domingo, 22 de setembro de 2013

Tolerância zero

Está cada vez mais difícil ter opinião e expressá-la na rede.  Tem sempre alguém para contestar e te dar nos dedos e chutar as canelas. Não sou contra o contraditório, mas contra a obsessão pelo contraditório, o contraditório pelo contraditório, o contraditório para ser diferente e os contraditórios raivosos, tudo isso infestando a rede e baixando o astral.  Vale o mesmo para os que não suportam a mínima contestação e contra-atacam furiosamente.

Ao que parece não sou apenas eu que está incomodado. Tanto assim que circula no FB um banner que simula o final dos comerciais de remédios:  “O Ministério da Tolerância adverte: ter opinião contrária é motivo para ser ridicularizado em redes sociais”.  Essas sacadas bem-humoradas para demonstrar contrariedade funcionam mais e melhor que a agressividade.

Pensando bem, não dá pra condenar os opiniáticos da internet.  Vivemos um momento em que todo o mundo está  posicionado -  contra e a favor dos magistrados do STF, contra e a favor dos indiciados no mensalão, contra e a favor do PT,  contra e a favor da oposição ao PT e, mais recentemente, contra e a favor dos festejos Farroupilha, contra e favor da Siria,  contra e a favor da invasão de prédios públicos, contra e a favor de manifestações de pelados, enfim, contra e a favor de quem é contra e a favor.

Nós gaúchos até já devíamos estar acostumados a essa dicotomia, esse permanente Grenal,  esse eterno farrapos x imperiais, esse infindável maragatos x chimangos.  Ok, é  legado da nossa história e faz parte da nossa cultura, mas enche o saco.  E agora ainda inventaram os tais Embargos Infringentes pra começar tudo de novo.  Haja!  Daqui a pouco, fugar pras colinas será um dever.




Um comentário:

  1. Amigo e Guru Flávio,

    Viva a causa da contrariedade, pois se não pudéssemos contestar, os vigários teriam tomado conta de todo o Brasil.

    Logo que entrei na Câmara de Vereadores, lá em 2003, o então vereador Sebastião Melo me disse: "Marcelo, ocupa o espaço político, pois se ficar vazio, logo um vigarista ocupa".

    Diante desse ensinamento, jamais deixei de ocupá-lo.

    Abraços.

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