terça-feira, 24 de agosto de 2010

Ameaça Terrorista, o filme



Um dos melhores filmes de 2010 ficou inédito no circuito cinematográfico. Trata-se de "Ameaça Terrorista", um thiller psicológico que capturei na locadora sem muito entusiasmo. Não me arrependi: "Ameaça Terrorista" é suspense do começo ao fim, sem aquelas correrias dos filmes de ação que tratam de conspirações anti-americanas.

A sinopse padrão dá conta de que, ainda traumatizado pelo 11 de setembro, os EUA não podem baixar a guarda. Na trama, o país enfrentará um filho de sua própria nação, Younger (Michael Sheen), que se converteu ao islamismo e armou três bombas atômicas em diferentes cidades americanas. Apesar de Younger ser facilmente localizado e preso, ele não dá as coordenadas de onde as bombas estão. É quando entram em cena o investigador H (Samuel L. Jackson) e Helen (Carrie-Anne Moss) uma agente do FBI, que terão que pressionar o terrorista para descobrir a localização exata das bombas, numa corrida alucinante contra o tempo.

A sinopse, na verdade, passa ao largo da intensidade do filme dirigido pelo australiano Gregor Jordan. "Ameaça Terrorista" mostra que o fanatismo religioso não tem limites, como não tem limites as formas de enfrentamento das situações que colocam a nação americana em perigo. Ação e reação, uma se justificando pela outra, dependendo de que lado venha a versão. Os fins justificam os meios, ainda mais se o argumento, de um lado, é de que está em jogo é a segurança do país, e de outro, que os americanos devem pagar em vidas humanas os males infligidos aos países do Islã.

Vale detonar bombas em shoppings ou arrasar cidades inteiras com artefatos atômicos. Vale executar a mulher do suspeito e até mesmo torturar seus filhos para obter a informação desejada. São as cenas mais fortes do filme, quase todo ambientado num cenário claustrofóbico de uma câmara de torturas.

"Ameaça Terrorista" revela ainda a desarticulação entre as agências de segurança dos EUA e destas com o Exército, que ganha um papel mais relevante na luta anti-terror. As sucessivas trocas de comando durante a operação são outro produto do bate-cabeça entre os americanos. Será apenas ficção ou dramatização da realidade?

Ao fim e ao cabo, o que fica é que o confronto está longe de terminar. Os atentados de 11 de setembro e a retaliação intervencionista americana resultaram em feridas incuráveis, gerando intolerância de parte a parte. Agora mesmo, a construção de uma mesquita nas proximidades do Marco Zero, local das torres gêmeas, tem provocado manifestações prós e contras. Apesar do apoio do presidente Barack Obama e do prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, cerca de 70% dos americanos mostram-se contrários à iniciativa. É bem verdade que manifestações dessa natureza seriam impensáveis em países como o Irã. E fico por aqui, antes que se voltem contra mim, um mero observador da cena e grão de poeira nesse complexo universo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário