Lá se foram camisas puídas de tanto uso e só estavam nesse
estado deplorável porque eram as preferidas. Minhas queridas camisas azuis
quadriculadas, que lástima. Junto foram aqueles sapatos confortáveis que, de
tão usados, já deixavam a desejar na pisada e nem suportavam mais um trato do
engraxate. Não sei se ocorre igual com
vocês, mas independente do numero de peças de vestuário e calçados disponíveis,
a gente acaba usando sempre os mesmos e os mesmos sempre. Vá explicar.
A papelada é o que
merece ainda uma atenção especial porque ainda há muito para ser descartado.
Mas a cada descoberta nas inúmeras caixas e pastas instala-se a dúvida: será
que não vou precisar disso mais tarde? Mania de jornalista que ainda não
enveredou para os arquivos digitais.
E o que fazer com aqueles objetos que um dia representaram
afeto e atenção? Retornar as origens é
preciso, que é a forma de desapego pelo que não quer valer, como no verso de
Clarice Lispector. O que sobrar vai para
a coleta seletiva, que não tem o mesmo apelo poético, mas fazer o quê?!
“Afinal, se coisas boas se vão é para que coisas melhores
possam vir. Esqueça o passado, desapego é o segredo”. Voto com o relator, que
seria o grande Fernando Pessoa. E se não for, assino embaixo assim mesmo.
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