Que língua a nossa, exclamava aquele cronista,
diante das incongruências do português do Brasil. A gente calça as botas e bota
as calças. Trata-se de um clássico do gênero
e uma solução linguística aceitável por causa da redundância que seria
calçar as calças. Bobagens á parte, gosto mesmo dos divergentes "pois sim" e "pois
não". Está tudo com sinal trocado: o do "sim" expressa uma negação e parece exigir um ponto de exclamação, enquanto o do "não" é uma concordância e pode ser ainda um questionamento, se acrescentarmos um ponto de interrogação. Vá
entender.
Vejamos o caso de "caldo" e "sopa", que seriam
sinônimos, só que aplicados para o sexo feminino ganham outras conotações:
caldo refere-se a mulheres atraentes, desejáveis, e as que dão sopa seriam aquelas tipo oferecidas. Já devo ter escrito algo a respeito.
Tenho certo fascínio por essas complexas questões do idioma, digamos, e de outras tantas que atormentam quem precisa se
valer da língua culta, como nós jornalistas. Meu bom amigo Plínio Nunes, também
jornalista, é especialista no tema assim
como o professor Ari Riboldi,
enquanto outro amigo de fé, o Pedro
Fernando Garcia de Macedo, tem nome de embaixador, domina bem o idioma, mas não é nada diplomático quando me acusa de ter faltado às (com crase?) aulas de crase, (separar por vírgula?) e virgulas. A sinceridade do Pedro, como se
observa, me transmite insegurança, por isso sempre que me aperto recorro a ele
para corrigir alguns textos que cometo.
Na verdade, vamos a mais especulações em torno do manejo da chamada “última flor do Lácio”. Reconheço
que os marqueteiros sabem tirar o máximo do potencial das nossas palavras e
expressões. Reparem nas ofertas dos
anúncios e anotem quantas vezes são anunciados descontos de “até 50%, 70%...”
ou “preços a partir de...” ou “tudo a partir de 1,99”. Limites acima e concessões pra cima.
Essa flexibilidade é um chamarisco e tanto para os
consumidores desavisados, mas nem sempre
corresponde à realidade. Aqui é assim:
as liquidações ficaram tão desacreditadas que tiveram que adotar a
nomenclatura inglesa sale. Sorry, mas aí
a questão já não é mais de linguística. Acho que queria mesmo era me indignar com as artimanhas do comércio e
para isso me vali das artimanha do Português.
Realmente, viajar pela estrada das palavras é meu vício predileto. Curto descobrir a origem dos termos, das expressões. Notei a obviedade de que eles surgem da observação do ser humano sobre o que o rodeia. Sobre a mulher que dá caldo, suponho que tenha surgido a partir do ditado de que "galinha velha não dá bom caldo". Daí brincalhões, chamados de "machistas" passaram a dizer, querendo fazer elogios à la Amigomeu, que é mais grosso que rolha de poço, que "essa ainda dá um bom caldo." Que me perdoem os "amantes do politicamente correto".
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