quarta-feira, 10 de novembro de 2021

De volta

 *Publicado em coletiva.net em 08/11/2021

Depois do terceiro aviso coronariano em tão pouco tempo, veio o questionamento inevitável: será  que vale o sacrifício? Por dinheiro? Para se sentir útil e ocupado? Por desfrutar de algum poder? Por acréscimo à biografia? A resposta é não, não e  não, dona Prefeitura.

O que resta de caminhada - e não é tanto e será cada vez menos -, não pode ser desperdiçado nesta quadra da vida naquilo  que não dá  gratificação pessoal,  mesmo que seja importante para terceiros ou para as instituições. É uma visão egoísta certamente, mas nos anos finaleiros o primeiro compromisso é conosco mesmo e com os mais próximos da gente.

Estar harmonizado com seus próprios interesses, mesmo os mais simplórios, é o segredo da tranquilidade e a forma de ser feliz na idade em que tantos  outros prazeres e desafios ficaram para trás.  É tempo de viver plenamente cada momento, até voltar a ser criança de novo. Não se trata de conselhos à la Monja Cohen, nem me tomem por pessimista ou chegado a um drama, mas vida real.

Dito isso, entro em campo novamente produzindo meus textos, recontando histórias, fazendo reflexões em frases de efeito, sempre acrescentando uma pitada de bom humor, porque disso não abro mão. E tem as provocações aos Vermelhos esportivos e aos raivosos  ideológicos de todos os matizes. Agora, vocês vão ter que me aturar de volta  na coletiva.net por culpa da publisher Marcia, que insistiu para que eu marcasse presença semanal aqui, mesmo que fizesse anus dulce no início, quando recebi o convite. Às vezes  banco o difícil, mas comigo sempre tem jogo.

Nada, porém, vai mudar minha rotina diária. Tri vacinado, serei visto caminhando todas as manhãs no calçadão de Ipanema, eventualmente na companhia prazerosa do cronista Nilson Souza e menos eventualmente com o prefeito Melo e a Valéria, que mantiveram seus exercícios na madrugada, que não é mais o meu caso.

Continuarei a dar expediente na Morar, a geriatria da qual sou sócio no Menino Deus e onde cuido das finanças e não dispenso o café bem passado da Vanessa, acompanhado daquele pastel ou de uma bem nutrida fatia de bolo caseiro. Sou apreciador de  uma mordomia e também já vou me preparando para uma vaga futura.

Quando essa maldita pandemia permitir, vou voltar a pleno as minhas confrarias,  quem sabe reunir de novo o que restou da antológica Confraria da Caveira Preta, mas com certeza dar regularidade aos encontros da 1523 no Bar do Beto ou nas churrascadas na sede à beira do Guaíba, uma convivência que resultou no livro “Confraria 1523 –  uma história de parceria e bom humor”, que teve o lançamento postergado várias vezes, também por conta das ameaças do coronavirus.

Com os que me são caro por perto, é assim que espero atingir infinita paz no coração. Acho que mereço.

Sobre os textos aqui publicados, chamo a atenção para meu novo mantra: aceito críticas, mas prefiro elogios. Ah, e viva a volta da Feira do Livro à Praça da Alfândega.

 

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