quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Porcello

 *Publicado em 07/11/2021

Tínhamos  mais em comum, o Porcello e eu, do que o nome Flávio Antônio, a vocação jornalística, a torcida pelo Grêmio e a preferência pela cerveja bem gelada. Nossas afinidades datam dos anos 70 do século passado, quando fomos contemporâneos na Fabico, eu um ou dois anos mais adiantado, mas nos formamos juntos em 1977;  frequentamos os setores da dupla Grenal, ele pela Folha da Manhã eu pela Folha da Tarde, participamos das diretorias renovadoras da Associação dos Cronistas Esportivos, depois nos reencontramos na TVE  em duas oportunidades e passamos a conviver na Confraria 1523 e lá se vão mais de 20 anos de confraternizações e mais de 45 de relação com o querido amigo que perdemos  para essa maldita Covid, contra  a qual lutou bravamente.

 O Flávio Antônio Porcello era múltiplo como profissional, um baita repórter, bom de texto e de improviso; um âncora seguro, o diretor de tv criativo, pesquisador e professor reconhecido por seus iguais e festejado por  seus pupilos, e sempre em busca de novos horizontes na academia, mas para nós, seus confrades de pelo menos uma vez por mês no Bar do Beto, o que  vai ficar é o parceiro animado e participativo nos bons momentos e o amigo solidário a quem precisava de apoio. Era o nosso Polenta, o pai amoroso da Paulinha, que herdou a vocação jornalística dele.  “Quando nos encontramos, os problemas ficam do lado de fora”, escreveu ele no livro sobre a nossa Confraria, cujo complemento do título foi de autoria dele – “uma história de parceria e bom humor”, que é uma boa síntese do que o Flávio Antônio Porcello representava. Vai ser difícil reunir novamente a 1523, talvez isso não ocorra tão cedo e quando  ocorrer  naquela mesa estará faltando ele, com o perdão, festivo Polenta, se fui dramático e meloso demais. Prometo em nome dos outros confrades e confreiras fazermos uma bela celebração e lá pelas tantas erguer um brinde à vida e a quem soube desfrutá-la plenamente  como o nosso Flávio Antonio Porcello. Um abraço fraterno à Paulinha, à mãe dona Maria, à irmã Susana, tão guerreiras nesta agonia,  e a todos os familiares e inúmeros amigos do Porcello, entre os quais me incluo, orgulhoso e já saudoso nestes tristes dias. Perdemos um dos bons. Quando a gente perde um parceiro desse quilate uma parte de nós também se vai.

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