domingo, 24 de maio de 2015

Pois sim,pois não

Que língua a nossa, exclamava aquele cronista, diante das incongruências do português do Brasil. A gente calça as botas e bota as calças. Trata-se de um clássico do gênero  e uma solução linguística aceitável por causa da redundância que seria calçar as calças. Bobagens á parte, gosto mesmo dos divergentes "pois sim" e "pois não". Está tudo com sinal trocado:  o do "sim" expressa uma negação e parece exigir um ponto de exclamação, enquanto o do "não" é uma concordância e pode ser ainda um questionamento, se  acrescentarmos um ponto de interrogação. Vá entender.

Vejamos o caso de "caldo" e "sopa", que seriam sinônimos, só que aplicados para o sexo feminino ganham outras conotações: caldo refere-se a mulheres atraentes, desejáveis, e as que dão sopa seriam  aquelas tipo oferecidas. Já devo ter escrito algo a respeito.

Tenho certo fascínio por essas  complexas questões do idioma, digamos, e de  outras tantas que atormentam quem precisa se valer da língua culta, como nós jornalistas. Meu bom amigo Plínio Nunes, também jornalista, é especialista no tema assim  como o professor Ari  Riboldi, enquanto outro amigo de fé,  o Pedro Fernando Garcia de Macedo, tem nome de embaixador, domina bem o idioma,  mas não é nada diplomático quando  me acusa de ter faltado às (com crase?)  aulas de crase, (separar por vírgula?)   e virgulas. A sinceridade do Pedro, como se observa, me transmite insegurança, por isso sempre que me aperto recorro a ele para corrigir alguns textos que cometo.

Na verdade, vamos a mais especulações em torno do manejo da chamada “última flor do Lácio”. Reconheço que os marqueteiros sabem tirar o máximo do potencial das nossas palavras e expressões.  Reparem nas ofertas dos anúncios e anotem quantas vezes são anunciados descontos de “até 50%, 70%...” ou “preços a partir de...” ou “tudo a partir de 1,99”.  Limites acima e concessões pra cima.


Essa flexibilidade é um chamarisco e tanto para os consumidores desavisados,  mas nem sempre corresponde à realidade.  Aqui é assim: as liquidações ficaram tão desacreditadas que tiveram que adotar a nomenclatura inglesa saleSorry, mas aí a questão já não é mais de linguística. Acho que queria mesmo era  me indignar com as artimanhas do comércio e para isso me vali das artimanha do Português.

Um comentário:

  1. Realmente, viajar pela estrada das palavras é meu vício predileto. Curto descobrir a origem dos termos, das expressões. Notei a obviedade de que eles surgem da observação do ser humano sobre o que o rodeia. Sobre a mulher que dá caldo, suponho que tenha surgido a partir do ditado de que "galinha velha não dá bom caldo". Daí brincalhões, chamados de "machistas" passaram a dizer, querendo fazer elogios à la Amigomeu, que é mais grosso que rolha de poço, que "essa ainda dá um bom caldo." Que me perdoem os "amantes do politicamente correto".

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