segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Mistérios do Carnaval

Já fui um folião militante, do  tempo em que existiam carnavais nos bairros e imperavam os bailes de salão. Lembro como se fosse hoje os blocos e tribos descendo a rua Ijuí, no bairro Petrópolis,  onde o chefe dos correios local e sua mulher promoviam, lá no início dos anos 60 do século passado, um animado desfile.  Depois, passei a  frequentar clubes de primeira linha e outros nem tanto, sempre à procura de uma colombina para uma noite. Inesquecíveis carnavais no hoje decadente Petrópole Tênis Clube, na Sogipa, no Gondoleiros, no Caminho do Meio, no União e Progresso,  nas sociedades de praia e uma memorável noitada no Rio Branco, de Cachoeira do Sul – espero que as testemunhas silenciem à respeito.  Mais tarde, fuzarquei nos pré-carnavalescos e, à época,o Vermelho e Branco do Internacional, no Gigantinho, era imbatível.

Foi lá que deparei a menos de dois metros com uma Xuxa em início de carreira, seminua, fantasiada de libélula. Era a grande atração daquele ano, providenciada  pelo Salim e o Fernando Vieira, os promotores do Vermelho e Branco. Era bom!
Agora sou com carnavalesco mais comedido e menos participativo, que vai ao Porto  Seco e torce pela Praiana ou assiste pela TV aos desfiles do Rio, com uma discreta preferência pela União da Ilha e pela Vila Isabel.

Apesar de toda a experiência  acumulada ainda hoje fico intrigado com algumas coisas do Carnaval, verdadeiros mistérios que perduram. É o caso da cuíca. Prá que serve a cuíca? Não faz percussão, não dita ritmo, apenas chora sem ser notada no meio da bateria. E por que nas baterias  só às mulheres são reservados  os chocalhos, aquele instrumentos cheios de rodelinhas de metal? Por que as baterias, diferentemente dos conjuntos que animam os bailes, não usam metais que dão um colorido todo especial às músicas? Também me intriga o fato de os carros alegóricos quebrarem sempre na entrada da avenida, atrapalhando a harmonia e a evolução da escola. As escolas fazem um enorme investimento e ficam reféns de uns cacos- velhos. Pode isso, Arnaldo? Não consigo entender, ainda, porque determinadas alas insistem em usar fantasias pesadonas, com adereços difíceis de carregar e equilibrar, quando o ideal seria a leveza das vestes para permitir  um desfile sem incômodos. E quem é que sai com aquelas mulatas maravilhosas?  E será que o Rei Momo, findo o Carnaval, devolve ao prefeito as chaves da cidade? Dúvidas, mistérios!
De uns tempos para cá tento entender outro mistério:  porque as moças da Secretaria da Saúde fazem questão de me oferecer camisinhas quando me encontram no Sambódromo. Não que seja contra a campanha, mas é que meu prazo de validade está vencido, tanto quanto um preservativo não usado por muito tempo.  O detalhe é que sempre guardo as camisinhas. Vá que...

2 comentários:

  1. Puxa vida!Tens razão. Esses carros alegóricos vivem jogando gente pro chão. Foi assim no ano passado, neste quando uma moça ficou literalmente pendurada em uma árvore e lamentavelmente, em Santos, quatro foliões morreram quando o carro se desgovernou, na dispersão e arrebentou fios de alta tensão. E os preservativos? Pra ti seria muito mais útil um leque para abanar-se, não é mesmo?

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  2. Prezado Flávio, tudo bem? Mais um texto muito bem escrito. Aproveito para dizer que, no período carnavalesco, também me pergunto o que acontece com as 'chaves' que o Momo recebe.
    E, posto que o Carnaval precede o 'início do ano' em nosso país, fica o registro de que lhe desejo um ÓTIMO 2013.
    Regards,

    Paulo McCoy Lava

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