Noite dessas espichei o ouvido para a mesa ao lado e
fiquei sabendo de saborosíssima histórias envolvendo motoristas infratores e
agentes de trânsito cumpridores de suas obrigações. Nas fiscalizações noite adentro
acontece cada uma. Como a da motorista
flagrada sem carteira que se livrou de um flagra pior ainda. A moça, acompanhada de um rapaz, se recusou a fazer o
teste com o bafômetro, o acompanhante também, e apresentou a documentação do
carro indicando que o proprietário era outra pessoa.
- Como a senhora não pode dirigir e o moço aí também
não, quem sabe chama o proprietário para conduzir o veiculo.
- Não posso, o proprietário é meu marido. Imagina se
ele vem aqui e vê que eu estou com outra pessoa...
Algo me distraiu, talvez uma caldável passando, e
acabei não sabendo o desfecho do caso. Diferente da outra história que ouvi.
Seguinte: nos tempos em que os Fuscas eram os carros que mais rodavam, o cinto
de segurança era de duas pontas, passando sobre as pernas do motorista. Diante
de uma situação dessas o agente chamou a atenção do condutor:
- E o cinto, cidadão?
O motora, sujeito simplório, fez um gesto apontando
para baixo, o que foi interpretado como uma provocação obscena pelo agente.
- Tá pensando o quê? Além de dirigir sem cinto ainda
fica bancando o engraçadinho.
E já estava sacando o talonário para aplicar uma pesada multa
quando o atrapalhado motorista conseguiu demonstrar que estava, sim, usando o
cinto, para o qual apontava.
Mal entendidos cercam também alguns motoristas que
se recusam a deixar seus carros na madrugada para fazer o teste do bafômetro.
Só que não se trata de contravenção, mas de constrangimento.
- Seu guarda,
vou buscar meus filhos numa festa e estou de pijama. Fica chato sair do carro com toda essa gente
em volta...
Normalmente os agentes são sensíveis ao apelo dos
pais, mas não tem a mesma condescendência com aquelas moças mais afoitas que, sob o efeito de umas e outras, se atiram
em direção aos homens da lei, aos beijos e abraços, como um pedido de
clemência. Como aplicadores da Lei, os
agentes não são bem vistos e, de repente, aparecem garotas e senhoras prenhes
de amor pra dar. O que dá é pra desconfiar da sinceridade das intenções.
A recíproca também existe, como o caso aquele do
azulzinho que se tomou de amores pela loira recém multada e passou a mandar
mensagens convidativas para o fone da moça. Mas aí já é outra história da mesa
ao lado.
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