domingo, 1 de setembro de 2013

No tempo das bandas marciais

Aproxima-se o 7 de setembro e me bate uma nostalgia dos tempos escolares, quando desfilávamos garbosos na Parada da Mocidade.  Os principais colégios públicos e particulares mobilizavam seus alunos para o grande dia,  um domingo pela manhã antes do dia 7 ,que era reservado para o desfile dos milicos.

Havia ensaios preparatórios e as grandes escolas passavam as semanas afinando os dobrados das suas bandas marciais que puxavam o desfile da gurizada. Lembro-me de um ano em que os alunos da quarta série ginasial do Colégio Rosário desfilaram pela avenida Farrapos de terno e gravata, sinalizando a formatura breve.  E lá fui eu, com meu surrado terno domingueiro, marchando nas primeiras filas, maldizendo quem tivera aquela ideia.
Havia uma saudável disputa entre as bandas marciais. A do Rosário competia fortemente com a das Dores, que sempre foi considerada a mais qualificada. Mas havia outras também afamadas como a do Colégio São João, a do Julinho,  até onde alcança a memória.

Na frente  de todas perfilava-se o Mor da Banda, uma espécie de maestro,  e eventualmente um naipe de alunas com suas sainhas, pernas de fora e acrobacias , imagens perturbadoras para aquele bando de adolescentes. Depois  vinham os instrumentistas  - muitos metais e percussão.  Os novatos começavam tocando pífaros, o que até tentei no Rosário,  mas descobri que não tinha a mínima vocação.  Foi uma pena, porque o pessoal da banda tinha algumas regalias, eram bem avaliados pelos professores e aqueles uniformes de soldadinhos de chumbo chamavam a atenção das meninas.  A mim restou o surrado terno domingueiro...

Hoje poucas bandas marciais resistem e até a chamada Parada da Mocidade se resume a uma aglomeração  de escolas infantis desfilando nos seus bairros, com muito entusiasmo e pouca produção visual. Não se fala mais em civismo ou patriotismo e até o termo Mocidade caiu em desuso, ficando restrito às escolas de samba ou segmentos jovens de alguns partidos.  Hoje a moda é falar em Geração X, Y, Z e não me surpreenderia se os desfiles voltassem a ser realizados e a gurizada passasse garbosa pela avenida tuitando seus IPads.
Sinal dos tempos,  de modernidade sem volta.  Mas permitam-me curtir minha nostalgia, de um tempo em que o grande dissabor do menino que um dia fui era desfilar com o surrado terno domingueiro.

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