O saudoso Evaldo Gonçalves, patrono da Confraria da Caveira Preta, usava uma frase curta e exclamativa para expressar sua perplexidade diante de alguns acontecimentos nos anos 90: “Que fim de século!”. Aproveito o mote para registrar a minha perplexidade com os fatos que marcam a arrancada de 2012: “Que início de ano!”.
Já nem falo dos desastres naturais provocados pela chuva no Rio e em Minas e da estiagem no amado Rio Grande porque isso tem sido recorrente, mas no que tem figurado no noticiário de forma patética, bizarra ou perturbadora, beirando o inverossímil.
O que foi o absurdo desse naufrágio na costa italiana? Como explicar que um navio com toda a tecnologia disponível assuma sua versão Titanic e, pela decisão de um único homem, provoque dezenas de vítimas? É absolutamente inacreditável que o comandante, a propósito de homenagear ex-companheiros, tenha levado um transatlântico do tamanho de três campos de futebol e 114 mil toneladas, com mais de 4,2 mil pessoas a bordo, a apenas 150 metros de uma costa rochosa. Pois, tudo indica que foi isso que a aconteceu.
Abaixo do Equador as notícias não são tão trágicas, mas assim mesmo causam perplexidade, quando não são risíveis, como a do ladrãozinho que roubou o celular “de uns magros” e gravou no aparelho um vídeo narrando, qual um Galvão Bueno matuto, o malfeito perpetrado. Aconteceu em Passo Fundo e o babaca acabou identificado e preso. Já em Teixeira de Freitas, na boa terra baiana, dois presidiários foram descobertos quando tentavam fugir da penitenciária vestidos de mulher. Foram denunciados pelo jeito de andar... Cena de filme pastelão.
E tem ainda os casos das contravenções de trânsito de ministros e deputados, numa onda crescente nesse alvorecer de 2012. A melhor – ou pior? - desculpa ainda é a do ex-sem terra, agora um sem-carteira,o deputado Dionilso Marcon. Flagrado dirigindo com a carteira suspensa por excesso de multas, o sem noção primeiro culpou o PM que o abordou e depois alegou desconhecer que estava penalizado.
E o tal de Enem não cansa dos nos surpreender, mas está se superando neste início de ano. Uma candidata que deixou a prova em branco acabou ganhando nota maior que a mínima, enquanto mais de uma centena de candidatos tiveram que recorrer dos resultados por causa de erros na correção das provas. Pior são as respostas do MEC, sempre com erros gramaticais, às consultas e reclamações dos estudantes.
Nada supera, porém, o BBB como tema polêmico num país que parece não ter outros problemas. Foi estupro, abuso sexual, sexo consentido? Essa é a discussão que mobiliza o Brasil inteiro, por quase uma semana, a propósito de uma transa entre dois participantes (homem e mulher, para deixar claro), após uma festa regada a muito trago. Os oportunistas de ocasião aproveitam para demonizar a rede Globo, responsabilizada por todas as mazelas do Brasil. Todo mundo tem opinião a respeito e o coitado do Veríssimo tem que explicar que não é dele um texto que corre a Internet metendo pau no programa e na Globo. Ah, 2012...
Até a ficção está me deixando atordoado. A minissérie “O brado retumbante” mata presidente e vice da República num mesmo acidente de helicóptero, quando qualquer pessoa medianamente informada sabe que os protocolos de segurança impedem que as duas autoridades sigam nos mesmos vôos. Bem, depois que a Dercy Gonçalves virou puritana em outra minissérie, não duvido de mais nada. Assim vou acabar dando razão ao Previdi (http://previdi.blogspot.com): O fim do mundo está próximo!!!
Inspirado em Papi! Muito bom! Bjão, Flávia.
ResponderExcluir