domingo, 10 de janeiro de 2010

Fetiches, o retorno

Outro dia confessei meu espanto com o que descobri no Google a respeito de fetiches e fantasias sexuais. Coisas do arco. Quando pensei que já conhecia tudo sobre o assunto eis que minha sempre atenta e diligente assistente Mariana me alcança o último número da revista Void, com uma entrevista de um cineasta neozelandês especialista em bondage, que vem a ser um tipo específico de fetiche, geralmente relacionado com sadomasoquismo, onde a principal fonte de prazer consiste em amarrar e imobilizar seu parceiro ou pessoa envolvida.

David Blyth é o nome do tal diretor, que tem a cara do Gerald Thomas e assina o documentário Trasfigured Nights (Noites Transfiguradas), todo filmado pela internet, que explora o universo de pessoas que se excitam usando roupas de borracha, máscaras e fantasias enquanto conversam via webcam. Segundo a Void, a coisa vai muito além do sexo virtual, pois alguns personagens que aparecem são a Miss Piggy, um senhor barrigudo que usa minisaia e máscara de porca e que dança de forma burlesca. Ou ainda um garoto que usa máscaras e roupas de colegiais japonesas, só que estranhamente deformadas, já que são feitas de papel machê. Outro coloca em média 16 camadas de roupas de borracha, junto com peitos falsos gigantes enquanto se amarra todo em frente à webcam. Não é ficção, garante a revista, e sim um registro de pessoas reais, o que eleva a bizarrice a outro nível.

Ainda chocado com essas revelações, eu que tenho fetiches e fantasias tão simplórias, fiquei mais aturdido quando o cineasta explicou suas relações com uma dominatrix muito famosa na Nova Zelândia. Foi quando eu descobri o que significa dominatrix.

A dominatrix profissional é a que exerce a profissão de realizar as fantasias de clientes submissos. Elas podem também ser dominatrix em seu cotidiano, possuindo "escravo pessoal" sem compromisso profissional. Mas muitas são apenas profissionais, e seguem esse emprego apenas pelo pagamento, sem um real comprometimento com a sub-cultura da bondagem ou sadomasoquismo. Imagina o que deve ter rolado entre o nosso neozelandês e sua dominatrix, conhecida como Madame Lash.

A entrevista é provocativa, tanto assim que uma pergunta questiona o fato de pessoas que são escravas por prazer às vezes são as mesmas que estão no comando nos seus trabalhos no dia a dia. (‘Sobre esses executivos que gostam de ser dominados, de onde vem isso?’). A resposta do sujeito me deixou muito preocupado. “Quanto aos CEOs e pilotos de avião e essas coisas, é que eles precisam sair da posição de quem tem toda a responsabilidade. Quando voce pilota um avião voce tem 300 pessoas a bordo. Quando voce vai a mestra dominatrix, voce consegue deixar essa responsabilidade sair e entrar num outro espaço. Voce tem um incrível alívio sexual e mental (...)”

Meu Deus, pilotos de avião metidos nessa? A que ponto chegamos! Como vamos saber se o comandante que nos saúda cheio de gentilezas a 12 mil pés não é o mesmo que veste roupas de borrachas na frente da webcam ou se submete a sanha de uma dominatrix? As minhas viagens aéreas, pelo menos, não serão mais as mesmas.

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