Não resisto e vou dar minha opinião sobre o affair
David Coimbra x Paulo Sant’Ánna: os dois
tem razão e nenhum tem razão. Briga de
cachorro grande é assim e, em verdade vos digo, já testemunhei -ás vezes apartei - muito enfrentamento de
superegos. Por mais de 20 anos trabalhei
com as principais prima-donas do rádio e da tv
e nada mais me surpreende.
Dia de divulgação de escala era dia de guerra, de
choro e ranger de dentes na disputa dos melhores espaços nas transmissões. Dia pós-jogo também era dia de guerra, de
disputa de opiniões e de contraditórios não aceitos.
Certa vez precisei retirar com rapidez um dos
contendores da sala antes que recebesse uma máquina de escrever nas fuças. Faz tempo, como se vê. A coitada da máquina acabou espatifada no
chão. Tudo porque um havia contrariado a
opinião do outro. Em outra ocasião, durante um Grenal, os contendores deixaram a
cabine para ajustar as contas lá fora no corredor. Só não chegaram as vias de
fato porque se deram conta do ridículo da situação. E voltaram à cabine onde se
debicaram pelo restante da transmissão.
O que está em jogo nesses duelos de egos titãs é a
briga pelos melhores espaços, a primazia da opinião, a necessidade de ser
reconhecido, um tanto de preferência clubista interferindo e uma grande dose de insegurança, que pode ser
traduzida assim: “Se a minha posição é contestada é porque ela pode parecer
frágil, então preciso reagir à altura”.
Pronto, tá feita a confusão.
E para isso vale tudo, especialmente em se tratando
de adjetivos, vide os que o Sant’Anna tem usado contra o David e vice
versa. Interessante notar e isso é uma
característica de tais desavenças é que nunca o adversário é citado, mas todo
mundo sabe de quem se trata. Não deixa de ser divertido. Também não falta quem se solidarize com um e
outro e os que colocam mais lenha na fogueira.
No caso do Sant’Anna e do David não torço para
ninguém. Tenho afinidades com ambos, que
fizeram parte da afamada e momentaneamente desativada confraria da Caveira Preta e considero-os
os mais rodrigueanos dos nossos cronistas, tanto pelas temáticas de seus textos
como pelo estilo, com aquele viés de dramaticidade, sem contar que os dois são tricolores como o
grande Nelson Rodrigues.
Em reconhecimento aos dois companheiros prefiro acreditar que a batalha
da ZH é expressão do lado menos genial dos contendores, algo passageiro, embora
reconheça que uma boa controvérsia exige talento e perspicácia, o que não falta
nem a um nem a outro. E vamos combinar: o conflito, a divergência, o contraditório,
esse é o sal da vida. Só não exagerem, rapazes.
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