sexta-feira, 8 de maio de 2015

Desde os tempos das brizoletas

                                          A brizoleta

É verdade que todos os governadores que assumem as rédeas do Rio Grande reclamam que receberam um  Estado quebrado.   Mesmo Brizola , considerado um dos melhores governadores que tivemos, amargou um período de penúria financeira, tanto assim que passou a emitir as brizoletas e com elas honrava os pagamentos, inclusive os salários dos servidores. 

As brizoletas eram letras do Tesouro do Estado, que substituíam as cédulas do Cruzeiro, a moeda vigente,  e acabaram sendo assimiladas pela população no dia a dia.  Foi uma iniciativa ousada do jovem governador (36 anos à época) e um tempo de dureza para a população em geral e o funcionalismo em particular. Sei disso porque meu pai era oficial da Brigada (capitão, se bem me lembro) e penava para manter a ninhada de oito filhos.

Mas sobrevivemos às brizoletas  - que é até onde a memória alcança -  e a todas as intempéries que marcaram os governos posteriores. Dos governadores nomeados no período da ditadura, sempre dependentes do poder central, aos eleitos na redemocratização, cada um com sua crise, suas carências  e suas inúteis soluções. Todos certamente bem intencionados que conduziram o Rio Grande até aqui, sem que o trem descarrilhasse, apesar dos muitos  solavancos. 

Vale o mesmo para o Brasil, que sobreviveu às gastanças de JK, às  loucuras de Jânio, as confusões com  Jango, ao autoritarismo dos milicos no poder; sobreviveu até mesmo aos marimbondos de fogo do Sarney e à República de Alagoas de Collor, à mediocridade de Itamar,  a era FHC (teria quebrado o Brasil três vezes, segundo seus detratores) e agora aos 12 anos de Lula + Dilma com todo esse lamaçal que está aí.  E o Brasil e o Rio Grande resistem bravamente.


Sem aprofundar as causas das sucessivas crises locais e nacionais, até por falta de maiores conhecimentos, acredito que só há uma explicação para a longeva resistência do Estado e do País: Deus decidiu assumir a sua porção brasileira com extensão gaúcha.  Mas suspeito que fez uma ressalva: não se responsabilizaria pelos governantes que escolhemos. Aí deu no que deu. 

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