Vocês podem não acreditar mas eu assistia aos
programas que a Hebe Camargo apresentava em Porto Alegre, na antiga e pioneira TV
Piratini, canal 5. Eram tempos pré vídeo tape, lá pelos anos de 1960 do século passado,
e toda a programação das poucas emissoras de TV existentes era feita ao vivo e
– acreditem – em preto e branco. O meio
TV começa a se expandir Brasil afora
pela tenacidade, o espírito empreendedor e
as negociatas de Assis Chateaubriand, que montou os Diários e Emissoras Associados. Os
Associados, como era conhecido, foi o primeiro grande conglomerado de mídia no
País, vale dizer tinha a penetração e o poder da Rede Globo de hoje.
A jovem Hebe
de então era uma das estrelas do cast dos Associados e nessa condição percorria
o Brasil , apresentando-se nas capitais onde o velho Chatô havia plantado uma
emissora. A cantora acabou
transformando-se em apresentadora de TV e é justo afirmar que conquistou a
condição de grande dama da TV Brasileira, ela que viveu a evolução do veiculo
desde sua primeira transmissão,em 1950, com a TV Tupi de São Paulo. Consta que no programa inaugural o entusiamado Chatô teria quebrado uma garrafa de champagne em uma das duas únicas câmeras existentes, imitando o gesto que lança os navios ao mar. Só que o resultado foi que também a câmera quebrou e o programa que marcou o início TV brasileira foi ao ar com um só equipamento, na base do improviso. Acho, porém, que isso é lenda. Mas a presença de Hebe no programa é confirmada, junto com Lolita Rodrigues e Lima Duarte que estão bem vivos e podem confirmar tudo.
Nasci junto com a TV brasileira em 1950 e, a rigor,
isso não representa nada na história, a não ser o fato de que acompanho desde
então as mudanças no País e particularmente na TV brasileira. Claro que a
modernização do Brasil tem sua correspondência nas emissões da mídia TV, tanto
em técnica como em conteúdo. E o
reconhecimento global que, pouco a pouco, temos conquistado como grande nação
emergente foi precedido de uma consistente penetração da nossa principal rede em
quase todos os mercados mundiais. Hoje a
TV brasileira é referência mundial.
Entretanto, Hebe foi um ícone de um período mais brejeiro e ingênuo, brega mesmo, de nossa país e de nosso meio televisivo,
assim como Chico Anísio, que também nos deixou recentemente, e tantos outros
pioneiros que um dia deixaram de estar na moda e ficaram para trás no gosto
popular. Hebe parece ser exceção nesse contexto. Mesmo trabalhando em redes de baixa
audiência, manteve-se em alta, com um público cativo, que adorava sua espontaneidade
cativante, seus bordões, suas tiradas e suas gafes.
Aliás, eis outro ponto em que me identifico
plenamente com a Hebe: sou o rei das gafes, como já contei aqui no ViaDutra.
Trata-se de mera coincidência, mas eu prefiro acreditar que é a melhor forma
que encontrei para homenagear a grande dama da TV brasileira.
Eu que sou de 1952, também acompanhava as entrevistas da Hebe, que além do cast da Record pré-bispo, levava gente famosa do mundo inteiro. Lembro do compositor italiano Sergio Endrigo, de Roberto Carlos, nos tempos da Jovem Guarda e tantos outros.
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