De tanto insistir para entrevistar João Saldanha que
visitava Porto Alegre lá pelo início da década de 70 do século passado, o jovem
repórter atingiu o seu intento, mas foi brindado com uma rabugice do consagrado jornalista:
- Mas que sarninha!
O “sarninha” era Edegar Schmidt, recém chegado de
Cachoeira do Sul – cidade celeiro de
grandes homens de comunicação – que precisava se firmar em Porto Alegre e
especialmente numa equipe cheia de cobras que era a Rádio Guaíba de então. Com
a determinação com que conseguiu a entrevista de Saldanha, Edegar construiu uma
carreira marcante no jornalismo esportivo como repórter, comentarista, âncora de TV e
colunista (assinava a coluna Líbero na extinta Folha da Tarde).
A partir de 1974 nossos destinos se cruzaram nos estádios onde setorizávamos e depois na Rádio
Guaíba. Logo nos identificamos, seja pela faixa etária, seja pela necessidade
de nos impormos profissionalmente. Casamos pela mesma época, ele e a Maristela foram padrinhos do meu casamento, nossos filhos regulam de idade e fizemos ótimos veraneios juntos e pelo menos um Carnaval inesquecível no clube Rio
Branco de Cachoeira. Mas o Edegar era muito mais irrequieto que eu e na esteira
da crise da então Caldas Junior partiu para outras, uma vez que também tinha um
espírito empreendedor que a mim faltava. Ele sabia como ganhar dinheiro, mas
era bom em gastar também.
Acabamos nos
desgarrando, mas volta e meia nos
encontrávamos em função das atividades profissionais de um e outro. Sentar à mesa para tomar um cafezinho com o Edegar era ouvir os planos futuros que ele
tinha em mente, pois jamais deixava de sonhar com a possibilidade de um novo
projeto.
Ao confessar a minha inveja por esse traço visionário do amigo, também não deixo de registrar que hoje, ao observar a mesmice da reportagem esportiva, é quando mais sinto falta da
sarna de um Edegar.
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