domingo, 8 de novembro de 2015

Compulsão por escrever

Tem tanta gente escrevendo e publicando que acho que vai acabar faltando leitores para tantos escritos. Ficou muito fácil publicar, tanto nos blogs como em forma de  livro, cujo processo industrial está mais acessível e simplificado, vale dizer mais barato para os escritores iniciantes e/ou independentes.   Pequenas tiragens, renováveis de acordo com a demanda, viabilizam-se por meio das gráficas expressas.  Assim é possível enfrentar uma sessão de lançamento sem o risco de encalhe e prejuízo.

Aprendi isso depois de velho, após as idas e vindas para a edição do Crônicas da Mesa ao Lado. A negociação com a editora  (Bartblee, de Juiz de Fora-MG)  foi rápida e satisfatória, a impressão demorou  um pouco,  mas nada que provocasse estresse e o problema mesmo surgiu quando chegou a hora de transportar os livros para Porto Alegre.  Resolvido à contento essa logística, chegou a hora da verdade:  o livro tinha que chegar aos potenciais interessados.
Não sei se vocês já perceberam, mas basta entrar numa livraria para verificar que a concorrência é feroz, a começar pelos best-sellers vindos do exterior,  sem contar os autores consagrados, os livros de autoajuda,  as biografias atraentes autorizadas ou não e, ainda, os de besteirol, eis que existe público para isso. É quando o autor recém-lançado se pergunta:  será que alguém vai se interessar pela minha obra?

Devo dizer que, mesmo diante das dificuldades de distribuição, não tenho queixas.  Distribuí  por conta própria,  garantindo aceitação em meia dúzia de locais, especialmente as livrarias mais cults Cinco livros aqui, dez ali, pelo menos duas reposições,  encomendas pelo Correio e o Crônicas me surpreendeu,  vendendo acima do esperado. Claro que as livrarias ficam com 30 a 50% do preço de capa, mas vale pela vitrine e o dinheirinho pingado que entra sempre ajuda a fechar o orçamento. 
E aqui volto a questão inicial, na verdade, mais do que uma constatação, uma angustia: será que haverá leitor para tanta produção literária? Fiz um rápido levantamento e contei pelo menos seis companheiros jornalistas com livros recentes na praça – aqui praça como sinônimo de mercado – e outro tanto anunciando lançamentos para breve, além de lideranças politicas que começam a investir no livro para difundir suas ideias e, de novo, os autores consagrados que tem público cativo.

Acredito que boa parte desse boom de aspirantes a literatos se deve às oficinas literárias que abundam em nosso meio, dando vazão a compulsão por escrever . Mais do que autores zelosos com a suas obras criou-se uma geração de reféns da necessidade de colocar ideias, enredos, cenários e personagens em forma escrita.  É isso, afinal, o que nos move.

"Crônicas da Mesa ao lado" pode ser adquirido  nas livrarias Bamboletras (Shopping Nova Olaria), Palavraria (na Vasco da Gama, 165), Nova Roma (General Câmara, 394), Cultura (Shopping Bourboun Country), Koralle (José Bonifácio,95 e Santander Cultural) e Banca da República,(República quase esquina de João Pessoa). Na Feira, pode ser encontrado também na barraca da Associação Riograndense de Imprensa (ARI) e na da Associação Gaúcha dos Escritores Independentes.

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