Autora do livro De Cuba, com carinho e responsável pelo blog Generacion Y, onde relata as mazelas vividas pelos seus compatriotas, Yaoni passaria praticamente despercebida na sua visita não fosse uma parte muito burra da esquerda que decidiu promover manifestações contra a presença dela, hostilizando-a em seus compromissos e impedindo ou atrapalhando atos em que era a principal atração. Pronto, atiçaram a onça e a cubana deitou e rolou falação, elogiando o espírito democrático dos brasileiros que permitiam tais manifestações, diferente do seu país onde o contraditório é punido com detenção, no mínimo.
A Embaixada de Cuba e parte do PT foram colocados sob suspeita porque estariam por trás das manifestações, bem organizadas e uniformes no material produzido, apesar da diversidade geográfica das ocorrências. Até mesmo a presidente Dilma acabou envolvida porque um blog que usa o seu nome– indevidamente? – tratou a visitante cubana como "rola-bosta". Que nível!
De outra parte, Yaoni é acusada de ser financiada pelos EUA, de ser
repetitiva no seu discurso e até de ter cabelo demais e dentes de menos. Agora
falam do estranhamento de ter voltado à Cuba e a seus imensos problemas ao
invés de desfrutar das benesses da vida que levou por dois anos na Suíça. Quem
sabe não está aí o grande valor de Yoani que, ao voltar à Cuba, demonstra todo
o amor que tem pelo seu país.
Tenho bons amigos que são defensores ardorosos do
regime cubano, que, de fato, promoveu grandes avanços na área da saúde e da
educação e, em algum momento da sua longa ditadura, restituiu a dignidade de um
povo que tinha seu país como o cabaré dos Estados Unidos. Sou capaz de reconhecer
os méritos da revolução cubana, mas não dá para fechar os olhos aos relatos que
me chegam de fontes diversas dando conta da penúria atual dos aguerridos
hermanos do caribe. Os 50 leitores diários deste blog e os mais de 1,5 mil
amigos do Facebook sabem claramente qual é a minha posição. Ela está bem expressa no texto anterior Balseira do Ciberespaço. Só que é importante esclarecer que não se trata de Excelência em Saúde + Desempenho Esportivo x Falta de Liberdade + Miséria, nem de destacar obviedades como a levantada outro dia por Roberto Pauletti – quantos balseiros deixaram Miami rumo à Cuba e vice-versa? É muito maniqueísmo, mesmo para mim. O que está mais do que na hora é de questionar a duração do regime, que chega a mais de 53 anos, remetendo ao conceito do historiador católico e liberal, Lord Action: “O poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente”. Enquanto os novos ventos não sopram na ilha caribenha, pelo menos deixem a Yaoni falar, mesmo que seja uma chata de galocha, como afirma o Prévidi.
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