Cada vez entendo menos o atual cenário político brasileiro. Quem ganhou a eleição se comporta como quem
perdeu e os vencidos se movimentam como
se vitoriosos fossem. Ministros demissionários saem atirando, com criticas contundentes
ao governo, sem falar que as últimas medidas econômicas deram a munição que oposição
precisava (a crônica do Ricardo Noblat
sobre o assunto é admirável: confira em http://noblat.oglobo.globo.com/meus-textos/noticia/2014/11/do-outro-lado-do-espelho-ou-o-comeco-do-governo-aecio.html). Nunca antes na história desse país se viu um
governo eleito tão frágil e uma oposição derrotada tão fortalecida, que marca com força seu posicionamento e
conquista mais e mais a opinião pública.
A situação mobiliza as centrais sindicais e os
chamados movimentos sociais – a maioria deles subsidiados por verbas
governamentais – para fazer frente a mobilização da oposição. É a oposição à oposição,
como bem flagrou El Pais em “Não é perigosa uma oposição contra a oposição?”
(confira em http://brasil.elpais.com/brasil/2014/11/14/opinion/1415983363_564415.html). É o
clamor “Direita Golpista” x “Fora Dilma,
Fora PT”. Sim, é o terceiro turno da
eleição e a oposição esta vencendo, pelo menos na minha opinião, com o desconto
que tenho lado bem definido.
Os dillmistas ainda não
entenderam que a tentativa petista de
tentar equilibrar o jogo da mobilização acaba inflando ainda mais o outro lado.
É combustível para a reação popular que cresce especialmente nos grandes
centros. E aí estoura o escândalo
bilionário da Petrobras e ao invés da condenação veemente aos malfeitos, o que
vemos é a desqualificação dos magistrados envolvidos na operação e ameaça de
intervenção na Policia Federal. Pior: tem liderança petista clamando para que
as forças de segurança intervenham nas manifestações contrárias ao governo,
como se não bastassem os movimentos para garrotear a mídia. Pior ainda quando fazem a defesa veemente das
práticas cubanas ou venezuelanas – e agora também as bolivianas – como forma de
se validarem, quando deveriam aprofundar as soluções para os grandes e variados
passivos do Brasil. Mas os companheiros cultuam e se espelham nesses bufões latino-americanos.
Preferem também aquele olhar ao passado na forma de contra ataque lembrando os casos
de corrupção nos governos tucanos, como se uma coisa justificasse a outra; e, ainda, uma tentativa de estabelecer uma competição entre quem roubou mais ou menos,
como se defender corruptos não é o mesmo que se igualar a eles.
O PT parece tonteado depois da difícil reeleição.
Parece ter gasto toda a sua energia e inteligência na campanha eleitoral. Está sem estratégia no governo, perdeu o
discurso, ampliou o espectro de inimigos, está perdendo o protagonismo e fazendo
tudo ao contrário de como sempre agiu quando se fez vitorioso. Age como naquele
post, de gosto duvidoso é bem verdade, mas que adverte: “Todo o petista fanático é igual
a corno apaixonado. Você fala, mostra
prova, mostra fotos(...) desenha, mas não adianta! E no fim ele continua cego
de amor e você sai como errado e destruidor de lar.”
Nesse contexto, até vou prestar um serviço aos
companheiros da estrela: ao invés de “Fora PT”, vou gritar um sincero "Acorda, PT”. Ainda dá tempo.
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