domingo, 1 de agosto de 2010

Confrades, poupanças e consórcios

Uma das tantas confrarias que freqüento reúne, em almoços ou jantares, um grupo de pessoas de reputação tida como ilibada. São profissionais liberais, jornalistas, servidores públicos, empresários, enfim, gente madura e da melhor qualidade. Ocorre que nos últimos encontros gastronômicos, entre a sobremesa e o cafezinho, tenho ouvido revelações surpreendentes sobre as artimanhas que os companheiros de mesa tem adotado para consolidar potenciais conquistas amorosas.

Um deles, abonado financeiramente, decidiu fazer uma poupança, com a qual espera atrair uma colega que sabidamente está com dificuldades para pagar as contas. O ardiloso faz até um levantamento semanal à moça.

- Nossa poupança já esta em 3,5 mil e agora vou depositar mais 500, garante ele à pretendida.

Não se sabe se a poupança é verdadeira, mas a cada prestação de contas os olhinhos da jovem brilham. Entretanto, nosso amigo reconhece, algo resignado, que o resultado final até agora é zero.

-É uma pena, porque nem quero ter um caso com ela, mas apenas poder espalhar, justifica o investidor mal-sucedido.

Se nada der certo ele vai destinar a poupança a uma instituição de caridade, numa demonstração de que no fundo é um bem-intencionado.

Outro confrade, com menos potencial econômico, está montando um consórcio para fazer frente a uma deusa que, pelo relato dele, vale cada cota. O confrade só não explica como se dará o acesso e a partilha do cobiçado prêmio: sorteio, leilão, maior lance? (Cheguei a pensar num primeiro momento em me associar ao consórcio, mas logo desisti da infeliz idéia). Arrisquei perguntar se a jovem já sabia das intenções dele e a resposta foi tão surpreendente como o processo:

- Isso é detalhe. O que vale é o jogo, a disputa!

Um terceiro companheiro, já sessentão, revelou a estratégia que pretende usar para conquistar uma colega de trabalho que vem adulando há tempos. A cantada que está elaborando é tão inacreditável que pode até funcionar:

- Querida, já estou pensando em pendurar a camisinha e escolhi alguém muito especial para compartilhar este momento histórico. Tu és a escolhida!

Na minha santa ingenuidade, fiquei chocado com as revelações. Sequer imaginava que os considerados confrades fossem capazes de tais vilanias. Acho que estou precisando selecionar melhor minhas companhias...

2 comentários:

  1. Pior aconteceu com um amigo sessentão - companheiro dos raros botecos que frequento. Ele batalhou pela moça, investiu em vinhos, coquetéis chiques. Chegou a cometer confidências de seu passado revolucionário, de luta contra a ditadura. Mas no momento decisivo - quando achava que seria duro, sem perder a ternura, desabou ao ouvir, a triste verdade: ela o admirava muito. Mas decididamente a praia era outra, aliás, era a mesma dele, ou seja, sentia o mesmo desejo por moças. Jovens de preferência. Tóim!

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  2. Grande Ari,
    O revés faz parte do processo. O importante é não esmorecer e continuar tentando. (Estava saudoso dos teus comentários aqui).

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