Tardou, mas não falhou: a Jandira Feijó se apresentou com a tréplica no debate originado pelo texto "Casamentos em risco", publicado aqui no ViaDutra. Confira aí:
Caríssimo Flávio
Teus textos, impecáveis, traduzem com fidelidade esta vocação para enticar – uma palavra que, aliás, remonta a minha infância e me obriga a ver que os anos passaram, mas, felizmente, nem tu, nem eu, perdemos a alma moleque. E já que o tema é a estabilidade dos casamentos, não existe a possibilidade de evitarmos a polêmica. Senão, vejamos.
Garotos adoram implicâncias. Desde cedo vocês se especializam nisto, assim é natural que este comportamento, ao longo do tempo, ganhe novos contornos e se expresse no casamento sob a forma refinada da acomodação e do bullying conjugal.
Quem, a não ser vocês, os meninos, conseguiriam enticar com tal maestria a ponto de transformar as meninas em senhoras rabujentas?
Para ficar no basiquinho, “fazer xixi sem levantar a tampa do vaso, ficar inconveniente depois da segunda cerveja, preferir assistir na TV aos jogos da segundona ao invés do palpitante capítulo da novela, falar mal da sogra e dos cunhados” e se gabar que cozinham melhor e com maior prazer do que as mulheres são meras manifestações da inclinação atávica masculina para enticar.
É óbvio que os homens passam por uma profunda crise de identidade. Já não sabem qual o seu papel na sociedade moderna. E como acreditam que a natureza os definiu como os mais capazes provedores, executores de tarefas nobres (como definir o destino da humanidade), “trazer também palitos e guardanapos” e abrir vidros de conserva, admitam, passa a dar sentido a sua existência.
Ah, mas enticar é preciso! E, como garotos precisam demonstrar que são “os caras”, vocês descobriram um jeito de diabolizar suas dedicadas esposas: vocês enticam e elas rabujam. Quer crueldade maior do que esta? É bullying conjugal, meu caro amigo.
Por fim, um pequeno comentário sobre a conta conjunta. Boas alunas, as mulheres compreenderam logo que a conta conjunta é de fato um problema, por isto, nos casamentos modernos, elas não cometem o erro de compartilhar suas contas com os maridos – uma espécie de vingança contra aqueles extratos mal explicados por esposos de outrora!
Prá encerrar, um “versinho” numa demonstração de que não guardamos mágoas:
“o homem é um diabo,
não há mulher que o negue,
mas todas elas querem
que o diabo as carregue”
Abraços, Jandira
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