso é bem verdade, mas  que adverte: “Todo o petista fanático é igual a corno apaixonado.  Você fala, mostra prova, mostra fotos(...) desenha, mas não adianta! E no fim ele continua cego de amor e você sai como errado e destruidor de lar.”
Nesse contexto, até vou prestar um serviço aos companheiros da estrela: ao invés de “Fora PT”, vou gritar  um sincero "Acorda, PT”.  Ainda dá tempo.

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