sábado, 6 de outubro de 2012

Hora da escolha


Estou dividido entre aquela melancolia de fim de festa e uma euforia crescente pela certeza da vitória e porque valeu a pena. ´São os mesmos sentimentos que parecem afetar os outros companheiros e companheiras da jornada que está chegando ao fim.  Ficamos confinados a maioria do tempo e condenados a tratar dos mesmos assuntos todos os dias, todas as horas. Mas insisto, valeu a pena, mesmo para este jornalista já escolado de outras campanhas políticas, lanhado pelas derrotas, recompensado com as vitórias. Desta vez, já fomos recompensados com um ambiente de harmonia e alto astral que envolveu a campanha da coligação Por Amor a Porto Alegre desde o início.  Falo com a autoridade de quem fez parte do primeiro pelotão da campanha.
Também é  verdade  que já gostei mais de política, que esteve no mesmo nível das minhas preferências com a prática “daquilo” e as coberturas radiofônicas. Interessante como o passar dos anos tem mudado meus hábitos, inclusive quanto “aquilo”. Em relação a política, minha iniciação começou muito cedo, lá pelos 10 anos, quando meu pai instalava perto de casa, no bairro Petrópolis,  uma banquinha para distribuirmos material de meu tio que disputava uma cadeira na Câmara Federal - foi um dos mais votados e mais tarde elegeu-se  senador. Éramos muito politizados a escadinha de oito irmãos e lembro que na disputa pelo governo do estado , em 1958, meu irmão Telmo instalou em casa um comitê para  o Brizola e minha irmã Silvia um para o Perachi, com farto material de campanha que buscavam nos comitês de verdade.  Os dois não tinham mais de 15 anos!

Depois nos envolvemos de alguma forma nas campanhas eleitorais de meu irmão Luiz Vicente para vereador, bem sucedidas,  e para deputado, nem tanto.   Eu, particularmente, sempre dava um jeito de participar das coberturas eleitorais nas emissoras onde trabalhava. Memoráveis coberturas eleitorais, “urna a urna, voto a voto” que demoravam até uma semana e que as urnas eletrônicas vieram para acabar com o fascínio e a trabalheira daqueles tempos. As rádios Guaiba e Gaúcha montavam enormes estruturas para uma apuração paralela à do TRE e normalmente cantavam vantagem de terem errado por pouco em relação aos números oficiais.
A disputa pelo anuncio do primeiro voto era feroz e lembro que numa das eleições o Edison Moiano, da Guaíba, que acompanhava  em Canoas a abertura de uma das primeiras urnas, transmitiu  do ginásio onde ocorria a apuração:  “Atenção, saiu o primeiro voto no Estado. É para Alceu Collares”. Foi uma vibração incontida na Central de Eleições da então Caldas Junior e aquela “vitória” diante da concorrência serviu de emulação para toda a cobertura.  Indagado mais tarde como conseguira o furo, Moiano teria confessado que viu de relance o voto que seria de Collares caindo da urna para a contagem e decidiu antecipar o tal primeiro voto.  “E, afinal, um voto para Collares teria que ter naquela urna”, justificou.
Durante a ditadura, vivemos um período de trevas e carência de eleições. Veio a redemocratização e a primeira eleição para presidente. Como sempre, assumi minhas posições e meu fervor cívico, acumulado desde a infância, e escolhi os que considerava melhores: Covas no primeiro turno e Lula no segundo. Deu Collor.  Nas duas votações, graças a boa vontade dos mesários, foram meus filhos, Flávia primeiro e Rafael depois, ambos ainda pequenos, quem teclaram os números dos candidatos que indiquei. Mesmo sem ter muita noção do que estavam fazendo, os dois se sentiram muito importantes. Hoje, bem crescidos, continuam escolhendo seus candidatos conforme minha orientação e  isso acontece não porque votem à cabresto, mas certamente porque sabem da importância que dou ao processo político e a responsabilidade que cerca as escolhas que faço.

Neste domingo não será diferente. Nem preciso justificar: escolhi Fortunati, o melhor e ponto. E para vereador, João Bosco Vaz, um voto de reconhecimento pelo magnífico trabalho que promove de inclusão social pelo esporte.  Garboso, lá vou eu perto do meio dia votar no coleginho da zona sul e quando entrar no recinto da urna ainda vou me questionar se estou fazendo a escolha certa. Mas em seguida estarei teclando o 1, o 2...

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